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Plinio Corrêa de Oliveira
Sou Católico: posso ser contra a reforma agrária?
Ed. Vera Cruz - Fevereiro de 1981 |
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ConclusãoDiálogo? Estrondo? – Ação comumAo fim deste estudo, deseja o autor formular algumas palavras de esclarecimento e de esperança. Sem dúvida, o efeito mais imediato do presente livro consiste em abrir os olhos do leitor para a influência nociva que sobre ele possam exercer, quer a leitura do IPT, quer certos ventos que sopram a partir de organismos da CNBB, ou ainda de veículos de comunicação social inspirados pela “esquerda católica”. Com essa atitude, tomada pelo autor não só em nome pessoal, como também enquanto Presidente do Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, o presente livro constitui um marco a mais na luta de meio século, que vem sendo levada a cabo no Brasil – e progressivamente em onze outros países – em defesa da civilização cristã, contra a agressão ideológica, psicológica e política do comunismo internacional. Essa luta, que em seu aspecto positivo importa na apologia e no incremento de três dos valores hoje em dia mais combatidos pelo possante adversário, ou seja, a tradição, a família e a propriedade, se desenvolve sempre – e não podia deixar de ser assim – sob o signo da fidelidade e do respeito. Pois aquela e este são integrantes da tradição cristã a que a TFP se serve. Assim, não se veja no presente estudo uma invectiva contra a CNBB, nem contra qualquer personalidade católica, eclesiástica ou leiga. Divergir de idéias ou de metas não importa em ataque pessoal. É apenas enunciar e justificar seu próprio pensamento, guardando a consideração e a fidelidade devidas a todo membro da Sagrada Hierarquia. Valha pois o presente livro como um cortês convite ao diálogo com quem discorde do pensamento aqui afirmado [1]. É o convite enunciado sem muita esperança de que seja aceito. Pois nestes cinqüenta anos a TFP e o autor deste estudo só encontraram uma oportunidade para o diálogo elevado, franco e cordial. Esta oportunidade, é preciso que se diga, deveram-na a S. Emcia. o Cardeal D. Paulo Evaristo Arns. Circunstâncias infelizes impediram porém que esse diálogo prosseguisse. Talvez se apresente algum dia ocasião para tornar isto público. Fora disso, a TFP – e o autor deste estudo – a cada obra que publicam só têm encontrado diante de si uma alternação de silêncios plúmbeos, simulando desdém, ou de estrondos publicitários carregados tão-só de increpações desprovidas de interesse doutrinário. Tal não impediu, aliás, que o público brasileiro tivesse dado constantemente a esses livros uma acolhida incomum [2]. * * * Tudo isto posto, cumpre acrescentar que o presente livro também importa em cordial e atencioso convite a outro largo setor da opinião nacional. Constituem-no todos os que, por fidelidade à doutrina tradicional da Igreja, por preocupações patrióticas de índole sociológica ou econômica, ou enfim pela defesa de seus legítimos direitos, se opõem à Reforma Agrária reivindicada pela CNBB, bem como à Reforma Urbana com que esta já acena. A esses múltiplos opositores da Reforma Agrária, a TFP convida para que, todos, somemos forças, numa nobre frente única cujos componentes tenham em vista – neste momento crítico da vida do País – tão-só o que nos une nesta matéria, e releguem para um provisório olvido tudo quanto em outras matérias eventualmente nos separe. Queira Nossa Senhora Aparecida, Rainha do Brasil, conceder a esse esforço comum sua proteção inestimável. Com essa súplica fica concluído o presente estudo. Pois a TFP está bem certa de que o êxito dos esforços que assim se coliguem não se conseguirá sem Ela. E também de que, com a ajuda dEla, não há êxito que não se possa esperar. [1] Em sã lógica, a aceitação desse convite deve ser tanto mais cordial quanto mais entusiasta do Concílio Vaticano II seja um católico de esquerda. Pois diz a Constituição Pastoral Gaudium et Spes: “Promovamos no seio da própria Igreja a mútua estima, respeito e concórdia, admitindo toda a diversidade legítima, para que se estabeleça um diálogo cada vez mais frutífero entre todos os que constituem o único Povo de Deus, sejam os pastores, sejam os demais cristãos. O que une os fiéis é com efeito muito mais forte do que aquilo que os separa. Nas coisas necessárias reine a unidade, nas duvidosas a liberdade, em tudo a caridade” (Compêndio do Vaticano II, Vozes, Petrópolis, 10ª ed., 1976, no. 92). E para os Srs. Bispos, o decreto Christus Dominus, preceitua até que tomem a iniciativa desse diálogo: “É principalmente tarefa dos Bispos irem ao encontro dos homens, procurarem e promoverem o diálogo com eles” (Compêndio do Vaticano II, Vozes, Petrópolis, 10ª ed., 1976, no. 13). [2] Os livros difundidos pela TFP alcançam com facilidade várias edições e dezenas de milhares de exemplares vendidos pelos sócios e cooperadores da entidade diretamente ao público.
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