Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

Federação Urais-Lisboa

 

 

 

 

"O Jornal", Rio de Janeiro, 10 de maio de 1972

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Se quisermos formar idéia exata do presente curso dos acontecimentos na França e na Alemanha, precisamos fazer abstração, até certo ponto, das piruetas e das contra-piruetas tão contraditórias dos partidos de esquerda no primeiro daqueles países. Precisamos também não nos deixar impressionar pelos aspectos secundários – de natureza pessoal ou regional – da crise alemã. As linhas mestras dos sucessos mais facilmente se podem discernir se olharmos estes do ponto de vista, indiscutivelmente mais amplo, dos entusiastas de uma Federação européia dos Urais até os Pirineus, ou talvez até Lisboa.

O plebiscito francês e as eleições em Baden-Wurtemberg devem ter deixado singularmente desapontados os partidários dessa idéia. Com efeito, para que venha ela constituir-se é necessário, de início, aglutinar as nações européias em blocos de importância média, para, numa segunda etapa, fundi-los num só todo. Nenhum outro caminho é viável. Pois se já é tão difícil ajustar num bloco a "Europa dos Dez", é impossível pensar na formação direta da Pan-Europa sem qualquer etapa intermediária.

O bloco oriental já está formado. Nasceu das imposições soviéticas e das fraquezas ocidentais em Yalta. Trata-se, agora, da formação do outro bloco, o ocidental.

Cabia ao plebiscito francês encaminhar as coisas neste rumo, mostrando o apoio popular dado à "Europa dos Dez" pela nação tida como mais pan-europeista. Caso a eleição de Baden-Wurtemberg provasse o apoio popular à política de Brandt, prepararia, por sua vez, a futura aproximação dos dois grandes blocos, o ocidental, em formação, e o oriental.

Nos estritos termos do formalismo jurídico, dir-se-ia que o resultado do plebiscito francês favoreceu a futura Federação européia, já que a maioria votou "sim". E em Baden-Wurtemberg, pelo contrário, a vitória da oposição representou um claro revés da Europa Federal.

Mas, salta aos olhos que também o resultado do plebiscito francês mostra o nenhum entusiasmo da maioria dos eleitores – abstencionistas ou hostis – em relação à "europa dos Dez". E objetivos imensos como o da Pan-Europa não se podem alcançar com um governo eleitoralmente minoritário como o alemão, ou com maiorias reticentes como a francesa. Necessitam eles de apoio caloroso de fortes maiorias, ou do entusiasmo "místico" de pequenas minorias irresistíveis. Ora, com nada disto conta o pan-europeismo, cujos melhores adeptos são frios utopistas de gabinetes.

A Pan-Europa parece, pois, encalhada por muito tempo. E isto alegrou muitos observadores.

Argumentam estes que a História mostra que os Moloch jamais fizeram a felicidade de ninguém. Nem o faria este novo Moloch, tanto mais que nasceria do conúbio absurdo de dois mundos fundamentalmente heterogêneos, o nosso e o do comunismo. A mim me parece que eles tëm razão...


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