Santa Pulquéria (10/9), virgem, imperatriz do Oriente aos 15 anos, muito devota de Nossa Senhora, conteve os bárbaros e as convulsões internas, ao mesmo tempo que sustentava a ortodoxia

Santo do Dia, 2 de julho de 1967

 

A D V E R T Ê N C I A

O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.

Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério tradicional da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras “Revolução” e “Contra-Revolução”, são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em seu livro “Revolução e Contra-Revolução“, cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de “Catolicismo”, em abril de 1959.

 

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Santa Pulquéria (399-453) foi uma Imperatriz do Império Romano do Oriente no século V.

Diz dela Dom Guéranger, ao lado de São Cirilo de Alexandria:

“Em sua luta contra Nestório, no triunfo da Mulher sobre o antigo inimigo, aparece-nos a admirável figura de uma mulher, de uma Santa, que foi durante 40 anos o terror do inferno, e por duas vezes, em nome da Rainha do Céu, esmagou a cabeça da serpente odiosa”.

“Num século de ruínas, encarregada aos 15 anos da direção do Império, Pulquéria deteve por sua prudência, sua energia, as convulsões internas, enquanto que pela única força dos Salmos divinos que entoava com suas irmãs virgens como ela, continha os bárbaros!”

Os Srs. vejam que coisa linda: Bizâncio, capital deslumbrante, amável, do Bósforo, com as suas grandes catedrais, com seus palácios, com seus estádios, com suas escolas, com seu luxo… em Bizâncio, instalada uma Imperatriz que canta os Salmos com suas irmãs virgens, e que por essa forma rechaça os bárbaros que vão invadir o Império e protege aquele reduto da Cristandade contra toda deterioração. Este coro da Imperatriz com suas irmãs virgens, cantando salmos para a proteção do Império, é um dos mais bonitos episódios que a História possa ter apresentado à consideração humana.

Enquanto o Ocidente agitava-se nas convulsões da última agonia, o Oriente encontrava, no gênio da sua Imperatriz, a prosperidade dos mais belos dos dias, vendo a neta do grande Teodósio consagrar sua riqueza privada, para multiplicar nos seus muros as igrejas dedicadas à Mãe de Deus. Bizâncio aprendia com ela o culto à Maria, que devia ser a sua salvaguarda em tantos dias maus e valeria do Senhor, Filho de Maria, mil anos de misericórdia e de compreensível paciência.

Com efeito, o Império Romano do Ocidente estava caindo, os bárbaros estavam invadindo o Império, mas nos 40 anos do governo de Santa Pulquéria, aquela torrente de bárbaros, por razões que os historiadores nem chegam a afirmar inteiramente, não desceram até Bizâncio, cidade tão rica, ou mais, do que era a cidade de Milão, ou a cidade de Ravena, ou a cidade de Roma, então meias capitais do Império Romano do Ocidente. O Império Romano do Ocidente caiu e o Império Romano no Oriente ainda durou mil anos!

E como diz bem D. Guéranger, foi a proteção desta alta e santa dama, que assegurou mil anos de salvaguarda ao Império Romano do Oriente!

Os Srs. veem que é uma verdadeira maravilha! Santa Pulquéria saudada pelos Concílios gerais como a guardiã da Fé e o sustentáculo da unidade! Os Concílios reconheciam que o poder civil deve intervir para salvaguardar a Fé, coisa que não é tão clara para os teólogos de hoje.

Segundo São Leão Magno [Papa entre 29 de setembro de 440 e sua morte em 10 de novembro de 461, n.d.c.], a parte principal em tudo que neste tempo se fez contra os adversários da Verdade divina, duas palmas estão em suas mãos, duas coroas sobre sua cabeça, diz este grande Papa, porque a Igreja lhe deve a dupla vitória sobre a impiedade de Nestório e de Eutiques, que embora divididos no ataque, visavam o mesmo fim: a negação da Encarnação e do papel da Virgem Mãe na salvação do gênero humano.

Os Srs. estão vendo que ela abalou duas heresias. Num século cheio de santos, ela foi considerada o principal fator para esmagar estas heresias e tem, portanto, alguns aspectos por onde ela nos faz lembrar a Nossa Senhora, que sozinha esmagou as heresias em todo o mundo.

Grande devota de Nossa Senhora, construiu, como os Srs. ouviram, numerosas igrejas a Nossa Senhora em Bizâncio, o que, como bem afirma Dom Guéranger, fez retardar especialmente a queda do Império, porque a devoção à Nossa Senhora é o meio para perpetuar a vida, e para evitar qualquer espécie de morte.

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