Santo do Dia, 15 de agosto de 1967
A D V E R T Ê N C I A
O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.
Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério tradicional da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:
“Católico apostólico romano, o autor deste texto se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto, por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.
As palavras “Revolução” e “Contra-Revolução”, são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em seu livro “Revolução e Contra-Revolução“, cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de “Catolicismo”, em abril de 1959.
“No dia 13 de Agosto, em que deveria dar-se a 4ª aparição, os videntes não puderam, por terem sido raptados pelo Administrador de Ourém, ir à Cova da Iria. No dia 15 do mesmo mês, Nossa Senhora apareceu-lhes em Valinhos, local onde se encontravam [há alguma dúvida sobre esta data. A própria Irmã Lúcia não se lembra ao certo: nas Memórias II e IV da Irmã Lúcia, ela diz que foi nestes dias; mas na resposta ao Dr. Goulven opta pelo dia 19, escrevendo à margem: “É ao que mais me inclino, porque para ser no dia 15, teríamos estado só um dia inteiro na prisão; e recordo que estivemos mais”, cfr. Sebastião Martins dos Reis, A Vidente de Fátima dialoga e responde pelas Aparições, p. 43].
Lúcia perguntou: “Que é que Vossemecê me quer?”
Nossa Senhora: “Quero que continueis a ir à Cova da Iria nos dias 13 e que continueis a rezar o terço todos os dias”.
De novo Lúcia pediu a Nossa Senhora que faça um milagre para que todos acreditem.
Nossa Senhora respondeu: “Sim. No último mês, em outubro, farei um milagre para que todos creiam nas minhas aparições. Se não vos tivessem levado à aldeia, o milagre seria mais grandioso. Virá São José com o Menino Jesus para dar a paz ao mundo. Virá também Nosso Senhor para abençoar o povo. Virá ainda Nossa Senhora do Rosário e Nossa Senhora das Dores”.
Lúcia: “Que é que Vossemecê pede que façam com o dinheiro das outras ofertas que o povo deixa na Cova de Iria?”
Nossa Senhora: “Façam-se dois andores: um leva-o tu com a Jacinta e outras duas meninas vestidas de branco. O outro leva-o o Francisco com mais três meninos, também vestidos de roupas brancas. O dinheiro dos andores é para a festa de Nossa Senhora do Rosário. O que sobrar é para ajudar a construir uma capela”.
Por fim, Lúcia disse: “Queria pedir-lhe a cura de alguns doentes”.
Nossa Senhora: “Sim, alguns curarei durante o ano”. E assumindo um aspecto muito triste: “Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, pois vão muitas almas para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas”. E a seguir afastou-se em direção do leste, desaparecendo.
Carta de identidade do Administrador do concelho de Ourém, Artur de Oliveira Santos. Foto: José Manuel Poças das Neves
O primeiro comentário a se fazer dessa aparição é o seguinte: os Srs. veem a afirmação feita por Nossa Senhora de que se os meninos não tivessem sido levados pelo Administrador de Ourém à aldeia, o milagre seria mais grandioso. Quer dizer, estava prometido um milagre para que todos acreditassem, mas o milagre seria menos grandioso, por causa do crime praticado contra essas crianças.
Os Srs. conhecem bem a pressão moral fabulosa que foi exercida contra essas crianças por esse Administrador de Ourém. Portugal estava ainda naquele tempo, na febre da proclamação da república, que se dera alguns anos antes e da implantação da separação da Igreja do Estado, com uma onda enorme de laicismo. E as pequenas autoridades locais, para serem promovidas pelo governo de Lisboa, procuravam manifestar o maior zelo possível na repressão não só de qualquer manifestação monárquica, mas ainda de qualquer manifestação católica.
Com o correr das aparições, esse Administrador de Ourém, que era uma pequena autoridade municipal, resolveu fazer pressão sobre as crianças. E então prendeu as crianças e para fazer com que elas confessassem que tudo não passava de mentira, chegou a essa crueldade: ele mandou chamar as crianças, uma por uma, para morrer. E ele dizia: Lúcia vai ser morta, vocês dois não querem confessar o crime? Não quiseram. Então, vai outra, depois o terceiro. E afinal de contas viu-se que todas as crianças mantinham, ainda que em risco de vida, mantinham a veracidade do que tinham dito.
Nós podemos dizer que então o Administrador de Ourém foi uma coisa providencial, porque a sinceridade dessas crianças transparecia mais em virtude da infame pressão moral que tinha sido feita contra elas. Foi exatamente nessa ocasião, que o Administrador de Ourém fez pressão sobre Jacinta para que ela gritasse: Viva a República. E Jacinta, que era uma criança, não entendia nada, nem de monarquia, nem de república, teve para ele essa resposta negativa: Ora vai tu, bolacha maria; morra a república, viva a monarquia. E resistiram heroicamente até à pressão do martírio.
A Providência permitiu esse fato e dele tirou proveito. Mas vejam os Srs. qual é o poder de uma ação praticada por uma autoridade, ainda que uma autoridade pequena: esse milagre, que era um milagre que deveria ecoar no mundo inteiro e que devia aumentar a crença no que em Fátima ocorrera, esse benefício, portanto, para o mundo inteiro, esse grau a mais para a glória de Nossa Senhora, isso não foi dado e não foi manifestado, por causa do crime do Administrador de Ourém.
Secção no andar térreo da antiga Câmara Municipal onde funcionava a prisão em 1917. FOTO: mediotejo.net (o qual publica suculento artigo a respeito do presente assunto)
Quer dizer, como o poder público tinha cometido um crime contra as crianças amadas por Nossa Senhora, o milagre previsto não se fez. Os Srs. podem por aí imaginar quanto um ato de uma autoridade pública agrava a Nossa Senhora. Os Srs. também podem considerar quanto foi magnífico para a glória de Nossa Senhora, que fossem evitados esses dois pecados tremendos no Brasil: a implantação da reforma agrária e a implantação do divórcio. De quantas vantagens espirituais, de quantas eventuais graças de Nossa Senhora durante a “Bagarre” (um grande triunfo da Igreja e da Civilização Cristã, depois de uma crise, metaforicamente definida na linguagem quotidiana da TFP com esta palavra francesa – cfr. “O Cruzado do século XX – Plinio Corrêa de Oliveira”, Roberto de Mattei, Civilização Editora, Porto, 1996, Cap. VII, n. 10), ficaria o Brasil privado com a implantação dessas leis. E no entanto, disso o Brasil não ficou privado porque Nossa Senhora quis servir-se de filhos dEla para evita-lo.
Outra consideração que merece atenção é a seguinte: Nossa Senhora prometeu que no último mês de outubro Ela faria um milagre para que o povo cresse nas aparições. Esse milagre Ela o deixou para o fim. Por quê? Para a preparação das almas através de toda uma série de aparições, a fim de que pudessem presenciar com fruto o milagre.
Os Srs. veem aí como a Providência toca as almas, com respeito, com cuidado, pedagogicamente. Como a Providência, portanto, pediu a cada uma daquelas almas, que eram frequentadoras habituais das aparições, que fossem correspondendo à graça para que houvesse um ambiente sobrenatural de receptividade capaz de atrair o milagre, de maneira tal que este último era preparado de algum modo pela Providência na disposição das almas.
Por outro lado, considerem como também a Providência queria dessa gente um ato de fé. Não era dizer o seguinte: “eu vou fazer um milagre e depois continua as visões”, mas era preciso comparecer durante uma porção de vezes com sacrifício, num lugar distante, difícil, ermo, sem ter visto um milagre, para depois receber o milagre cabal.
Eis o modo pelo qual tantas e tantas vezes a Providência trata a alma de seus apóstolos: Ela quer que na aridez, na noite dos sentidos, na dificuldade em ver as coisas como são, sem ainda ter recebido as manifestações e as provas cabais, tenha-se dedicação, fé, que se empenhe, que cada vez mais se corresponda ao pouco que se vê. Na medida em que se vai correspondendo melhor, mais se vai vendo, até que o último ato de fidelidade alcance a visão total.
A graça do enlevo é assim também. A pessoa recebe um começo de enlevo. É tocada por essa graça a propósito de um fato, de um acontecimento, de uma expressão de fisionomia, de um acontecimento que ouviu narrar… É interessante notar como a Providência depois tem agido do mesmo modo. A graça vem, a pessoa corresponde um pouco, a graça parece passar, volta de novo, volta mais intensa, a pessoa corresponde mais, a graça volta mais intensa, até chegar verdadeiramente a uma espécie de conversão da alma que foi tocada pela graça do enlevo.
É que Nossa Senhora quer preparar a alma por sucessivos atos de fé em Nosso Senhor, por sucessivas afirmações de generosidade, para depois dar tudo. Faz parte da pedagogia de Nossa Senhora. Ela prepara assim as almas: com pinceladas, por toques, por chamamentos cada vez mais intensos. Ela pede fé para depois premiar com grande certeza e é por essa forma que a alma chega à plenitude da união com Ela. Os Srs. veem, portanto, como todo o modo de operar de Nossa Senhora em Fátima é elucidativo e cheio de ensinamentos para todos.
Depois, então, Ela enuncia o milagre para preparar as almas melhor para o grande prodígio. Ela diz: “Virá São José com o Menino Jesus para dar a paz ao mundo. Virá também Nosso Senhor para abençoar o povo. Virá ainda Nossa Senhora do Rosário e Nossa Senhora das Dores”. Ela ainda não diz qual vai ser o milagre, porque isso não é propriamente um milagre. Isso só as crianças podiam ver e ninguém mais. Ela diz as graças que vão ser recebidas, mas ainda não fala no milagre. Este vai surpreender todo mundo e são as famosas rotações do sol de que os Srs. ouvirão a leitura, se Deus quiser, quando se comemorar a aparição do dia 13 de Outubro.
Mas Ela começa ali afirmando: tais personagens vão aparecer, estimula o desejo das coisas celestes, estimula a apetência do bem e prepara as almas, como uma mãe que diz para um de seus filhos: “você vai ter uma carícia especial de sua mãe, será agradados não só por sua mãe, mas por seu pai e por seu irmão”. Como quem diz: “Haverá uma festa grande da família celeste”. E então anuncia: “Virá São José, virá o Menino Jesus” etc., etc.
E depois os Srs. estão vendo que esse milagre inicia uma espécie de reconciliação hipotética e provisória de Nossa Senhora, porque é uma festa que anuncia. Ela virá, mas com o Menino Jesus. Para quê? Em plena guerra Nossa Senhora anuncia: virá para dar paz ao mundo. Quer dizer, a paz que veio ao mundo raiou da Aparição de Fátima. Ou seja, foi naquela ocasião que se desencadeou uma ação qualquer de caráter sobrenatural e providencial, para que a paz viesse para o mundo. Em segundo lugar diz:” Virá São José com o Menino Jesus para dar a paz ao mundo; virá também Nosso Senhor para abençoar o povo”.
Ou seja, que depois da paz vem a bênção. E finalmente aparece Ela, com duas invocações como que a estimular a piedade dos fiéis. É uma espécie de festa de reconciliação, como quem diz: Eu estou aborrecida, mas eu vou agradar de qualquer jeito e agora fico esperando maternalmente e afetuosamente que o povo fiel atenda esse meu chamado.
Uma aliança está reconstituída. A paz com o povo fiel está refeita também. E Ela fica numa atitude de expectativa para ver o que vai acontecer. Mas ao mesmo tempo filtra uma certa luz. A dor filtra, porque Nossa Senhora suspira e diz o seguinte, assumindo um aspecto muito triste: “rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, pois vão muitas almas para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas”.
Em primeiro lugar vamos registrar a afirmação: vão muitas almas para o inferno. Quem afirma isso é a Mãe da Misericórdia. Ela não afirma triunfante, não afirma alegre, mas afirma com pesar, mas Ela afirma.
Ela dá ao mundo mais uma vez essa mensagem tremenda: muitas são as almas que vão para o inferno. Não se facilite com o inferno! Não se brinque com a cólera de Deus, que está suspensa sobre a cabeça de qualquer um. Pode ser que antes de eu terminar essa frase, eu caia morto, ou caia morto alguém dentro do auditório. E a árvore aonde está aí ela fica, e ela é julgada segundo a posição onde cai. É preciso, portanto, ter medo do castigo de Deus. E ninguém pode dizer que isso é uma teologia superada, que é uma pastoral envelhecida, porque Nossa Senhora diz isso para o mundo, porque era pecador e é um mundo que não é tão distante de nós. E se esse mundo devia ouvir isso porque era pecador, mais deve ouvi-lo o mundo atual, muito mais pecador.
Bem se vê por aí como o anúncio das penas do inferno é indispensável. Mas depois vem a afirmação dEla. Por que acontece isso? É porque não há quem se sacrifique e peça pelas almas. Não é apenas dizer que não há quem peça pelas almas: não há quem se sacrifique por elas. É uma coisa que sem sacrifício não se consegue nada e é preciso fazer sacrifício. Esse sacrifício será grande ou pequeno. Serão os grandes sacrifícios expiatórios. Esses sacrifícios são os pequenos sacrifícios da pequena via, pouco importa. É preciso que cada um crie a via que Nossa Senhora lhe deu e que, portanto, embora oferecendo apenas um sacrifício de pequena via, seja, ofereça-o de fato e ofereça com consciência tranquila.
Mas é preciso fazer sacrifícios. E o primeiro sacrifício que é preciso fazer é a aceitação honesta e leal de todos os sofrimentos que são necessários para a salvação de nossa alma. A salvação de nossa alma traz privações, exige a perseverança na vocação. E a perseverança na vocação exige uma série de sofrimentos grandes e pequenos, de trabalhos, de lutas, de dificuldades, de perturbações, de angústias. Tudo isso é preciso aceitar realmente, sem procurar escamotear, sem procurar não ver o dever como ele é; humildemente, mas honestamente, olhando de frente o dever como Nosso Senhor olhou para sua Cruz. E depois, caminhando de encontro ao dever.
Pedir como Nosso Senhor pediu ao Pai Celeste, pedirmos nós a Nossa Senhora as graças necessárias para carregar a cruz, irmos ao nosso sofrimento e o oscularmos. Quer dizer, eu fico alegre: então é isso que eu tenho que sofrer? Afinal eu me deparei com meu sofrimento!… Afinal me deparei com aquilo que vai fazer de mim uma alma sofredora, ou seja, uma alma útil à Igreja Católica, quer dizer uma alma útil a Deus Nosso Senhor e à causa das almas que Deus quer salvar, uma alma agradável a Deus e parecida com a alma tão saturada de opróbrios de Nosso Senhor Jesus Cristo, do coração coroado de espinhos de Nossa Senhora.
Eu devo caminhar ao encontro desses sacrifícios lealmente, procurando vê-los inteiros, procurando compreender as dificuldades deles, procurando amá-los por completo. E ainda que às vezes aconteça que o peso desmedido deles faça com que eu caia como Nosso Senhor caiu debaixo do peso da cruz, não é pôr a cruz de lado, mas é mesmo gemendo e prostrado no chão pelo peso do sofrimento, continuar agarrado a ela, continuar apegado a ela e a cruz nos levantará.
Não somos nós que levantaremos a cruz, é a cruz que nos levantará. Esse sacrifício, esse sofrimento é sacrossanto. Ele é sofrido em união com a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, com as lágrimas de Nossa Senhora. Ele tem, portanto, qualquer coisa que levaria quase a dizer de “divinizado”: a própria cruz de Cristo que pesa sobre nossos ombros, mais do que se nós carregássemos o Santo Lenho. É esse sacrifício que vamos levantar: é a resignação, o ideal, a serenidade de alma que a ideia de sofrer em união com Nosso Senhor e Nossa Senhora dá, fazem com que dentro em breve caminhemos de novo e continuemos a nossa via sacra. É por essa forma que se salvam as almas, e que se convertem as almas.
E se quisermos ser de utilidade no apostolado, se quisermos ser de uma utilidade atômica, soframos. A prece, a oração e o sacrifício são armas que vencem tudo. Mas o sacrifício sem a prece não adianta nada e a prece sem o sacrifício não adianta também.
Aí está o grande ensinamento de Nossa Senhora e a tristeza dEla com o pouco sacrifício. Esse espírito de cruz, esse espírito sacrifical deve nos alegrar e nos deve distinguir sobretudo por filhos de Nossa Senhora na ocasião da “Bagarre”. A “Bagarre” será uma imensa imolação, será um tremendo sacrifício.
É bem possível que, durante a “Bagarre”, se tenha que correr riscos de vida; que se tenha que suportar sofrimentos inauditos, sofrimentos iguais ou maiores aos que tiveram os combatentes ao longo das grandes Guerras Mundiais. Portanto deve-se pedir desde já a Nossa Senhora que cuide de nossa alma, pedir a Nossa Senhora que dê conformidade e força à nossa alma, de maneira tal que quando chegar a hora dos grandes sacrifícios, estejamos prontos para eles.
O quê é mais necessário para mim? Primeiro compreender o sofrimento, depois admirá-lo, depois amá-lo; depois, com confiança, esperando no auxílio de Nossa Senhora que nunca falta a ninguém, pedir que Ela prepare nossas almas para isso.
Há na Escritura duas frases que me parecem tocantes e que dizem bem como Deus assiste aqueles que resolvem sacrificar-se por Ele.
Uma é: “Deus que põe o peso sobre os nossos ombros, com as mãos por debaixo nos ajuda a carregá-lo”. E a outra que diz o seguinte: “Quando Deus permite que nós adoeçamos, a Providência dEle prepara a cama para nós”. Em outros termos, Deus é solícito e Ele permite a dor, mas Ele cria o consolo, dá força para a alma para continuar a sofrer.
Então, com essa confiança no auxílio de Nossa Senhora para o sacrifício, e considerando exatamente que Ela apareceu sob essas duas invocações de Nossa Senhora do Rosário e de Nossa Senhora das Dores, devemos caminhar nessas comemorações de Fátima desejando cada vez mais que Ela nos dê o espírito de sacrifício.
É interessante observar que Nossa Senhora disse nessa aparição que não havia quem rezasse pelos pecadores e não havia quem sofresse pelos pecadores. Então se entende porque Ela anunciou que apareceria como Nossa Senhora do Rosário e Nossa Senhora das Dores. Nossa Senhora do Rosário é a oração, e Nossa Senhora das Dores é o sacrifício. É um estímulo exatamente para que, pela oração e pelo sacrifício, se lute contra o pecado, contra o nosso pecado, contra os nossos defeitos, e depois contra os defeitos dos outros.
De maneira tal que, quando estivermos prontos para a festa de 13 de outubro próximo, em que devemos consagrar o Grupo ao Puríssimo Coração de Maria, ao Coração Sapiencial de Nossa Senhora, consagração essa que se fará na consagração individual de cada um de nós, possamos nos dar a Nossa Senhora, se não almas já de todo voltadas ao sacrifício, ao menos almas que admirem o sacrifício, que compreendam que não vale nada quem não tem espírito de sacrifício; almas que admirem a oração e compreendam que sem a oração nada se consegue e que por causa disso dão aqueles apóstolos de fogo de Cristo, da Oração Abrasada de São Luís Grignion de Montfort. Quando se lê aquela oração, a gente pensa como pode um homem ser perfeito dessa maneira? E a resposta é: se me derem um homem que reza, se me derem um homem que se sacrifica, eu dou um homem igual a esse.
Então vamos fazer como Nossa Senhora procedeu: Ela ela não quis apenas que aqueles fiéis fossem se preparando para Ela, mas quis que fossem possíveis comemorações de Fátima que levassem ao mesmo objetivo, e no fim uma consagração que fosse o fruto desses meses. Nós estamos numa ação progressiva, como foi progressiva a ação dEla sobre aqueles portugueses que se reuniram lá em Fátima.
Devemos pedir a Ela que vá dispondo nossas almas para que, no momento em que genuflexos na sala do Reino de Maria, quando houver a consagração, esta seja tal que obtenha essa verdadeira maravilha: que de fato nos entreguemos a Nossa Senhora, pertençamos a Ela, não queiramos outra coisa senão pertencer a Ela, para lutar por Ela nos dias tenebrosos da “Bagarre”.