"O Século", 25 de setembro de 1932
A Nota da Semana
Plinio Corrêa de Oliveira
Merecem especial registro as declarações do bravo Ribeiro de Barros, relativamente às dificuldades que encontrou em conseguir o seu regresso ao Brasil.
Segundo informou aquele aviador, é quase insuperável a dificuldade em conseguir câmbio para o dinheiro brasileiro. Interrogado sobre a causa deste fato, um banqueiro francês lhe explicou que a campanha comunista, desenvolvida no Brasil pelos elementos mais representativos da facção ditatorialista, torna insegura a estabilidade da ordem social e vacilante o crédito brasileiro.
As declarações do referido banqueiro se revestem de um valor todo especial, atendendo-se a que os bancos estrangeiros mantêm por toda parte um serviço de informações admiravelmente organizado e capaz de esquadrinhar a vida de uma nação, nas suas mais secretas minudências.
De mais a mais, um banqueiro estrangeiro é, em geral, um mero espectador imparcial dos acontecimentos políticos que aqui se desenrolam, o que dá ao seu depoimento o valor de uma prova irrefutável.
Vêm muito a propósito as informações que nos trouxe Ribeiro de Barros, pois que mostram claramente a realidade do perigo comunista no Brasil.
Há quem suponha que tal perigo, inteiramente irreal, foi apenas uma arma política nas mãos dos revolucionários da ala esquerda. Os elementos católicos teriam feito deste simples instrumento político um espantalho, e com isto contribuído para perturbar, sem razão, a tranqüilidade pública.
Para os que assim raciocinam, rebeldes às duras lições que lhes têm ministrado os fatos, é especialmente oportuna a declaração de Ribeiro de Barros, que lhes há de arrancar as últimas ilusões sobre a aparente estabilidade da ordem social no Brasil.