Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

A Nota da Semana

Ainda o Apelo dos Católicos

 

 

 

 

"O Século", 24 de abril de 1932

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O programa do partido social-nacionalista, elaborado pelas correntes que estavam em dissídio, na política mineira, vem trazer uma feliz consagração aos conceitos emitidos no recente apelo aos católicos, divulgado pela imprensa desta capital.

Enquanto, em São Paulo, elementos dos mais representativos na vida política e social do Estado empunham resolutamente a bandeira da Fé, para arvorá-la no cume da organização política brasileira, os mineiros, tradicionalmente apegados ao Catolicismo, reivindicam energicamente o ensino religioso, como um dos direitos imprescritíveis da consciência religiosa do País.

No Ceará, por sua vez, a Legião Cearense do Trabalho luta com denodo pela recristianização do País, e colhe de sua ação resultados cada vez mais promissores.

No Rio de Janeiro, o Governo Provisório inflige mais uma derrota ao laicismo de 1891, concedendo aos religiosos o direito de votar.

No Rio Grande do Sul, onde já de há muito se faz sentir a influência discreta mas eficaz do Arcebispo D. João Becker, sabemos que os elementos católicos, longe de se suicidarem na inatividade, estudam os meios mais seguros para o triunfo de seus ideais religiosos.

Por todo o Brasil, sopra o mesmo vento de renovação espiritual que levantou, como um só homem, todos os católicos de nossa terra, quando se verificou a célebre questão religiosa suscitada pela maçonaria, no tempo do Império, contra os mais legítimos representantes do Episcopado Brasileiro.

É a voz do Brasil católico que começa a se fazer ouvir através das fendas abertas no velho edifício laicista do País, com a mesma veemência ansiosa de reparação e de justiça, com que se fariam ouvir os prisioneiros longa e injustamente detidos no fundo de uma masmorra, desde que lhes fosse permitido pleitear à luz do sol os seus direitos iniquamente violados.

A esta voz, que eloqüentemente se fez ouvir através do apelo dos católicos paulistas, não é lícito que os católicos permaneçam indiferentes.

A condenação de Nosso Senhor Jesus Cristo se fez com a cumplicidade principal de três personagens: um traidor, que O vendeu por ganância, um déspota que O condenou por crueldade, e um funcionário romano que O abandonou por fraqueza.

É a conjunção destes três sentimentos, que se opõe constantemente ao triunfo da Igreja de Jesus Cristo.

Os inimigos declarados do Catolicismo são os Herodes que não recuam diante das piores iniqüidades, para satisfazer seu ódio implacável contra o Filho de Deus.

Os católicos que hesitam em tomar partido, declaradamente, denodadamente, desinteressadamente, honestamente, em prol da Igreja, são os Judas que O vendem e imolam à sua ambição. O que não se tem feito por trinta dinheiros ou por um prato de lentilhas?

Os católicos que não querem sacrificar sua comodidade e sua tranqüilidade para se colocar ao serviço da Igreja, quando contra esta se erguem seus mais encarniçados e tremendos inimigos, são os Pilatos, eternamente réus da exprobação e do desprezo da humanidade, sibaritas indolentes que preferem consentir na mais revoltante das injustiças, a ter – uma vez na vida, ao menos – um gesto de energia verdadeira.

É principalmente a responsabilidade tremenda dos crimes e pecados por omissão, que se ergue atualmente em face de nosso país.

Saberá o Brasil reagir enfim contra o ópio fatal de sua indolência multisecular? Saberá sacudir o jugo avassalador da inércia, para voar em defesa dos seus ideais religiosos?

Se não o fizer, estará consumada sua ruína. Se o fizer, estará salvo.

E temos motivos para esperar que o fará.


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