Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

Cuba e o submarino

 

 

 

Agência Boa Imprensa - ABIM, 1ª quinzena de julho de 1992

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Se há um reduto revolucionário no mundo atual onde a bandeira comunista parece insultar os raios do sol com sua presença, esse reduto é Cuba. 

Um pouco por toda parte, os comunistas ficaram estarrecidos e desconcertados com a espetacular degringolada do bloco soviético. Um bloco, contudo, que certa mídia macrocapitalista sempre timbrou em apresentar como o segundo império internacional, depois dos Estados Unidos. 

Ora, o constatar que a Rússia soviética, essa nação de infelizes maltrapilhos reduzidos à vagabundagem pela mais cruel das tiranias, de repente se pulveriza, representou um baque psicológico espantoso para os comunistas no mundo inteiro. 

Entretanto, é um fator de alento para todos eles ver que na pequenina Cuba, ainda arde uma Tróia comunista, irradiando para as três Américas os seus malfazejos eflúvios eletro-políticos. 

A Ilha-Prisão das Antilhas, porém, está imersa no caos. Castro parece estar com "falta de ar" e a única saída possível para a sua delicada situação é o apoio propagandístico que lhe venha do exterior. Caso contrário, sua situação junto ao colosso norte-americano parece inexplicável. 

Nesse sentido, caravanas faceiras de forâneos não têm faltado para lhe dar o indispensável respaldo. 

Ainda recentemente alegres próceres da esquerda católica brasileira, como Frei Betto, Frei Boff e quejandos lá estiveram. 

Fazendo coro com ecologistas e tribalistas, esses homens-show da teologia da libertação entregaram-se à mesma lenga-lenga de sempre, cujos termos são mais ou menos os seguintes: 

– "Em Cuba, vive-se feliz. Lá há miséria, é verdade. Mas qual é a diferença entre miséria e pobreza? E, no total, uma suportável pobreza não será melhor do que o consumismo? Ou, pelo menos, não será um mal menor, uma vez que não se obriga as populações a trabalhar tanto, para produzir tanto? O ócio que essa situação acarreta não terá lá os seus atrativos? E isso não será melhor do que a escalada vertiginosa da civilização de consumo?" 

Não podendo fazer outra defesa da Ilha-Cárcere, seus propugnadores entregam-se a essas desajeitadas defesas do miserabilismo. E pouco se incomodam de, por essa forma, concorrerem para que ali se perpetuem as brutalidades, as inclemências e os crimes do comunismo staliniano, fracassado no Leste europeu. 

Tudo isso não obstante, o melhor proveito da presente situação cubana para os interesses do comunismo internacional, ainda acaba sendo aquele de porta-bandeira. 

Só para comparar, afigure-se leitor um submarino, no qual o periscópio, ademais de sua função ótica exercesse também outra, à maneira de escafandro, sendo responsável pela introdução do ar no interior da nave. 

Pois bem, Cuba, de momento, representa o papel desse periscópio hipotético. Em meio à tripulação comunista sub-aquática, imersa nas águas da miséria, minguada, desanimada e asfixiada à vista do naufrágio do comunismo russo, ela introduz o ar nesses pulmões. De maneira que, se eles ainda respiram é porque Cuba respira. E isso é de muito grande alcance.


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