Santo do Dia, 4 de junho de 1964
A D V E R T Ê N C I A
O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.
Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério tradicional da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:
“Católico apostólico romano, o autor deste texto se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto, por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.
As palavras “Revolução” e “Contra-Revolução”, são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em seu livro “Revolução e Contra-Revolução“, cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de “Catolicismo”, em abril de 1959.
De uma vida de Santa Margarida Maria Alacoque, em que conta a visão do Sagrado do Coração de Jesus. Essa visão está representada de um modo digno, no teto da Igreja de Sagrado Coração de Jesus, em São Paulo, com Santa Margarida ajoelhada e Nosso Senhor aparece para falar com ela.
“Estando uma vez diante do Santíssimo Sacramento, num dia de sua oitava, eu recebi de meu Deus as graças excessivas de seu amor. Eu me senti tocada do desejo de alguma restituição e de restituir amor com amor. E Ele me disse: ‘Tu não podes prestar um amor maior, do que fazendo aquilo do que Eu tantas vezes te pedi’.
“Então, Ele pôs manifesto para mim o seu Divino Coração, e disse: ‘Eis o Coração que tanto amou os homens e que nada poupou para se esgotar e consumar para lhes manifestar os seus testemunhos de amor. E, por reconhecimento, não recebo da maior parte dos homens senão ingratidões, irreverências e sacrilégios, e as friezas e desprezos que eles têm por Mim nesse Sacramento de Amor. Mas o que Me é ainda mais sensível é que são os corações daqueles que Me são consagrados que procedem dessa forma comigo.
“É por isso que te peço que na primeira sexta-feira da oitava do Santíssimo Sacramento, seja dedicada para uma festa particular para honrar o meu Coração, comungando nesse dia e fazendo uma reparação de honra para reparar as indignidades que Ele recebeu durante o tempo em que foi exposto nos altares. Eu te prometo também que Meu Coração se dilatará para difundir com abundância as influências de seu divino amor sobre aqueles que lhe prestarem essa honra e que procurarem que essa honra lhe seja prestada”.
Cada uma das frases desse tópico é uma verdadeira maravilha. Para compreendermos bem, é preciso notar que Nosso Senhor disse isso num período em que os germens da Revolução já haviam penetrado bastante e o mundo para o qual Ele falou é o mesmo mundo que São Luís de Montfort descreve com frases tão candentes.
Então, compreende-se que era uma humanidade que ainda frequentava os sacramentos, que ainda rezava, mas que estava em plena crise de ingratidão e de tibieza. E é para reparar essa ingratidão e tibieza que Nosso Senhor tem essas palavras: “Eis o Coração que tanto amou os homens e que nada poupou para esgotar, consumar e testemunhar seu amor”.
Com efeito, Nosso Senhor não poupou nada, mas fez absolutamente tudo. Este trecho tem aquele sentido das objurgatórias, dos impropérios da Semana Santa: “Meu povo, o que te fiz, no que te contristei?”
Aqui a mesma coisa: “Eu fiz tudo por vós. Eu me esgotei e consumei para fazer tudo por vós. Entretanto, como reconhecimento, eu não recebo da maior parte senão ingratidões, por suas irreverências e seus sacrilégios, e pelas friezas e desprezos que eles têm por Mim nesse Sacramento de Amor”.
É uma coisa tremenda! Mas é na própria Eucaristia, que é a manifestação mais extrema do amor de Nosso Senhor, ali mesmo Ele não recebe senão friezas e sacrilégios. Isso naquela época em que a Revolução já estava bem adiantada.
“Mas o que Me é mais sensível, é que os corações que Me estão consagrados façam assim para comigo”.
Os “corações consagrados” já sabemos que são os do clero, dos religiosos, das religiosas que por seu estado de vida ligaram-se mais a Ele e que O machucam mais especialmente. Podemos incluir as almas que Nosso Senhor chamou para um apostolado muito especial que, embora sem voto, pediu que se consagrassem a Ele de modo muito especial, e que procederam muitas vezes para com Ele dessa maneira.
“É por isso que te peço que na primeira sexta-feira após a oitava do Santíssimo Sacramento seja dedicada uma festa especial para honrar Meu Coração. E comungando naquele dia lhe façam uma reparação de honra, para reparar as indignidades que sofreu no tempo que estava exposto nos altares”.
O fim especial é esse: como Ele é muito injuriado no tempo em que é exposto nos altares, no tempo em que aparece para nos fazer bem, então fazer uma reparação especial por essas injúrias. A recompensa que Ele dá: “Eu te prometo que meu Coração se dilatará para difundir com abundância as influências de seu Divino Amor entre aqueles que lhe prestarem essa honra”.
Se quisermos que as influências do amor de Deus, ou seja, a graça se acenda em nós, o fogo do amor de Deus se faça sentir, se nos sentimos tíbios, se nos sentimos sem amor para a causa ultramontana, se queremos crescer na vida espiritual, há uma promessa: comungando nas primeiras sextas-feiras teremos a recompensa que as influências do amor de Deus se farão sentir sobre nós. Para os que fizerem um esforço para que essas honras também sejam prestadas pelos outros, alcançaremos nós as influências amorosas do Sagrado Coração de Jesus.
Como é que isso pode ser feito condignamente? Há uma sensação de desânimo que nos assalta quando pensamos nisso: eu me apresentar diante de Nosso Senhor para fazer uma coisa condigna dEle? Quem sou eu para fazer algo condigno com Ele? O verdadeiro é fazer isso por intermédio do Imaculado Coração de Maria.
Pedir a Nossa Senhora que se associe a nós, que seja o canal desse ato reparador em nosso nome, como se fosse nosso. E então prestaremos a Ele um culto perfeitíssimo, sem mácula, sem jaça, que pode ser aquele de uma reparação.
Resumindo: oferecer nossa comunhão ao Sagrado Coração de Jesus, por intermédio do Coração Imaculado de Maria, com a intenção especial de desagravar as ofensas que o Santíssimo Sacramento recebe quando está exposto no altar. E pedir, sempre por meio de Nossa Senhora, a graça do amor de Deus que deva restaurar a nossa alma.
As promessas do Sagrado Coração de Jesus, que foram dadas a Santa Margarida Maria, são as seguintes:
1) Todos aqueles dedicados e consagrados ao Coração de Jesus não pereceriam jamais.
Isto é uma promessa de valor infinito, porque é a promessa de nossa vida eterna. Quem tiver essa devoção jamais perecerá.
2) As almas tíbias se tornarão fervorosas e as fervorosas se tornarão perfeitas.
Confesso que considero a primeira parte do prodígio muito maior do que a segunda, porque, que uma alma fervorosa venha a tornar-se perfeita, tem-se visto, mesmo porque a gente só se torna perfeito – via de regra – quando se é fervoroso. Mas que o tíbio se torne fervoroso, isto para mim é mais difícil do que mover uma pirâmide do Egito com o dedinho. A tibieza é uma forma de atoladeiro, é uma desolação, uma abominação e uma tristeza que, sem milagre, não tem andamento. E isto é exatamente uma promessa para aqueles que forem devotos do Sagrado Coração de Jesus.
3) Os apóstolos do Sagrado Coração terão a arte de tocar as almas as mais endurecidas.
Vejam que magnífica promessa para uma época cheia de manias de ofícios de apostolado. Fala-se em tanta eficácia de apostolado. Quem é que tem esse dom de tocar as almas mais endurecidas? Quantas coisas no mundo estariam mudadas se houvesse almas capazes de tocar os corações endurecidos! Como seria fácil, por meio da prática dessa devoção e da devoção ao Coração Imaculado de Maria, conseguir isso! E, muitas vezes, se lamentamos que nosso apostolado não corre tão depressa, devemos atribuir isso ao fato de não estarmos unidos ao Sagrado Coração de Jesus e de Maria. Que coisa genialmente bem inventada! Desde que essa devoção nasceu, foi odiada…!
Os Srs. se lembram daquele bispo de Pistóia, último Geral da Companhia de Jesus, antes da extinção da Companhia pelo Papa Clemente XIV, que fez pintar um quadro de si mesmo, que colocou no salão nobre do próprio palácio (isto no século XVIII), em que ele era apresentado rasgando uma estampa da Sagrado Coração de Jesus…!
4) Difundirá com abundância suas bênçãos em todos os lugares em que for colocada e honrada Sua Imagem.
É derramar bênçãos e derramar bênçãos abundantes, para isto bastando honrar a imagem do Divino Coração. Isto é um aviso para nossa capela.
5) Reunirá as famílias divididas e protegerá e assistirá aquelas que estivessem em alguma necessidade e que se dirigissem a Ele com confiança.
Isto que se diz das famílias, diz-se ainda mais das famílias de almas, para se obter unidade para nossa família de almas. Não apenas essa unidade que significa ausência de briga, mas uma união cada vez mais profunda.
6) Difundirá a suave unção de sua ardente caridade sobre todas as comunidades que O honrarem e se colocarem sob Sua especial devoção. Que afastará todos os golpes da Divina Justiça para repô-las em graça quando estiverem decaídas.
7) Promete, na excessiva misericórdia de Seu Coração, que seu amor todo poderoso concederá a todos aqueles que comungarem nas 9 primeiras sextas-feiras de 9 meses em seguida, a graça da penitência final, não morrendo fora do estado de graça e sem receber os Sacramentos, e seu Divino Coração será seu silo seguro no último momento.
Os senhores veem que são promessas, cada uma mais magnífica que a outra. São promessas inconcebíveis e tão fáceis de obter…
Sugiro, para nossa capela, que tenhamos, num quadro pequeno, essas promessas bem apresentadas, para os que forem lá rezar poderem vê-las com facilidade.
Foi-me colocada aqui também palavras do Sagrado Coração a Josefa Menendez, em 8 de junho de 1923:
“Abre-Me tua alma e deixa-Me entrar, porque sou Eu mesmo que te purificarei. Despoja-te de tudo, a fim de nada guardares de teus desejos, de teus gostos, de teu julgamento. Depois, submete-te inteiramente à vontade dAquele que tu amas. Deixa-Me fazer de ti o que Eu quero e não o que esperas. Deves chegar a esse ponto de Minha vontade, que a Minha vontade, em ti, seja a tua. Quero ver a submissão total e a união de teu querer ao Meu querer e ao Meu bel prazer. Tu me destes todos os direitos a isso pelo teu solene voto de obediência. Se as almas compreendessem que jamais elas são mais livres do que quando se entregarem inteiramente assim a Mim, e que jamais estou mais disposto a realizar os desejos delas do que quando querem fazer a Minha vontade”.
Aqui está. Se queremos, a bem dizer, governar Deus, é deixarmo-nos governar por Ele. É fazer todas as Suas vontades, que Ele fará as nossas.