Auditório São Miguel, 1º. de fevereiro de 1985
A D V E R T Ê N C I A
O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.
Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:
“Católico apostólico romano, o autor deste texto se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto, por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.
As palavras “Revolução” e “Contra-Revolução”, são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro “Revolução e Contra-Revolução“, cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de “Catolicismo”, em abril de 1959.
“Nunca se é pouco quando se é dirigido por Nossa Senhora”. Por que não pedir a Ela que nos ilumine para indicar o que devemos fazer para “a maior glória de Deus”?
Em conferência (de 1° de fevereiro de 1985) de encerramento de Simpósio de jovens neo-cooperadores da TFP brasileira, Dr. Plinio Corrêa de Oliveira responde ao pedido para tratar sobre o que é a vocação.
A respeito do quadro de Nossa Senhora do Bom Conselho no Colégio São Luís, ao qual ele faz referência, pode ser consultado um breve e substancioso artigo aqui.
Meus caros, eu estou entendendo, pelo silêncio que se fez, que é para falar mesmo a respeito da vocação. O que dizer a respeito da vocação? Qual é o papel da vocação nas vossas jovens vidas? O que é que a vocação representa?
Quem tem minha idade comete o erro de pensar que os senhores viveram muito pouco tempo, que a vida dos senhores é vazia, só teve brincadeira, só teve diversão etc., etc., e que no momento presente, na idade em que os senhores estão, tudo não é senão prazer e despreocupação. Mas, eu bem sei que isto é ilusão daqueles que já há muito tempo passaram por essa idade, e que se esqueceram de como a idade é, porque os senhores estão entrando na vida, estão começando a achar a vida ao mesmo tempo atraente, grande, mas uma espécie de mamute enorme, uma espécie de elefante colossal no qual não sabem como montar. E quando tiverem montado não sabem como guiar, os senhores não sabem o que fazer para dirigir a sua própria vida. Não sabiam, antes da vocação, nem bem exatamente o que queriam. E muitos dos senhores sentiam uma espécie de vazio interno, uma incógnita, um desconhecido, uma pergunta: no final das contas, por que eu? Para que eu? Aonde é que vou? O que eu tenho que fazer? Como é que eu tenho que me dirigir? Por que tenho que ser bom? Por que não posso ser mau? Por que tais coisas agradáveis eu não posso fazer? Por que tais coisas desagradáveis eu devo fazer? Qual é a razão dessas regras?
Me dizem: Você tem que ser rico, por isso você tem que trabalhar muito. Vale a pena trabalhar muito para ser rico? É tão cacete trabalhar um pouco! Estudar um pouco já é tão cacete, não será que vale a pena a gente levar uma visa mais folgada e não ser muita coisa, mas viver com sombra, sapato largo, água fresca e jornal de letra grande?
Depois, no total, será possível que nós tenhamos que fazer tanto esforço para ir para frente na vida? Será que de repente não tiramos uma loteria, será que não acontece uma coisa boa de repente para nós e nós vamos para frente sem esforço? Por que fazer o esforço? E depois, no total, eu, dentro do meu interior, de mim mesmo, eu me sinto só. Eu não se sinto inteiramente compreendido, nem por mim mesmo, nem pelos outros. Tenho amigos, tenho companheiro; passeamos. Eu não confio neles, eles não confiam em mim. Essa roda que hoje é tão amiga, amanhã vai se desfazer. Qualquer coisa nos separará, muita pouca coisa nos une. O que une a nós? O que é o futuro para nós com tudo isso?
Minha alma tem desejo de coisas maiores, minha alma tem desejo de coisas melhores, que eu não sei quais são. Eu tenho desejo, por exemplo, de maravilhas! Que maravilhas são essas que eu desejo? Eu tenho desejo de horizontes grandiosos, eu tenho desejo de realizações prodigiosas, tenho desejo de ar puro e fresco que sopre sobre mim, eu tenho desejo da ventania do imprevisto! Eu tenho desejo do vento daquilo com que não se contava, que é talvez um furacão mas que a gente atravessa e, quando atravessou diz: tufão eu te falei.
Mas, para isso eu preciso ter razões para me entusiasmar. Olho em torno de mim, que entusiasmo há? O que é que me encanta. O que é que me empolga? Tudo mais ou menos igual, tudo mais ou menos trivial, tudo mais ou menos repetido. Televisão, por exemplo, televisão. Há uma expressão francesa que diz: “Quanto mais isso muda, tanto mais fica a mesma coisa”. A gente vê a televisão uma vez, duas vezes, três vezes, no fim é tudo diferente, porque ela nunca se repete, mas a gente tem a impressão de que é a mesma coisa que está se repetindo eternamente. É um nhem-nhem-nhem agitado, sem novidades, sem verdadeiras surpresas, da televisão.
É uma vista, de repente do Estreito de Bering. Logo depois é um episódio de um crime que se passou não sei onde. Logo depois é um campeonato de não sei o que, mas tudo isso que é assim meio chocante, meio surpreendente, acaba sendo que cada surpresa acaba sendo parecida no fundo com a outra surpresa. O que vou fazer de tudo isso? O que é minha vida? Oh! O que é minha vida? O que eu quero? Para onde eu rumo? Que meios eu tenho de encontrar o meu verdadeiro rumo?
Oh! Minha vida!
Assim anda a alma do jovem, ainda mais, como os mais velhos esperam que ele esteja sempre alegre, porque os mais velhos querem se divertir com a cara alegre dele, então, “como vai você, ria que eu quero ver um jovem alegre”, ele nem pode, muitas vezes, se abrir com os mais velhos sobre seus verdadeiros problemas. E nas horas em que ele está andando sozinho no metrô, está andando no ônibus, na hora em que ele se deita na cama e ainda não tem sono, e o filme do dia começa passar na cabeça, e os problemas do dia de amanhã também vem, amanhã tenho tal coisa cacete, tenho dentista, por exemplo, que coisa cacete o dentista! Tenho, sei lá, ginástica, que coisa cacete ginástica! Tenho, sei lá, aniversário na casa de um parente cacete também, mas tenho que ir com cara alegre, porque em aniversário a gente vai de cara alegre. Então na entrada, antes de tocar a campainha, já vou sorrindo. Tenho colégio!
(Burburinho na sala.)
Tenho estudo! Amanhã vai sair o boletim… (risos). E eu tenho que mostrar o boletim para papai e para mamãe. Hora saluta; hora necessária, mas horas ás vezes de incerteza: que nota vou tirar e que cara ele vai fazer para a nota que eu vou tirar? Ai, quanta coisa! Como a vida é dura! Ainda bem que o sono vem macio e o meu enjolras afunda na cama e dorme até o dia seguinte …
No dia seguinte ele acorda, e, cansado de tanta monotonia, ele pula da cama e começa viver. Ao cabo de pouco tempo ele estará se perguntando: por que corro? Por que me agito? Por que estou vivendo? O que é isso? Não pensa mais na coisa, muda de assunto. De vez em quando as mesmas idéias voltam. E vai se definindo na cabeça do enjolras um certo vazio. E esse vazio acaba tendo essas duas perguntas fundamentais: o que eu sou, o que eu devo fazer, para onde eu vou? Há um rumo marcado para mim na vida? Qual é esse rumo dentro do imenso caos do mundo contemporâneo?
Há um determinado momento em que os enjolras é abordado na rua. É abordado por outro enjolras. E esse outro enjolras lhe diz: Quer me dizer que horas são?
Não sei, o enjolras puxa o relógio eletrônico pequeno que tem nesses bloquinhos de nota, e diz: Tantas horas.
Ah! Você vai tomar que ônibus?
Tal.
Começa uma conversinha. A gente conversa um pouco porque tento faz falar como ficar quieto, conversa um pouco. O inesperado companheiro puxa uns assuntos, trata de umas questões, depois nos convida para ir á Saúde, para visitar á Saúde, num Domingo. E a gente que acha os Domingos da gente, às vezes divertidas e ás vezes cacetes, num Domingo mais cacete resolve ir à Saúde. Não consegui companheiros para o passeio ou consegui uns companheiros que não estão atraindo, quer mudar!
Toca a campainha, vai para a Saúde. Nem é preciso, porque não precisa tocar campainha, o jardinzinho da Saúde está regurgitando de outros enjolras. Entra e começa o contato com a TFP.
No contato com a TFP, a gente ouve falar de coisas de que nunca ouviu. Ouve falar de repente de Carlos Magno, como de um grande homem. Um enjolras primeiro assim, nem ouviu bem se é Carlos Magno ou se é Carlos Magro … (risos) Ele ouve, digo, ele vê murais com propagandas de castelos, castelos muito bonitos que ele nem sabe o que é que são, nem porque foram construídos, mas são tão bonitos! O castelo de Chenonceaux, construído em cima de uma ponte e que está perpetuamente se mirando no luar. A Abadia de S. Michel, no alto de um monte, com um arcanjo de ouro, que é tocado pelo vento. Ele vê fotografias da velha Europa, ele vê fotografias da jovem América do Sul, com outros enjolras da mesma idade levando um estandarte por todos os lugares do Brasil, por todos os lugares do mundo hispano-americano; no Polo Sul, como no calor do Equador, e junto à selva amazônica, ele vê tudo isso e é um mundo novo que acaba se abrindo para ele.
A melhor luz deste mundo novo é no momento em que, quem está fazendo a reunião diz: bem, agora a reunião vai interromper um pouco para tomarmos lanche, ou qualquer outra coisa assim, e vamos rezar.
Rezar? Rezar? Mas como rezar?
Já começou a Ave-maria. O enjolras pergunta: como é bem essa Ave-maria? Ele acompanha os outros: Santa Maria Mãe de Deus, rogai por nós pecadores agora e na hora de nossa morte, amém.
Santa Maria, Mãe de Deus… como é bonito isso, hein? Mãe de Deus? Mas alguma coisa no meu coração diz que é mãe minha também. Eu não sei o que tem que eu me sinto mais tranquilo dizendo Santa Maria, Mãe de Deus, eu me sinto mais tranquilo. Eu não estou com consciência muito tranquila, mas olha o que vem depois:
rogai por nós pecadores.
Eu estou na lista (risos)…, mas veja só: rogar por nós. Quer dizer que Ela é tão boa, que Ela reza por nós pecadores. É natural, Ela é nossa Mãe. Se é Mãe de Deus é mãe nossa, Ela reza por nós pecadores. Uh! Mas que achado, hein! Eu encontro uma mão alva, branca como a neve, a mão da Virgem das virgens que se estende para mim para me levantar do charco onde eu estou.
(Exclamações e aplausos).
“Agora”, ih!! Que bom! Eu exatamente agora estou precisando de tanta ajuda, nesse momento, agora, para hoje, para amanhã, eu tenho uma porção de ajudas. Eu fiz uma prova escrita no colégio, quem sabe se Ela me ajuda para o professor não ver meus erros… Eu fiz qualquer coisa em casa e posso receber um pito, quem sabe se dá um jeito de mamãe não descobrir. Agora, agora, agora, minha Mãe, rogai por mim agora! Minha mãe, eu tenho problemas dentro de minha alma, eu tenho dores, eu tenho desejos, minha Mãe, rogai por mim agora. Resolvei os problemas de minha jovem alma! Resolvei-os agora…
“e na hora de nossa morte”.
Morte? Eu nunca tinha pensado em morte. Eu estou tão cheio de vida que eu imaginei que não pudesse morrer. Então eu vou morrer, é? É verdade, eu já sabia, mas a gente não pensa nisso. É como se não existisse. De repente vem a figura da morte diante de mim. Na hora da nossa morte. Mas como a morte está longe! Como a vida é comprida! Ah! minha Mãe ajudai-me, ajudai-me para transpor esta vida como vós quereis, para morrer como Vós quereis!
Um grande santo do qual se fala muito na Saúde, São Luís Maria Grignion de Montfort comentava no Tratado da Verdadeira Devoção: “talis vita, finis ita”. Tal foi a vida, assim costuma ser o fim. Se minha vida for ruim, o habitual é que eu vá para lugar ruim. O Inferno! O Inferno! Eu agora estou me lembrando de tal pessoa de minha família que vi morta. Estava com um sorriso tranquilo de paz, um sorriso angelical, era uma pessoa que viveu na virtude, morreu na paz de espírito. Quão poucos serão hoje em dia os que vivem assim! Quão pouco serão os que morrem assim! Ah! meu Deus, meu Deus! Depois, eu tenho um primo que morreu no ano passado eu tinha minha idade. Eu, quase cai debaixo de um automóvel outro dia. Sabem por que? Porque sou enjolras e não presto minha atenção nas coisas. Podia morrer. Eu li no jornal ontem o caso de um rapazinho que vinha da escola e que morreu. Será que não acontece comigo? A morte repentina, ai, ai, rogai por nós pecadores agora e na hora de nossa morte!
(Exclamação aplausos).
“Amém”
Amém. Meu professor de catecismo, minha professora me ensinou: amém quer dizer assim seja. Em termos modernos quer dizer: olha, minha Mãe, é para valer mesmo! Terminando Vos peço! Olha, fazei mesmo o que eu pedi! Eu estou mesmo precisando, não se esqueça, por favor! Amém, amém, amém.
Em nome do Padre, do Filho e do Espírito Santo. Pelo sinal da Santa Cruz, livrai-nos Deus Nosso Senhor de nossos inimigos, Amém! Momento de gravidade em que todo mundo está sério, todo mundo está confiante, todo mundo está recolhido. Eu, jovem de 14, de 15 anos, como eu tinha vontade de estar num ambiente onde todo mundo estivesse sério! Onde todo mundo estivesse recolhido, onde eu notasse essa gravidade tranquila que eu estou notando aqui! Que bem isto faz para minha alma! A seriedade, a grandeza! Porque se é tão sério diante da grandeza. Qual é a grandeza? A grandeza de Deus com quem acabo de falar. A grandeza da Mãe dele por meio de quem eu me atrevi a falar com Ele. Oh! Mas que coisa boa. Mas os enjolras já estão se mexendo e todos vão saindo para fora da sala e começam as aclamações, os grupos se dispõem em fila e começam as grandes aclamações.
Eu nunca tinha visto ninguém aclamar nada assim, com esta beleza, isto que vai para o alto: São Miguel que rima com fiel, e daí para diante. Como tudo isso é belo! Esses fados todos falam de uma vida de epopéia, de uma vida de lutas, de uma vida de ideal, de uma vida de maravilha! Eu me sinto andando no meio das nuvens. Ah! Eu estou descobrindo o que eu queria! E, naquela noite, quando eu for me deitar, eu penso um pouquinho: como o próximo Domingo ainda está longe! Como será bom no Domingo que vem, eu volto para a Saúde.
(Exclamação, aplausos.)
Na realidade, já Sexta-feira á noite a gente está alegre, porque a Saúde começa no Sábado. E no Sábado à tarde, a gente já está afiado. Acaba de almoçar, ou antes disso, de manhã, já vai para a Saúde. Por que? Porque sou mais ou menos como um avião, eu estou ao hangar, estou no barracão enquanto não vôo. Para mim viver é sobretudo viver na Saúde, porque ali eu tenho aquilo que minha alma procura.
Eu encontro toda a intensidade de um ideal religioso, do verdadeiro ideal da verdadeira religião, da única Santa Igreja Católica Apostólica e Romana.
(Exclamação, aplausos)
Minha alma transborda de alegria e eu passo a ver todas as coisas de outra maneira. Na escola, na minha casa, em todos os outros lugares onde vou, eu encontro uma oportunidade para fazer o bem, encontro uma oportunidade para amar a Deus, para amar Nossa Senhora, encontro oportunidade para atrair alguém para Deus e para Nossa Senhora. Eu estou alegre, para mim uma nova vida começou: é a vocação que começou em mim.
Que vocação? O que é vocação?
Vocare, palavra latina – latim parece tão pesado – que quer dizer “chamado”. Chamar é vocare. Quem chama? Há um ponto da doutrina católica muito importante que diz o seguinte: sem o auxílio da graça, nós não podemos nem sequer, não conseguimos crer, não conseguimos nem sequer pronunciar piedosamente o nome de Jesus ou o nome de Maria. É a graça que nos chama para a vocação.
O que é essa graça?
É algo da vida divina de que nós participamos pela Fé, e que se alarga em nós algo de divino que começa viver em nós, e que nos diz: meu filho, luta! O mundo inteiro está desabando, os castigos previstos em Fátima estão mais do que nunca ameaçando o mundo, o mundo peca, o mundo ofende a Deus, Nossa Senhora quer ainda, in extremis, ver se salva o mundo. Tu, tu, meu filho, fostes escolhido para ajudá-la nesta tarefa!
(Exclamação, aplausos)
Procura salvar outras almas, procura aumentar esses milhares de pessoas que pelo mundo afora se aglutinam em torno do estandarte da TFP. Minha mãe, com quanta alegria, mas minha Mãe, como nós somos poucos! E a graça nos dá uma resposta no interior da alma: Meu filho, nunca se é pouco quando se é dirigido pela Mãe do Céu.
(Aplausos, exclamações.)
São Miguel Arcanjo, o anjo fiel, o anjo da fidelidade, o anjo da batalha, o anjo da luta e o anjo da vitória, com as cortes sem fim dos anjos de Deus; São Miguel com seus anjos, todos os santos do céu nos ajudam e intervém sempre junto ás almas dos homens para que eles sejam melhores, para que eles progridam, para que eles avancem, para destroçar os homens que são soldados do mal. Eu prometi, meu filho, que no fim meu Imaculado Coração triunfará …
Tu, fase apostolado, tu reza, sacrifica-te! Em certo ponto de tua caminhada tu me encontrarás dizendo: o reino do Sapiencial e Imaculado Coração triunfou
Eu vou mencionar uma última coisa em latim. Não sei se os senhores já conhecem …
… uma frase muito bonita …
… “fugit irreparabile tempus”.
Vamos continuar nosso programa porque daqui há umas duas horas …
(Fatinho! fatinho!)
… esse auditório que daqui há pouco se esvaziará, estará cheio de novo …
(Fenomenal! Aplausos).
… de jovens robustos, até enjolras vem, enjolras veteranos … até enjolras vem, mas também vem homens de idade madura, vem senhoras de idade respeitável, os eremitas de São Bento e PS fazem lindas proclamações, depois eu conto um fatinho e está encerrado o caso.
(Exclamações, aplausos.)
Um fato aqui, no momento, é o fato que é mais simples eu lembrar, é no Colégio São Luís. Eu fui aluno, aliás, com muito proveito para minha alma, eu fui aluno dos padres jesuítas no Colégio São Luís. E, no mês de Maria, mês de Maio é, mês consagrado a Nossa Senhora. E, nesse mês, todos os dias que tinha aula, os alunos iam em fila para a capela, enchiam a capela e entravam rezando. Eu ainda me lembro que era uma música … eu era enjolras novíssimo. Quando eu entrei, eu tinha dez anos do colégio. E entrávamos cantando: Nossa Senhora do Bom Conselho rogai por nós, rogai por nós. Depois de novo: rogai por nós, rogai por nós. Depois cantava em outro sentido: Nossa Senhora do Bom Conselho, rogai por nós, rogai por nós.
É muito simples, mas nós cantávamos isso, alguns por piedade, outros pelo gosto de cantar alto depois de ter ficado tanto tempo com a voz quieta.
E eu, sempre com a voz forte, mas não afinada, não queria cantar muito alto para não estragar o afinamento geral, mas entrava cantando de bom grado. Chegávamos, nos colocávamos diante de uma imagem que tem uma muito bonita história. É um quadro de Nossa Senhora pintado, representando Nossa Senhora com o Menino Jesus no braço.
Esse quadro… é uma coisa aliás singular, mas parece que é pintado sobre vidro, nunca tirei bem a limpo como é isso, mas parece que é pintado sobre vidro. Esse quadro tinha muita expressão e tinha esse histórico mais ou menos o seguinte: quando os jesuítas vinham para o Brasil, no tempo colonial, para evangelizar o Brasil houve um naufrágio, o quadro se perdeu, e quase todos os jesuítas morreram. Mas um padre que estava se afogando, encontrou o quadro, que estava no navio, boiando no mar, e se agarrou ao quadro e boiou por causa do quadro, o que é um milagre. E assim se salvou, chegou ao Brasil. A história é mais ou menos essa.
Os Senhores podem imaginar bem que há muitos anos que eu tive 10 anos, de maneira que eu não conservo bem a recordação do fato.
O fato é que eu tinha aquela idéia de que Nossa Senhora salvava nas situações difíceis. E eu julgava, nos meus 10 anos, já a vida difícil. E então rezava para Ela e rezava com muita atenção pedindo muito. E tinha assim uma certa impressão, no fundo da minha alma que eu não sei bem como ela me dizia: Meu filho eu lhe quero bem e lhe protejo. Tenha confiança em mim é vá andando porque você encontrará seu caminho.
(Exclamação, aplausos.)
Isso me ajudou, por assim dizer, a andar sobre as ondas da vida sem barco, com muitas dificuldades, muitos problemas; eu pensava: Nossa Senhora me ajuda. Olha lá Nossa Senhora do Bom Conselho, vou pedir para Ela me dar um conselho. Não para falar para mim. Eu sei que não vou ter visão nem revelação, mas vou pedir para Ela ajudar meu intelecto para eu encontrar o que eu tenho que fazer, é uma forma de bom Conselho. Vamos rezar, encontrava, tocava para frente.
Rezem que encontrarão e toquem para frente!
Meus caros, o tempo fugiu. Pronto, vamos agora tocar nossa reunião para frente.
Rezem que encontrarão e toquem para frente!
Meus caros, o tempo fugiu. Pronto, vamos agora tocar nossa reunião para frente.