As condições necessárias para que os contra-revolucionários obtenham a vitória para Deus, por Maria

Auditório Nossa Senhora Auxiliadora, 1° de outubro de 1994

 

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São Miguel Garicoits (1797-1863), Fundador dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, mandou pintar no interior da igreja de Nossa Senhora de Bétharram, uma frase de Jeremias: “Malditos os que fazem a obra de Deus com negligência” (Jer. 48,1O). E assim comenta ele este trecho daquele Profeta, aplicando-o à Congregação da qual era o Fundador:

“Qual foi a causa da perdição de Sodoma? O Espírito Santo nos diz: “Foi a ociosidade, a mãe de todos os vícios“. É amaldiçoado aquele que faz a obra de Deus de forma desleixada, “maledictus qui facit opus Domini fraudulenter” (Jer. 48,1O). “Amaldiçoado“, que palavra! E não se trata de um abandono total de seus deveres, mas de negligência em cumpri-los! Muitas vezes, em uma comunidade, isso é um escândalo público. (…) Os filhos do mundo são mais prudentes do que os filhos de Deus; eles têm mais união entre si [“esprit de corps” no original francês], mais zelo pelos interesses da comunidade. O trabalho aqui [na Congregação] é tão variado! Deveríamos descansar mudando nossa ocupação… Saibamos como nos dedicar sob o olhar de Deus, como nos prestar a todas as suas vontades, como contribuir para o impulso de sua graça, em vez de evitá-lo fraudulentamente” (LA DOCTRINE SPIRITUELLE de saint Michel Garicoïts, par PIERRE DUVIGNAU, S.C.J., Beauchesne, Paris, 1949, page 87).

O que São Miguel Garicoits afirmou para sua Congregação, “mutatis mutandis”, com as devidas adaptações é também aplicável a todos àqueles que se dedicam em favor da causa em defesa da Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana e dos restos de Civilização Cristã que existem, bem como para apressar a realização das promessas feitas por Nossa Senhora em Fátima (“por fim Meu Imaculado Coração triunfará”).

Neste sentido, em reunião de 1º. de outubro de 1994 (quase exatamente um ano antes de seu falecimento, que se daria a 3-10-1995), Dr. Plinio Corrêa de Oliveira faz um apelo aos membros da TFP, recordando o exemplo dado por aquele Fundador francês do século XIX, e assinalando a integridade de alma que a Providência pede aos que foram chamados a viverem fazendo a Contra-Revolução.

Já em Santo do Dia de 3-9-1968, o Prof. Plinio afirmava que a pretensão é a grande tentação do contra-revolucionário.

Montagem fotográfica: Santuário de Nossa Senhora de Bétharram (nas proximidades de Lourdes, França), onde se encontram as relíquias de São Miguel Garicoits (1797-1863), Fundador dos Padres do Sagrado Coração de Jesus. CC BY-SA 4.0 <https://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0>, via Wikimedia Commons

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A D V E R T Ê N C I A

Gravação de conferência do Prof. Plinio com sócios e cooperadores da TFP, não tendo sido revista pelo autor.

Se Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras “Revolução” e “Contra-Revolução”, são aqui empregadas no sentido que lhes dá Dr. Plinio em seu livro “Revolução e Contra-Revolução“, cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de “Catolicismo”, em abril de 1959.

 

Se eu tivesse feito essa reunião há quinze dias atrás, a maior parte dos senhores me teria dito, teria pensado consigo: “É, Dr. Plinio dessa vez foi um pouco pessimista. Quem sabe se, nesses quinze dias vai acontecer alguma coisa e tudo muda de jeito?” O otimismo é uma das tendências nacionais mais radicadas.

Ora, o que me parecia era que não ia mudar nada. E que nós estamos de encontro a esse ponto de interrogação, contra o qual nós estamos esmagados como se houvesse atrás de nós uma locomotiva e aí o paredão. A locomotiva andará, andará, andará, até nos esmagar no paredão. No dia que for a surpresa, o que fazer? Só Deus sabe.

Os que nessa hora pertencem à TFP, fazem parte direta ou indiretamente, esses terão uma responsabilidade de consciência tremenda diante de Deus. E eu o digo sabendo que o que eu estou dizendo – eu digo coram domine, na presença de Deus –, e é o seguinte:

Uma coisa não pode ser surpresa, uma coisa é certa e é de um alcance capital. É que a TFP tem que enfrentar essa surpresa – seja ela qual for – repleta, estuante de confiança em Nossa Senhora. [aplausos]

E em segundo lugar, cada membro da TFP individualmente tem obrigação de colaborar para que no momento em que nós estivermos entre a locomotiva e o muro – já estamos tão perto dessa situação – nós possamos ter aquela integridade altaneira e combativa de um Godofredo de Bouillon, de um Rei Balduíno, Leproso, de Santa Joana d’Arc.

Quer dizer, aconteça o que acontecer nós temos que saber bradar: “as vozes não mentiram”. [aplausos e brado: Por Maria! Tradição, Família, Propriedade]

Nós temos que estar mais unidos do que nunca. E se há uma hora em que todos nós devemos perdoar tudo uns aos outros, para comparecer “sicut acies ordinata”,  é essa.

Fricotes, questõezinhas, amores-próprios sobretudo, vontade de aparecer e coisas dessas, sejam malditas entre nós.

Porque estes que levantarem questiúnculas e coisas nesta hora, fariam da TFP o que fizeram de certas cruzadas alguns cruzados. Quer dizer, na hora de aguentar o impacto do adversário ou, coisa muito melhor, na hora de escalar os muros do adversário, eles não avançaram porque tinham questõezinhas: “Essa lança é minha!”, “Não, não é sua”, “Eu vou na frente porque tenho precedência, meus antepassados são mais ilustres que os seus”, “É verdade, mas eu combato melhor que você”.

Não é dizer só que a união faz a força – é uma banalidade – evidente que faz. Mas, principalmente o que tem é o seguinte, dão desunião e se retira Nossa Senhora.

Todos os cruzados desunidos foram cruzados esmagados. É preciso muito notar isso.

E portanto, o que é preciso antes de tudo e acima de tudo é confiança. Confiança, portanto, união com Nossa Senhora e por meio dEla, com o Divino Filho dEla, o Divino Esposo dEla, o Divino Pai dEla, quer dizer, com as três pessoas da Santíssima Trindade.

Depois, é preciso ter uma completa ausência de rivalidades, de coisas desse gênero e uma só vontade: esmagar a Revolução e instaurar o Reino de Maria. [aplausos]

Aqui entra uma questão de vida espiritual: como esmagar esses defeitos, que à primeira vista parecem pequenos porque nos catálogos de pecados mortais, veniais etc., exames de consciência, essas coisas não figuram definidamente como pecados mortais, porque de si não são.

Mas, a questão é que ter um defeito quando não se leva atrás de si sobre as costas o peso da Santa Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, é uma coisa. Outra coisa é ter o mesmo defeito com o peso da Cruz nas costas, aí flectir e não avançar e perder tempo com coisinhas, é profanar a Cruz, é insultá-la e a cair esmagado na luta que se deveria sustentar.

Lembra aí o dito, foi bem lembrado ontem à noite na reunião, daquele bem-aventurado [santo] francês padre Garicoïts que pintou uma frase da Escritura na fachada de um dos prédios da congregação que ele fundou: “Maldito aquele que faz de um modo negligente o trabalho do Senhor – Maledictus qui facit opus Domini fraudulenter” (Jér 48,10).

Meus caros, eu estou aqui à disposição, se alguém quiser me fazer uma pergunta eu sou todo ouvidos.

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