Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

A Nota da Semana

 

 

 

 

 

 

"O Século", 28 de agosto de 1932

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Já é tempo de cuidarmos das consequências de nossa vitória, uma vez que ela se aproxima cada vez mais, de acordo com os comunicados oficiais.

Há quem nutra o receio de que, uma vez conhecida em todo o Brasil a eficiência de nosso aparelhamento de defesa, comecem a surgir adesistas da última hora, sedentos de repartir conosco as delícias do triunfo, embora não tenham participado conosco do pão amargo da luta.

Tais adesistas, retirando em seu proveito as vantagens que deveriam caber aos verdadeiros defensores dos ideais vitoriosos, são os mais terríveis adversários de toda a regeneração política e social.

Nós católicos, que, mais do que ninguém, temos concorrido para a vitória com nosso sangue, com nossas fortunas e com nossas dedicações também devemos impedir que adesistas de última hora procurem roubar ao movimento armado de São Paulo o verdadeiro caráter que lhe deram seus iniciadores, e em virtude do qual estes contaram com o apoio da população.

Não significa isto que queiramos atualmente todos os credos religiosos e todos os partidos políticos, que romper a perfeita harmonia que liga acorreram pressurosos em defesa da Ordem. [Nota do datilógrafo: Há um lapso tipográfico de evidente inversão de palavras neste parágrafo. Eis como parece a correta sequência das palavras: Não significa isto que queiramos romper a perfeita harmonia que liga atualmente todos os credos religiosos e todos os partidos políticos, que acorreram pressurosos em defesa da Ordem]

Significa apenas que, no momento da vitória, a cada qual deve ser distribuída uma parte correspondente ao esforço que prestou, e aos sacrifícios que ofertou para a vitória do ideal comum.

A imensa maioria dos paulistas é católica. Católicos são em via de regra os inúmeros soldados que ofereceram à Pátria o sacrifício de seu sangue. Católicas são as mães, as esposas e as irmãs que generosamente ofereceram seus entes mais queridos, em benefício da Constituição. Católicas são as criancinhas que, expostas ao perigo da orfandade, murmuram uma prece para que Deus proteja seus pais. Católicas foram as gerações passadas, que acumularam em São Paulo todos estes tesouros, todas estas riquezas, todas estas preciosidades, que atualmente vemos mobilizadas em benefício de nossa causa.

É à Religião Católica, que a massa de nossa população está recorrendo, para buscar nos consolos da Fé o lenitivo para seus pesares. É nas suas promessas de vida futura, que o soldado haure as forças necessárias para o supremo sacrifício de sua vida. É a confiança na proteção Divina, que dá a tantas esposas e mães a força suficiente para resistir às tristezas de uma tão longa separação. É a confiança na proteção da Virgem Aparecida, que anima toda esta população, mantendo-lhe constante o entusiasmo e a dedicação, sejam quais forem os sacrifícios que ela de nós exigir.

Se tanto sangue, tantas lágrimas e tantas preces confiantes não tiverem, no momento da vitória, uma compensação condigna; se a cegueira positivista conseguir, profanando a memória dos mortos e os mais sagrados sentimentos dos vivos, afastar de nossas instituições o catolicismo, a quem somos devedores de quanto fomos, de quanto somos, e de quanto seremos; será então o caso de erguer contra o Brasil de hoje até mesmo a revolta das gerações passadas, fraudadas nas tradições que nos legaram, e nos sentimentos religiosos que as inspiraram. Debout, les morts!


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