Plinio Corrêa de Oliveira

 

Papa Bento XV: os princípios da

Revolução Francesa continham a suma

dos ensinamentos dos falsos profetas

 

 

 

 

Auditório Nossa Senhora Auxiliadora, Santo do Dia, 24 de junho de 1994

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A D V E R T Ê N C I A

Gravação de conferência do Prof. Plinio com sócios e cooperadores da TFP, não tendo sido revista pelo autor.

Se Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras "Revolução" e "Contra-Revolução", são aqui empregadas no sentido que lhes dá Dr. Plinio em seu livro "Revolução e Contra-Revolução", cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de "Catolicismo", em abril de 1959.



Continuação da leitura do livro "Nobreza e elites tradicionais análogas nas Alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana" (págs. 207 a 209):

Apêndice II - A trilogia revolucionária

Liberdade, Igualdade, Fraternidade:

falam diversos Papas

6. Os princípios revolucionários de 1789 continham a suma dos ensinamentos dos falsos profetas

Alocução de Bento XV por ocasião da promulgação do decreto sobre a heroicidade das virtudes do Bem-aventurado Marcelino Champagnat (*), em 11 de julho de 1920: Bento XV ao promulgar o decreto sobre a heroicidade das virtudes do Bem-aventurado Marcelino Champagnat (*), em 11 de Julho de 1920, pronunciou a alocução da qual extraímos os seguintes trechos:

(*) O Bem-aventurado Marcelino José Bento Champagnat, fundador da Sociedade dos Irmãos Maristas, nasceu em 20 de Maio de 1789, faleceu em 6 de Junho de 1840, e foi beatificado por Pio XII em 29 de Maio de 1955.

 

"Basta considerar os princípios do século XIX para reconhecer que muitos falsos profetas apareceram em França, e a partir daí se propunham difundir por toda a parte a maléfica influência das suas perversas doutrinas. Eram profetas que tomavam ares de vingadores dos direitos do povo, preconizando uma era de Liberdade, de Fraternidade, de Igualdade. Quem não via que estavam disfarçados de cordeiros `in vestimentis ovium'?

"Mas a Liberdade preconizada por aqueles profetas não abria as portas para o bem, e sim para o mal; a Fraternidade por eles pregada não saudava a Deus como Pai único de todos os irmãos; e a Igualdade por eles anunciada não se baseava na identidade de origem, nem na comum Redenção, nem no mesmo destino de todos os homens. Eram profetas que pregavam uma igualdade destrutiva da diferença de classes querida por Deus na sociedade; eram profetas que chamavam irmãos aos homens para lhes tirar a ideia de sujeição de uns em relação aos outros; eram profetas que proclamavam a liberdade de fazer o mal, de chamar luz às trevas, de confundir o falso com o verdadeiro, de preferir aquele a este, de sacrificar ao erro e ao vício os direitos e as razões da justiça e da verdade.

"Não é difícil compreender que esses profetas vestidos com pele de ovelha, intrinsecamente, quer dizer, na realidade, tinham de aparecer como lobos rapaces: `qui veniunt ad vos in vestimentis ovium, intrinsecus autem sunt lupi rapacis' [aproximam-se de vós com peles de ovelha, mas na realidade são lobos rapaces].

"Não é de se maravilhar que contra tais falsos profetas devesse ressoar uma palavra terrível: `guardai-vos deles!', `attendite a falsis prophetis'.

"Marcelino Champagnat ouviu essa palavra; entendeu também que não tinha sido dita só para ele, e pensou em tornar-se o eco dela junto aos filhos do povo, que via serem os mais expostos a cair vítimas dos princípios de 1789, devido à própria inexperiência e à ignorância dos seus pais em matéria de religião ....

"`Attendite a falsis prophetis': eis as palavras que repetia aquele que almejava deter a torrente de erros e vícios que, por obra e graça da Revolução Francesa, ameaçava inundar a Terra. `Attendite a falsis prophetis': eis as palavras que explicam a missão que Marcelino Champagnat abraçou; palavras que não devem ser sepultadas no esquecimento por quem quiser estudar a sua vida.

"Não deixa de ter interesse a comprovação do facto de que Marcelino Champagnat, nascido em 1789, foi destinado a combater, na sua aplicação prática, precisamente os princípios que tomaram o nome do ano do seu nascimento, e depois obtiveram triste e dolorosa celebridade.

"Para justificar a sua obra, ter-lhe-ia bastado continuar a leitura do Evangelho de hoje, porque um simples olhar sobre as chagas que os princípios de 89 abriram no seio da sociedade civil e religiosa, patenteariam como aqueles princípios continham a suma do ensino dos falsos profetas: `a fructibus eorum cognoscetis eos'....

"Ao incremento das casas dos Pequenos Irmãos de Maria [Irmãos Maristas], e à boa orientação dos jovens nelas acolhidos, coadjuvou sem dúvida Nossa Senhora, por meio de uma imagem que apareceu, depois desapareceu, e finalmente foi de novo encontrada. Verdadeiramente maravilhoso foi aquele primeiro incremento, só explicável pelo sucessivo aumento, também tão extraordinário, que antes do décimo lustro da sua fundação, cinco mil religiosos do novo Instituto davam sadia instrução a cem mil meninos espalhados por todas as regiões do orbe.

"Se o Venerável Champagnat tivesse adivinhado, com profética luz, tão admirável efeito, lamentar-se-ia certamente do excessivo número de meninos que ainda permaneciam sumidos nas sombras da morte e nas trevas da ignorância, e teria deplorado, mais ainda, não ter podido impedir melhor o nefasto desenvolvimento da perniciosa semente espalhada pela Revolução Francesa. No entanto, um sentimento de profunda gratidão a Deus, pelo bem realizado pela sua Congregação, tê-lo-ia obrigado a dizer que, assim como dos péssimos frutos do ensino de alguns profetas contemporâneos seus, se deduzia a sua falsidade, assim o amadurecimento dos bons frutos da sua obra mostravam a bondade dela: `Igitur ex frutibus eorum cognoscetis eos'" (*).

(*) "L'Osservatore Romano", 12-13/7/1920, 2ª ed.

* Uma análise condensada a respeito da trilogia da Revolução Francesa

Os senhores acabam de ouvir, como está dito, um trecho de uma alocução do Papa Bento XV, quer dizer, um papa de um reinado curto. Ele sucedeu imediatamente a São Pio X, ele foi eleito Sumo Pontífice, portanto, logo nos tristes alvores da Primeira Guerra Mundial e o seu reinado durou – se eu não estou enganado – mais ou menos até 1924-25. Depois morreu.

Por desígnio da Providência tocou – no exercício do supremo magistério e do Sumo Pontificado – que ele proclamasse as virtudes heróicas e a santidade do Pe. Marcelino Champagnat.

A congregação religiosa que este fundou é a congregação dita dos Maristas, que tem, como está dito aí, casas religiosas mais ou menos por toda a parte. Em São Paulo teve – não sei se ainda tem – um colégio muito grande lá pela Vila Mariana, que funcionou – ao menos no tempo em que eu tinha isto debaixo dos olhos e podia observar – largamente, com muitos frutos, etc.

Mas por que é que isto vem a propósito do livro que nós estamos comentando?

Os senhores não ouviram aqui um trecho do livro, os senhores ouviram uma citação colhida no livro, mas que é mencionada por mim, apresentada por mim para servir de apoio a uma outra coisa, que em certo momento eu digo e que aqui de momento não me lembro mais qual era.

Eu me lembro bem que esse documento me caiu nas mãos e que eu utilizei com muito contentamento, porque é um papa, Bento XV, que fala, e esse papa está falando com autoridade pontifícia. Ele não está falando de maneira a engajar a infalibilidade papal, mas é o que se chama um documento do magistério ordinário e supremo dos papas, e, portanto, merecedor de toda a nossa reverência, toda a nossa aceitação, etc.

Ora, esse documento diz uma coisa que, condensada assim, eu não vi em nenhum outro documento pontifício.

Os senhores devem notar que eu li um número considerável de documentos pontifícios para escrever certos livros que publiquei. Assim, por exemplo, para escrever o "Em Defesa da Ação Católica" eu li toda a coleção da Bonne Presse, que são nove ou dez volumes de documentos pontifícios. Eu os li inteiros.

* Por que não foram difundidos os documentos pontifícios de Pio IX?

São os documentos que vão de Leão XIII até Pio XI. Foi nesse período que a Bonne Presse publicou a integridade dos documentos pontifícios até então. Lamento muito que os documentos de Pio IX não tenham sido publicados.

Por que não pôr Pio IX nesse conjunto? Eu também não sei. Ele teve um pontificado muito longo, foi dos mais longos pontificados que houve na história da Igreja – um pontificado, aliás, glorioso, foi um papa contra-revolucionário no sentido vigoroso da palavra – e poderiam, portanto, as obras dele ter sido colecionadas e publicadas junto com essas. Ou pelo menos poderia haver um, dois ou três livros com documentos de Pio IX.

Eu tenho procurado por toda a parte e em nenhum lugar encontrei. Já digo isso para os senhores perceberem o trabalho da Revolução.

Pio IX combateu especialmente os movimentos revolucionários que nasceram com a Revolução Francesa e que se propagaram muito largamente durante o reinado dele. Era natural que ele os combatesse vigorosamente e é provável que ele tenha documentos excelentes neste sentido. Então a conclusão é: não publicar esses documentos, abafá-los.

Os senhores prestem atenção, procurem nos livros que os senhores folhearem quais são os papas citados. Os senhores encontrarão citação – como se fosse uma palavra de ordem, que não veio da Santa Sé, mas de alguma outra fonte – sempre de Leão XIII em diante. De vez em quando vem uma citação de um papa muito antigo, ainda dos alvores da Idade Média, ou mesmo dos Tempos Modernos, quer dizer, os tempos que vão do Protestantismo até à Revolução Francesa, mas do período específico de Pio IX eu duvido que os senhores encontrem alguma citação. E se for uma citação, ela diz mais ou menos o que diz a generalidade dos documentos pontifícios.

Então, este documento que está aqui é um verdadeiro tesouro, e eu quis que ele ficasse posto nas mãos dos meus leitores para que eles pudessem citá-lo, etc.

Na realidade, porque quem leva uma vida de discussão e de polêmica, vamos dizer, por exemplo, alunos em escolas superiores ou secundárias, em que o assunto da Revolução Francesa ou do Comunismo, enfim, de qualquer coisa que diga respeito à Revolução, entra em linha de conta facilmente, aqui nós temos uma verdadeira resenha do que a Santa Sé diz dos princípios Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

* A radicalidade da trilogia revolucionária Liberdade, Igualdade, Fraternidade

Os senhores com isso podem exercer um apostolado contra-revolucionário frutuoso pelo seguinte:

A Liberdade, Igualdade e Fraternidade são uma fórmula que mais ou menos todo o mundo já ouviu, e que todo o mundo tem a idéia surrada e admitida como verdadeira sempre de que é uma forma muito boa, muito simpática, e que enuncia verdades muito benfazejas. Os senhores estão vendo, na realidade, o que é que enuncia.

Bento XV faz uma distinção. Ele toma as palavras no seu sentido próprio e mostra como elas enunciam erros doutrinários gravíssimos. Depois mostra como de fato a aplicação desses erros na vida produzem efeitos ruinosos, efeitos que levam à destruição da sociedade civil.

Notem uma coisa curiosa, [que] é uma das teses que ocupam um papel muito atuante nos pensamentos da TFP e nos escritos emanados de fontes da TFP:

O princípio de que se bem que Liberdade, Igualdade e Fraternidade foram enunciados pelos revolucionários franceses com referência especial à sociedade civil, eles entendiam esses princípios como aplicáveis a tudo, querendo estender essas três máximas às suas últimas conseqüências até ao fim do caminho. Esta era a intenção deles.

Isto traria como conseqüência a Revolução Comunista.

* Combatendo a trilogia Liberdade, Igualdade e Fraternidade, no fundo combate-se o comunismo

A tal ponto o Comunismo estava contido nessas máximas, que quando a Revolução Francesa chegou ao auge de sua exacerbação e estava produzindo as máximas mais indignadas, mais chamejantes, no momento em que ela estava, por assim dizer, ao mesmo tempo, morrendo e dando os seus gritos mais fortes, no fim da Revolução Francesa um revolucionário comunista – não havia comunistas antes disso, a não ser em certas seitas protestantes –, um revolucionário francês, Babeuf, entendeu que ele deveria tomar uma posição especial diante desses princípios e mostrar até onde eles iam. E ele se encarregou de lançar um movimento comunista francês que era – segundo ele dizia, e com razão – a aplicação desses três princípios.

Portanto, combatendo esses princípios – Liberdade, Igualdade e Fraternidade – acontecia que Bento XV de fato no fundo estava combatendo o comunismo.

Eu vou analisar um pouquinho esse documento para os senhores perceberem a riqueza que contém, a utilidade que os senhores podem tirar para a sua ação desse documento.

Não seria fora de propósito que algum dia – não digo de nenhum modo que seja para já, é quando couber – os senhores publicarem no "Catolicismo" um comentário desses documentos com notas de pé de página. Aí os senhores vêem o que é a realidade das coisas.

* A dualidade de políticas lamentável com que a gente se depara

Tanto mais quanto acontece – e por aí os senhores vão ser postos diante do fato de uma desoladora imprudência – que os senhores vão ver depois, de acordo com outras citações que eu dou nesse livro, papas subseqüentes a Bento XV, inclusive João Paulo II, fazerem o elogio formal da fórmula Liberdade, Igualdade e Fraternidade. A mesma fórmula da qual Bento XV teve expressões tão severas, não merecidamente severas.

Os senhores me dirão: "Mas, Dr. Plinio, são papas que estão então em desacordo? E onde é que vai parar então a autoridade pontifícia com isto? O senhor está se dando conta da gravidade do que é que o senhor está dizendo?"

Eu me dou perfeitamente conta disso e vem uma explicação disso dentro do livro. Não vou perder muito tempo tratando da questão, digo uma palavra só sobre isso.

É que essas palavras, Liberdade, Igualdade e Fraternidade, podem ser entendias num sentido inócuo, porque são palavras escorregadias. É como a palavra adorar e outras muitas do vocabulário humano. É normal que o vocabulário humano tenha palavras assim. Deve-se fazer um certo esforço para impedir que essas palavras fiquem muito freqüentes, mas não se deve querer eliminá-las do vocabulário humano, porque faz parte das contingências dessa vida que o vocabulário humano tenha palavras assim. Mas nós pagamos com isso os efeitos do pecado original, e neste caso nós vemos até onde esses efeitos vão.

De momento eu apenas digo que Liberdade, Igualdade e Fraternidade podem entender-se também num sentido propício. Mas o sentido em que essas palavras eram tomadas de fato pelos que propagavam o lema, este sentido é um sentido que merece inteiramente o comentário de Bento XV. Digo mais: se Bento XV ainda fosse mais longe, ele ainda diria verdades mais rutilas a respeito desses erros. Ele julgou não dever ir além de onde ele foi, mas poder-se-ia ir mais longe.

* A política de "não ceder para não perder" mantém as barreiras altas e firmes como as muralhas de um castelo medieval

Então nós vemos a dualidade de políticas lamentável com que a gente se depara. Política de "ceder para não perder", que é de pegar o lema falso e procurar dar-lhe uma interpretação boa. A política de "não ceder para não perder", que pelo contrário mantém as barreiras altas e firmes como as muralhas de um castelo medieval, que, portanto, estão dispostas a toda a espécie de resistência.

Não sei se isso que eu disse até agora está suficientemente claro. Estando, nós vamos prosseguir.

Os franceses, como os senhores sabem, têm muito espírito e esse espírito freqüentemente é sarcástico. A República francesa no século passado fez uma emissão de moedas. Hoje o dinheiro que há é apenas papel moeda, as moedas mesmo quase não existem, mas no século passado elas ainda tiveram uma larga circulação.

Moedas de ouro, por exemplo, moedas de prata, aqui no Brasil Império circulavam largamente. E até o povo preferia ter moedas de papel do que moedas de ouro e de prata. Vamos dizer, por exemplo, quinhentos mil-réis seriam quinhentas moedas de ouro, então é mais fácil carregar cinco notas de cem mil-réis do que um saco com quinhentas moedas de ouro. Então o povo começava a preferir a moeda de papel.

A moeda de ouro, de prata também, às vezes eram moedas mais ordinárias de cobre e de metais menos preciosos, mas afinal de contas também tinham uma larga circulação.

Na República Francesa eles fizeram uma moeda que em uma de suas faces tinha o número que indica o valor da moeda e na outra face tinha um desenho com pretensões artísticas, um desenho muito comum: la semeuse, a semeadora.

Então é um campo raso – tudo cunhado em ouro ou em prata – e uma mulher meio gorduchona, com uma aparência assim de uns trinta e tantos anos, com o famoso barrete frígio que os senhores já devem ter visto e que é um símbolo da República.

A título de curiosidade, os que já viram e identificam o barrete frígio levantem o braço para eu ter uma idéia. É o auditório quase inteiro.

* A Revolução usurpou para si o vermelho, mas nós, como reivindicação, o arrancamos às mãos deles

Aquele barrete frígio vermelho, porque o vermelho é a cor da Revolução. De fato, é a mais bonita das cores a meu ver, mas a Revolução usurpou esse vermelho. Nós o temos como reivindicação nossa, arrancada às mãos deles. Mas, enfim, seja como for, um barrete frígio vermelho e uma túnica grande que chega até aos pés. Ela está com uma coisa à maneira mais ou menos de um saco, é um pano que está amarrado à maneira de um avental a ela e que tem assim uma concavidade e há sementes. Ela então está semeando sobre um campo que se percebe que está preparado para a semeadura.

Em cima, num semicírculo, está escrito: Liberdade, Igualdade e Fraternidade, que são as palavras dessa máxima péssima. Depois, em outro semicírculo, completando o semicírculo, tem essas palavras: "Je sème a tout vent". "Eu semeio" ou "ela semeia", não me lembro bem como é, "em todos os ventos".

Quer dizer, o camponês quando semeia, joga a semente; quando joga a semente, ele joga a todos os ventos, e o vento leva a semente para onde quer, em certas formas de cultura.

Isto queria dizer que a República semeava Revolução. A Revolução da qual os senhores sabem que é gnóstica e igualitária, ela semeava essa Revolução a todos os ventos. É o que está no fundo da idéia.

* O modo pelo qual o povinho monárquico fazia sarcasmo da moeda simbólica da Revolução Francesa

Mas para fazer entender que se tratava de um lema e não de uma frase, o governo da República mandou pôr Liberté e um ponto, Égalité um outro ponto, e Fraternité um outro ponto. Ponto em francês se diz point. Então: Liberté point Égalité point Fraternité point. A palavra point manobrada dessa maneira no francês... [Vira a fita] ... não tem nenhuma cultura.

Então, Liberdade nenhuma, Igualdade nenhuma, Fraternidade nenhuma. Era o modo pelo qual o povinho monárquico fazia sarcasmo da moeda simbólica da Revolução.

Isto é apenas um parêntese, mas eu creio que é frutífero nós fazermos uma releitura para eu fazer notar aos senhores a força contra-revolucionária dessas palavras de Bento XV. Mas com o efeito dos senhores utilizarem isto nas coisas que escrevem, procurem citar nas conversas etc.

* Os Irmãos Maristas foram fundados para combaterem os princípios da Revolução Francesa

Antes de cessar eu termino apenas pedindo atenção dos senhores para este fato:

O que Bento XV diz do Pe. Marcelino Champagnat, nascido como ele declara no próprio ano em que explodiu a Revolução Francesa, isto é, em 1789, é que ele teve a intenção de fazer um instituto para formar as famílias do povo no espírito contra-revolucionário, tomando em consideração que os revolucionários procuravam especialmente arrastar para a Revolução a classe popular que poderia ter uma revolta, não justificável, mas compreensível, com outras classes mais altas.

Se na Igreja não houvesse umas certas máquinas de abafamento, qualquer pessoa saberia que o Instituto Champagnat, que o Colégio Marista, etc., era feito para combater na alma dos alunos a Revolução Francesa. Porque para dizer que é para extirpar do povo, é para extirpar do povo na alma dos alunos, é uma coisa evidente. Não é para fora esse apostolado. É uma congregação docente, o apostolado dela se exerce sobretudo sobre os alunos que ela toma para formar.

Seria uma onda contra os institutos maristas colossal e, por certo, eles haveriam de sofrer tentativas de fechamento, haveria estrondos contra eles, haveria tudo. Vivem em paz, não há nada contra eles. Por quê? Eles também não cumprem mais - em via de regra - a missão que destinou o fundador...

Quer dizer, a missão era combater principalmente isto: a Revolução Francesa. Então o efeito, a meta deste ensino era fazer com que os alunos conhecessem as normas da Revolução Francesa, o espírito da Revolução, a história da Revolução, e fossem apóstolos contra-revolucionários.

* Se a TFP tivesse um instituto de ensino, este não podia ser outro senão o combate aos princípios da Revolução Francesa

Se a TFP tivesse um instituto de ensino, o seu ensino não podia ser outro do que esse.

Eu tenho impressão que a maior parte dos alunos hoje em dia ignora completamente esta finalidade.

Dr. José Fernando foi aluno dos maristas. Talvez possa dizer. Provavelmente havia uma palavra ou outra contra a Revolução da parte de um professor ou outro de vez em quando. Talvez nem isso, não é?

* "É preciso compreender que nós estamos em plena luta e que eu não escrevo livros apenas acadêmicos"

Então os senhores estão vendo aqui que ao publicar esse documento – tão escondido e, portanto, tão nocivo aos nossos adversários, escondido por eles, porque é a “conjuration antichrétienne” que faz isso – me pareceu que era uma obrigação eu fazer essa publicação mais ou menos na íntegra do documento de Bento XV.

A pessoa deve ficar meio surpresa encontrando, portanto, uma tão longa citação de Bento XV. Mas é preciso compreender que nós estamos em plena luta e que eu não escrevo livros apenas acadêmicos, com o indispensável... [Aplausos]

Eu poderia quase dizer, como o dito da moeda francesa, “je sème à tout vent”, eu semeio para todos os ventos. Havendo uma ocasião de deitar uma boa semente, eu deito. Apresentou-se aí uma boa ocasião para uma boa semeadura.

Os senhores pensem em quantas pessoas já têm lido esse documento, pessoas muitas vezes de classes interessadas em divulgar esse documento, que eu garanto aos senhores que nunca tinham ouvido falar disso, e que ao menos ficam sabendo todo o mal que há em Liberté, Égalité, Fraternité.

Isso explicado, eu começo a me perguntar se vale a pena realmente fazer a leitura do trecho comentado, ou se seria melhor tocar para a frente.

Os que preferem o trecho comentado tenham... Bom, vamos então, um dos senhores dois pega isso.

* Uma sapecada na Revolução Francesa

"Basta considerar os princípios do século XIX para reconhecer que muitos falsos profetas apareceram em França, e a partir daí se propunham difundir por toda a parte a maléfica influência das suas perversas doutrinas”.

Vejam bem os qualificativos: maléfica influência de suas perversas doutrinas, doutrinas de falsos profetas. Isso é a divulgação da Revolução Francesa, a sapecada na Revolução Francesa que vai nisso.

Agora, os senhores com certeza antes de entrarem para a TFP ouviram elogiar a Revolução Francesa de mil modos. Nem vou pedir que levantem o braço os que ouviram elogio da Revolução Francesa porque é a totalidade. O que eu poderia pedir é que levantassem os braços aqueles que ouviram críticas à Revolução Francesa fora da TFP. Provavelmente seria um número pequeno.

Bem, então vamos adiante.

“Eram profetas que tomavam ares de vingadores dos direitos do povo, preconizando uma era de Liberdade, de Fraternidade, de Igualdade.”

“vingadores do direito do povo” quer dizer que iam vingar o povo contra os seus superiores.

* Erros horrorosos que todo mundo via... mas sobre os quais ninguém falava

“Quem não via que estavam disfarçados de cordeiros `in vestimentis ovium'?”

Quem não via? Está bem.

Quem falou contra? Quais são os documentos eclesiásticos cujo número e cuja veemência esteja na proporção de uma acusação tão grave?

Esses erros horrorosos eram tão evidentes, que ele pergunta: "Quem não via?” Todo o mundo via. Pergunto: quem falava?...

"Mas a Liberdade preconizada por aqueles profetas não abria as portas para o bem, e sim para o mal...”

Está tudo dito...

“...a Fraternidade por eles pregada não saudava a Deus como Pai único de todos os irmãos...”

Movimento ateu.

“...e a Igualdade por eles anunciada não se baseava na identidade de origem, nem na comum Redenção, nem no mesmo destino de todos os homens.

“Os homens são iguais a três títulos.

“Identidade de origem.”

Identidade de origem. Fomos criados pelo mesmo Deus, descendemos do mesmo casal.

“Comum Redenção”

Todos fomos redimidos, todos os homens, por Nosso Senhor Jesus Cristo.

“Mesmo destino de todos os homens.”

Mesmo destino, os novíssimos: Morte, Juízo, Céu e Inferno. Isso é para todos os homens, nisso são iguais. Mas também só nisso, não fala em outra forma de igualdade.

* Quem prega a igualdade entre as classes é falso profeta

“Eram profetas que pregavam uma igualdade destrutiva da diferença de classes querida por Deus na sociedade...”

Aqui está proclamado pelos lábios de um papa: Deus quer na sociedade diferenças de classes. Quem prega contra isso [os princípios da Revolução Francesa] é falso profeta.

“...eram profetas que chamavam irmãos aos homens para lhes tirar a ideia de sujeição de uns em relação aos outros...”

Portanto, essa sujeição de uns homens a outros homens, esta idéia de sujeição eles tiram, eles querem tirar das cabeças. E, pelo contrário, a gente está vendo, a Igreja considera que quem manter essas idéias está de acordo com o espírito dela.

É o que está dado a entender aí claramente.

“...eram profetas que proclamavam a liberdade de fazer o mal, de chamar luz às trevas...”

Fazer o mal é o que nós estamos vendo. É suprimir toda a moral que obriga o homem a praticar o bem e evitar o mal, dar liberdade para fazer mal e proibir o quanto podem a prática do bem.

* No mesmo ano em que se propõe a legalização da homossexualidade na Europa, há dispositivos legais que proíbem de fazer ações inteiramente inócuas

Os senhores têm um exemplo característico nisso:

No mesmo ano em que se propõe a legalização da homossexualidade na Europa – mas então entendam bem que é no mundo inteiro, porque o que se faz na Europa repete-se no mundo inteiro –, no mesmo ano em que se propõe isto há, por exemplo, dispositivos legais que proíbem de fazer ações inteiramente inócuas, que são até coisas boas porque são conformes a lei de Deus. E a coisa vai longe.

Outro dia me contaram o caso seguinte, de uma senhora que formando o patrimônio dela tinha uns terreninhos aí pelo interior. Num dos terrenos dessa senhora foi encontrado um animal, parece que uma capivara, eu não me lembro que animal é, morto. A senhora foi condenada a três anos de prisão porque ela deve ter morto a capivara.

A capivara que foi feita para ser morta e para o homem comer: o sujeito mata e come, tem três anos de prisão.

Quer dizer, uma coisa inócua feita por Deus, de tal maneira Deus quis dar a entender aos homens que não há nada de mal em comer um animal, que ele fez animais que se comem uns aos outros. O reino animal está cheio disso, animais que se comem uns aos outros, e o homem não pode comer um animal? Onde é que se viu uma coisa dessas!

* A "Liberté" da Revolução Francesa levada a uma conseqüência de delírio

Então é a proibição do que é inócuo, e a obrigação daquilo que é ruim. Obrigado a fazer o mal, é proibido de fazer coisas inócuas ou às vezes é proibido de fazer o bem.

Eu ouvi dizer que há uma proposta legal contra a discriminação – eu não tenho prova disso, mas está na ordem das coisas, aqui no Brasil isto – que dispõe o seguinte: que nas casas onde há aidéticos não pode haver discriminação entre os objetos do aidético e de quem não é. De maneira que, por exemplo, não se pode ter um móvel com, por exemplo, camisas, objetos de uso pessoal, guardanapos e lenços do aidético só numa gaveta ou só num armário destinado às coisas dele. Porque pode haver contágio de umas peças de roupa de um doente para uma pessoa sadia. Não pode porque é discriminação, tem que misturar tudo.

Quer dizer, um homem com o organismo sadio não tem o direito de defender a sua vida contra o contágio de tipos desses. Então também não tem o direito de defender contra o assassino. Por que que diferença há?

Um homem vem me matar. Para eu não ser morto, mato o homem. Mas um aidético vem-me contagiar e eu não tenho o direito de dizer a ele: "Fique longe".

Essa é a Liberté da Revolução Francesa levada a uma conseqüência de delírio, ao mesmo tempo que é proibido de matar um bicho e que vai uma senhora para a prisão.

Três anos, já pensaram o que é que isso representa para uma mãe de família no meio das presas? O que é que são essas presas de cadeia? Nós sabemos todos o que é que são. Três anos presa, enxovalhada, difamada, porque comeu uma capivara.

Quer dizer, é uma coisa do outro mundo.

* O homem contemporâneo não quer saber da verdade, nem do bem

Notem o seguinte: o que eu estou dizendo é de uma lógica implacável. Mas os senhores tenham a certeza de que dando essa argumentação para fora não produz efeito. As pessoas ficam sem ter o que dizer porque é dessas coisas que... mas: "Ah é? Ah. Olhe aqui você já ouviu falar da Fulana que estava muito resfriada se melhorou? Telefona para ela". Desvia o assunto.

Não querem saber da verdade, não querem saber do bem, é o fruto do negócio.

“...eram profetas que proclamavam a liberdade de fazer o mal, de chamar luz às trevas, de confundir o falso com o verdadeiro, de preferir aquele a este, de sacrificar ao erro e ao vício os direitos e as razões da justiça e da verdade”.

Tudo isso é tão claro que nem comento.

"Não é difícil compreender que esses profetas vestidos com pele de ovelha, intrinsecamente, quer dizer, na realidade, tinham de aparecer como lobos rapaces: `qui veniunt ad vos in vestimentis ovium, intrinsecus autem sunt lupi rapacis' [aproximam-se de vós com peles de ovelha, mas na realidade são lobos rapaces].”

Não tenho o que dizer. Quer dizer, chamou de hipócrita, porque isso é o hipócrita.

"Não é de se maravilhar que contra tais falsos profetas devesse ressoar uma palavra terrível: `guardai-vos deles!', `attendite a falsis prophetis'.”

"Não é de se maravilhar que ressoe". [Para] maravilhar é outra coisa, é como é que não ressoava.

Os senhores dirão: "Não, mas aí está esse documento com uma ressonância universal".

Qual é a data do documento?

(11 de julho de 1920)

Mil novecentos e vinte, eu era um menino nesse tempo de doze anos. Nunca ouvi falar desse documento. Eu só ouvi falar desse documento muito mais tarde quando eu encontrei o livro onde encontrei isso.

"Marcelino Champagnat ouviu essa palavra; entendeu também que não tinha sido dita só para ele, e pensou em tornar-se o eco dela junto aos filhos do povo, que via serem os mais expostos a cair vítimas dos princípios de 1789, devido à própria inexperiência e à ignorância dos seus pais em matéria de religião...”

Está claro que a finalidade da congregação de Champagnat era essa segundo intenção do Bem-aventurado – eu acho que ele hoje ele é santo, se não me engano – Marcelino Champagnat (ele foi canonizado em 1999, n.d.c.).

* A causa dos erros e vícios todos que inundam a Terra são os princípios da Revolução Francesa

"`Attendite a falsis prophetis': eis as palavras que repetia aquele que almejava deter a torrente de erros e vícios que, por obra e graça da Revolução Francesa, ameaçava inundar a Terra.”

Inundou. Ameaçava inundar, ele tem razão, e inundou, está acabado! Mas a causa desses erros e vícios todos que inundam a Terra está declarado por Bento XV que é a Revolução Francesa.

“`Attendite a falsis prophetis': eis as palavras que explicam a missão que Marcelino Champagnat abraçou; palavras que não devem ser sepultadas no esquecimento por quem quiser estudar a sua vida.”

Notem isso. Parece que ele previu que os próprios biógrafos do Bem-aventurado Champagnat – todo aquele que é canonizado e mesmo aquele que é declarado bem-aventurado costuma ter, pelo menos, um ou dois biógrafos – não esquecessem disto: attendite a falsis prophetis. Quer dizer, não esquecessem da finalidade do instituto, da meta de Marcelino Champagnat.

Os biógrafos, exceto um ou outro que eu ignore, não fizeram senão esquecer...

"Não deixa de ter interesse a comprovação do facto de que Marcelino Champagnat, nascido em 1789, foi destinado a combater, na sua aplicação prática, precisamente os princípios que tomaram o nome do ano do seu nascimento, e depois obtiveram triste e dolorosa celebridade.”

É, porque se diz: "os princípios de 1789". Então há uma coincidência, porque são os princípios da Revolução Francesa e são os princípios do ano em que nasceu Marcelino Champagnat.

"Para justificar a sua obra, ter-lhe-ia bastado continuar a leitura do Evangelho de hoje, porque um simples olhar sobre as chagas que os princípios de 89 abriram no seio da sociedade civil e religiosa, patenteariam como aqueles princípios continham a suma do ensino dos falsos profetas: a fructibus eorum cognoscetis eos'...”

Sociedade religiosa também. Quer dizer, a Igreja, no seio da Igreja, ficaram abertas as chagas.

Os senhores sabem quais são essas chagas? São os fatos que constituem causa do movimento progressista que existe hoje na Igreja, com toda esta série de torpezas e de infâmias inerentes ao movimento progressista.

"Para justificar a sua obra, ter-lhe-ia bastado continuar a leitura do Evangelho de hoje, porque um simples olhar sobre as chagas que os princípios de 89 abriram no seio da sociedade civil e religiosa, patenteariam como aqueles princípios continham a suma do ensino dos falsos profetas: a fructibus eorum cognoscetis eos'....”

* Os princípios "Liberté", "Égalité", "Fraternité" são a suma dos erros dos falsos profetas

Os princípios Liberté, Égalité, Fraternité são a suma dos erros dos falsos profetas.

"Ao incremento das casas dos Pequenos Irmãos de Maria [Irmãos Maristas], e à boa orientação dos jovens nelas acolhidos, coadjuvou sem dúvida Nossa Senhora, por meio de uma imagem que apareceu, depois desapareceu, e finalmente foi de novo encontrada. Verdadeiramente maravilhoso foi aquele primeiro incremento, só explicável pelo sucessivo aumento, também tão extraordinário, que antes do décimo lustro da sua fundação, cinco mil religiosos do novo Instituto davam sadia instrução a cem mil meninos espalhados por todas as regiões do orbe”.

Se só esses cinco mil religiosos com cem mil meninos tivessem sido formados contra a Revolução Francesa como queria o Bem-aventurado Champagnat, o mundo hoje seria outro. Notem bem isto.

"Se o Venerável Champagnat tivesse adivinhado, com profética luz, tão admirável efeito, lamentar-se-ia certamente do excessivo número de meninos que ainda permaneciam sumidos nas sombras da morte e nas trevas da ignorância, e teria deplorado, mais ainda, não ter podido impedir melhor o nefasto desenvolvimento da perniciosa semente espalhada pela Revolução Francesa.”

* Um documento que deve figurar nas próximas edições da R-CR

Mais uma vez a Revolução Francesa acusada de tudo, como é o normal e como é o ensinamento da TFP.

Fala-se aqui, lá e acolá em uma nova edição da "RCR". Eu penso que seria interessante – se me lembrarem disto até lá – incluir na nova edição este documento de Bento XV, pelo menos com alguns dos comentários que eu estou fazendo aqui.

“No entanto, um sentimento de profunda gratidão a Deus, pelo bem realizado pela sua Congregação, tê-lo-ia obrigado a dizer que, assim como dos péssimos frutos do ensino de alguns profetas contemporâneos seus, se deduzia a sua falsidade, assim o amadurecimento dos bons frutos da sua obra mostravam a bondade dela: `Igitur ex frutibus eorum cognoscetis eos'" ("L'Osservatore Romano", 12-13/7/1920, 2ª ed.)

Não sei se algum dos senhores queria perguntar alguma coisa a respeito disso, fazer alguma objeção. Eu estou inteiramente à disposição.

Onze e meia. Podemos encerrar. In nomine Patris... Salve Regina...


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