Plinio Corrêa de Oliveira
As harmonias do Sagrado Coração de Jesus
Breve reunião, 10 de julho de 1993 |
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A D V E R T Ê N C I
A Gravação de
breve exposição do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, não tendo sido revista pelo autor. Se o
Prof. Plinio estivesse entre
nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial
disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério
tradicional da
Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como
homenagem a tão belo e constante estado de
espírito: “Católico
apostólico romano, o autor deste texto
se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja.
Se, no entanto, por lapso, algo nele ocorra que não esteja
conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”. As palavras "Revolução" e "Contra-Revolução", são aqui
empregadas no sentido que lhes dá Plínio Corrêa de Oliveira em
seu livro "Revolução
e Contra-Revolução", cuja primeira edição foi publicada no Nº
100 de
"Catolicismo", em abril de 1959. |
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O Sr. mais ou menos intui o ponto de partida qual é. Quer dizer, eu desde pequeno fui formado por minha mãe – minha irmã e eu, éramos dois. Ela tinha dois filhos: uma menina mais velha do que eu de um ano e meio, depois eu. E ela nos educou, os dois, num tal espírito religioso que nós aprendemos a saber o nome de Jesus, e perceber na sala onde estava Jesus, quer dizer, a imagem de Jesus, antes de sabermos dizer mamãe ou papai. E a imagem do Sagrado Coração de Jesus para a qual ela orientava a nossa atenção, era uma imagem que está hoje em dia no quarto de dormir dela, num oratório em cima de um armário. * As harmonias do Sagrado Coração de Jesus faziam com que Dr. Plinio idealizasse uma personalidade harmônica, dotada de sublimidade, grandeza e elevação E essa imagem é uma imagem francesa, que não é de grande custo material, é um objeto bom sem grande custo material, mas de muita harmonia, muita bondade e muita nobreza, muita inteligência e muita suavidade. De maneira que essas harmonias opostas constituíam uma espécie de harmonia global na personalidade dEle que me levava a achar que a personalidade perfeita era a personalidade harmônica. E dotada de uma sublime, de uma magnífica grandeza, de uma magnífica elevação. Frequentando a igreja do Coração de Jesus, no teto – os senhores já devem ter visto – há um quadro pintado a óleo de uma aparição de Nosso Senhor a Santa Margarida Maria Alacoque, uma freira francesa à qual Ele apareceu numa visão. E disse a ela, apontando o Coração dEle que se deixava ver através do peito assim aberto: "Eis o Coração que tanto amou os homens e por eles foi tão pouco amado." É uma queixa do Sagrado Coração de Jesus pela bondade extrema dEle para conosco e nossa dureza para com Ele. E dizendo essas palavras, entretanto, Nosso Senhor não se apresentava colérico, não se apresentava indignado, nem nada, era uma queixa triste, mas suave, bondosa, misericordiosa, toda cheia de harmonias também. * A idéia da beleza do mundo com base na personalidade do Sagrado Coração criou um desejo de harmonia que era o oposto do mundo cinematográfico e criava um entrechoque violento O que me fez ver que a perfeição absoluta das coisas ela consiste, em parte, nessa harmonia que nEle brilhava de um modo tão incomparável. E daí a ideia de gostar muito das coisas muito belas, muito elevadas, muito nobres, muito santas. E gostar disto porque todas as coisas devem ser assim. E porque se era assim o Criador, assim deve ser o ideal da criatura. Então ter uma ideia desta beleza do mundo criado, copiada da própria personalidade dEle. Isto criou em mim um desejo de harmonia, de santidade que era exatamente o oposto do mundo cinematográfico para o qual eu estava entrando. E criava um entrechoque violento. Eu me lembro, por exemplo, o seguinte: uma pessoa que tinha certo parentesco comigo me encontrou uma vez num bonde, e eu fui, sentei-me perto dela, o bonde estava quase vazio, e começamos a conversar. E ela começou a conversar comigo, mas o tom da conversa era o seguinte, que eu deveria querer muito bem Dona Lucília porque era minha mãe mas, que eu deveria me acautelar e não querer bem demais a ela porque isso levaria a ter um amor à harmonia, à beleza e à perfeição das coisas que era um exagero. Ora, eu achava tudo o contrário! Eu achava que nela tudo era perfeito, eu achava que era um modelo para ser seguido por mim e o que eu queria era ser assim. Via naquela pessoa o contrário disso, portanto, uma recusa minha em relação a essa pessoa, mas uma recusa categórica. O Sr. está compreendendo a incompatibilidade com um lado e a inteira compatibilidade com outro lado. Então, isso levava-me a querer um mundo que era um mundo contrário ao da revolução industrial que ia nascendo em São Paulo naquele tempo. De maneira que eu queria o contrário da revolução industrial e queria a santidade e daí o choque. Está claro isso? (Siimmm!) Bem, meus caros, mas eu estou com uma hora marcada. Os senhores não me avisaram que teríamos essa reuniãozinha depois da reunião grande e eu estou com a obrigação de ir para casa para fazer uma série de coisas. |