Plinio Corrêa de Oliveira
Versalhes, Maria
Antonieta, Revolução Francesa
Santo do Dia, 3 de abril de 1993, sábado |
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A D V E R T Ê N C I A Gravação de conferência do Prof. Plinio com sócios e cooperadores da TFP, não tendo sido revista pelo autor. Se Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:
Os senhores imaginem, meus filhos, um palácio admirável. Um palácio tão admirável, que se vós não tivésseis conhecido pelo menos em fotografia, vossa mente não seria capaz de imaginá-lo. Nem a vossa mente tão jovem e ainda inexperiente da vida, como a minha mente, tão experimentada da vida e tendo conhecido tantas coisas, se não tivesse visto esse palácio, eu não poderia imaginá-lo. Imaginem que esse palácio fosse mostrado para um colega vosso e o colega dissesse: – Mas que palácio lindo, que fotografia maravilhosa! Você não poderia me emprestar isto durante alguns dias para eu levar para casa, para eu ver um pouquinho, para eu olhar? Os senhores perguntariam: – Mas por que olhar isto, qual é a vantagem? – Não sei, eleva a minha alma. Vendo esse palácio, esses mármores, essas tapeçarias, esses móveis, vendo o prédio na sua beleza, na sua distinção, em sua imponência, a minha alma como que sobe. E eu sinto necessidade disto, porque tudo no mundo contemporâneo abaixa, deprime, avilta, corrói, destrói, decepciona. Eu encontrei algo que produz o efeito contrário na minha alma, isto é o remédio. Para mim, ter uma cópia dessa fotografia, se você pudesse me dar uma cópia dessa fotografia, seria a maior obra de caridade que pode haver, porque eu fico encantado com esse palácio! Os senhores imediatamente diriam o seguinte no seu íntimo: "Esse rapaz tem vocação para a TFP. Certamente eu vou fazer o sacrifício de dar a ele essa fotografia, porque essa fotografia é como se fosse um par de asas para a alma dele subir mais alto, para subir até Nossa Senhora, para aumentar os horizontes intelectuais dele e, aumentando os horizontes intelectuais, aumentar os horizontes religiosos, espirituais dele. Olhando esse palácio eu já tive essa reflexão. Se esse palácio é uma imagem do Céu na Terra, este pobre coitado que não tem idéia do Céu, olhando para este palácio não poderá sentir-se mais elevado para o Céu, onde eu quero tanto que ele vá?" Os senhores diriam: – Meu caro, leve isto, é uma lembrança que eu lhe dou. Agora pensando bem, meu caro, eu vou fazer o seguinte. Eu acho que tenho uma cópia disso numa Associação aqui perto. Vamos lá que eu vou ver. Se tiver eu dou para você essa fotografia, do contrário você passa daqui a uma semana, vem cá que eu vou arranjar uma fotografia e dou para você. Os senhores passam pela Saúde, mostram para o rapaz um pouco aquilo, o rapaz fica simpatizando com aquilo tudo, mas não entende bem o que é que está se passando com ele. Daí a uma semana ele volta para pegar a cópia da fotografia. Os senhores convidam a ele para fazer um jogo, para assistir a uma palestra, e por coincidência a conferência é sobre o palácio de que ele gostou tanto. Sai umas projeções, ele sai com a alma cheia. Uma resolução floresceu no seu espírito: "Eu vou voltar aqui. Eu vou voltar aqui porque aqui se tratam de coisas, se mostram fatos, se dizem coisas que a minha alma procurava sem eu saber, que eu queria encontrar sem saber o que é que eu queria encontrar. Há muita coisa por detrás e por cima desse palácio. O que será?" * Por detrás e por cima do palácio, a Santa Igreja Católica Apostólica Romana Ele pergunta para um dos Senhores: – O que é que há por detrás e por cima disso? Um dos senhores responde: – Era o caso de ouvir a minha resposta e você dobrar o joelho. Atrás e por cima disto existe a Santa Igreja Católica Apostólica Romana. – A Santa Igreja? Mas há tanta igreja por aqui... – Não, mas a Igreja é uma coisa que não se confunde com as igrejas. A Santa Igreja Católica Apostólica Romana, fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo pessoalmente e tendo como sua base o Papa em Roma, São Pedro em nossos dias, a quem Nosso Senhor diz: "Pedro, tu és pedra e sobre essa pedra Eu edificarei a Minha Igreja, e as portas do Inferno não prevalecerão contra ela". O rapaz dirá de si para consigo: "Eu não entendi grande coisa, eu preciso voltar para entender melhor" – começou a história de uma vocação. * O Palácio de Versailles, filho dos homens e neto de Deus Os senhores imaginem o contrário: Os senhores estão numa sede qualquer da TFP e olham uma fotografia desse palácio. Eu estou falando, por exemplo, do Palácio de Versailles, palácio francês, palácio dos reis da França, de que os Senhores com certeza viram fotografias. Os que já conhecem fotografias de Versailles levantem o braço para eu ter uma idéia. Eu vejo uma zona lá, com certeza dos mais novos, que não viram ainda fotografias do Palácio de Versailles. Peçam para ver logo, para começarem a voar logo, porque é com coisas dessas que o espírito voa! Alguém dirá: – Mas o que é que tem Versailles de extraordinário? – Versailles? Versailles é uma obra de Deus. – De Deus não, do engenheiro Mansard, de Luís XIV, o Rei que mandou Mansard fazer os planos e construir o palácio. Deus não entrou em nada nisso. Mas de dentro da poeira de uma sepultura se levanta a figura de Dante Alighieri, o grande poeta da "Divina Comédia", que dá a resposta: "Versailles é filha dos homens, mas os homens são filhos de Deus, e as obras dos homens são netas de Deus". – Versailles é um neto de Deus. Tudo é criatura de Deus, as coisas direta ou indiretamente foram feitas por Deus. Admire-o, portanto, porque é um meio de chegar até Deus. * Amemos Versailles para amarmos inteiramente a Deus São Paulo, ali perto, responde: "Se nós não amamos as criaturas terrenas que nós conhecemos, como é que amaremos a Deus que nós conhecemos?" – Para amar a Deus que nós não conhecemos, é preciso nós amarmos as criaturas terrenas que nós conhecemos. Versailles é uma criatura de Deus; amemos Versailles para amarmos inteiramente a Deus. Isso é uma visão das coisas. * O choque do filho da luz com o filho das trevas, a propósito de Versailles Há uma outra visão das coisas. Os senhores imaginem que os senhores estejam num ônibus ou num metrô folheando um álbum. De repente aparece uma figura de um dos aspectos mais imponentes e mais bonitos de Versailles, com um parque extraordinário, com jatos de água, uma verdadeira beleza. Um jovem da idade dos Senhores está olhando de trás e diz: – Que é esse negócio aqui, essa joça para a qual você está olhando? – Joça não, isto é o Palácio de Versailles! – Versailles? Palácio de Versailles? O que é que você diz do Palácio de Versailles, você sabe o que é que é isso? – Sei, isso é um palácio mandado construir no século XVII por Luís XIV, rei da França, o Rei Sol. Você nunca ouviu falar do Rei Sol? – Vi e odeio. Odeio como odeio esse Palácio de Versailles que você está admirando. – Mas por que é que você odeia? você não acha bonito? – Eu odeio porque é bonito, eu odeio porque é nobre, odeio porque os materiais com que ele está construído são materiais bonitos. Eu odeio tudo o que é bonito, porque odeio tudo quanto é nobre, porque odeio tudo quanto eleva o espírito, quanto eleva a alma para cima. Isto eu odeio e, portanto, eu odeio o teu Versailles! No primeiro, quando começasse a dizer "que beleza Versailles", etc., os senhores teriam vontade de dar um abraço. Por que razão isso? Exatamente porque os senhores são filhos da luz, os senhores são filhos de Nossa Senhora. Nossa Senhora é Ela mesma de uma perfeição, de uma beleza, de uma santidade, maior do que tudo o que a gente pode imaginar. * Nossa Senhora aparece a Santa Bernadette, em Lourdes Eu vou contar aos senhores – no tempo restrito de que estamos dispondo – uma coisa muito bonita que eu li a respeito de Nossa Senhora há dias atrás. Os senhores sabem que no século passado, na gruta de Massabielle, na cidadezinha de Lourdes, Nossa Senhora apareceu a uma camponesa chamada Bernadette Soubirous. Essa camponesa era filha de um casal extremamente pobre que vivia com dificuldade, com economia. Era gente do povo reta, de costumes muito bons, mas de educação muito primitiva, porque eram trabalhadores manuais da terra e não tinham contacto com nada de superior, de mais elevado. Um dia em que ela estava perto dessa gruta de Lourdes, ela estava trabalhando, ela ouviu uma voz. Ela olhou para a gruta e viu dentro da gruta uma senhora de uma beleza admirável. Conheceu que era Nossa Senhora em pessoa que estava falando com ela e que começou a dirigir a palavra a ela. Ela, com toda a simplicidade, começou a falar com Nossa Senhora também, com mãos postas, na atitude de quem reza. Nossa Senhora deu a ela uma série de explicações a respeito de vários pontos de religião, e depois acabou recomendando que arranhasse a terra ali onde ela estava, que começaria a aparecer água. Quando a água aparecesse, a água se tornaria mais abundante, e de um simples filão passaria a ser uma corrente de água forte, grande. No uso dessa água, muitas pessoas se curariam e seria um lugar onde Nossa Senhora seria muito glorificada. Bernadette imediatamente começou a arranhar o chão, que era uma terra comum como poderia ser um pedaço de terra aqui do parque. E, com espanto dela, ela viu que de repente começou a minar água de dentro daquele lugar. Começou a aparecer um regato e formou-se o tal curso de água. Nossa Senhora deu a ela uma recomendação complementar que não é fácil de compreender. Junto àquela água havia um pouco de erva, dessa erva que dá num campo onde ninguém plantou, nem trabalhou nada, é uma erva que nasceu de uma semente que o vento deixou ali e acabou-se. [Disse] que comesse alguma coisa daquela erva quando bebesse a água. A Santa Bernadette, sempre muito humilde, muito dócil, pegava então um pouquinho da erva e comia, e depois falava com Nossa Senhora. * No suceder das aparições, um número crescente de pessoas comparecia para assistir o colóquio de Santa Bernadette com Nossa Senhora Assim houve várias visões que Santa Bernadete na ingenuidade dela contava para o povo, para todo o mundo. Então, cada vez que estava marcada uma visão de Nossa Senhora, um número crescente de pessoas aparecia para ver a visão. Nossa Senhora não aparecia para outros a não ser para Santa Bernadette. Santa Bernadette falava com Ela e não se ouvia resposta de Nossa Senhora. Ela falava de tal maneira que se percebia que ela estava olhando e vendo alguma coisa. * O depoimento de um padre mundano Agora o bonito é isso, no livro em que eu li isso estava o depoimento de um padre que dizia o seguinte: Ele tinha sido um padre mais mundano do que seria normal. Ele tinha freqüentado altos salões da alta sociedade, ele tinha tratado com gente de muita categoria, ele tinha visto, portanto, senhoras de muita finura e de muita distinção. Ele nunca tinha visto um sorriso tão bondoso, uma atitude tão fina, tão distinta e tão amável num rosto feminino do que em Santa Bernadette quando ela falava com Nossa Senhora ou Nossa Senhora falava com ela. Não havia marquesa nem duquesa francesa que tivesse algo que se comparasse com a elevação de Santa Bernadette. Quando acabava a conversa, ela voltava imediatamente para a fisionomia tosca de uma simples camponesa, mas que quando Nossa Senhora falava com ela e ela com Nossa Senhora, ela se nobilitava inteira e ficava de uma distinção extraordinária. * Deus ama tudo aquilo que é nobre, tudo o que se parece com a Sua Mãe Santíssima Esse pequeno pormenor das aparições de Lourdes mostra bem quanto Nossa Senhora e, portanto, quanto Deus – que está infinitamente acima de Nossa Senhora – ama tudo aquilo que é distinto, tudo aquilo que é nobre, tudo aquilo que se parece com a Mãe Santíssima dEle, a mais perfeita das criaturas que Ele tenha feito. De maneira que nem o Sol é mais brilhante do que Ela, nem a Lua é mais doce do que Ela, nem as estrelas são mais cintilantes do que Ela, nem nada. Nenhuma criatura em nenhum sentido é mais do que Nossa Senhora, Nossa Senhora é mais do que todas as criaturas. Por isso mesmo eu ainda ouvi hoje à noite cantar no São Bento uma canção a Nossa Senhora em que Ela é chamada senão me engano isto: “Palatium Trinitatis – Palácio onde habita a Santíssima Trindade”. Ela é comparada a um palácio porque Deus Nosso Senhor Jesus Cristo logo depois de ter encarnado habitou dentro dEla. E durante todo o tempo em que se deu a gestação, e o corpo sagrado de Nosso Senhor esteve sendo gerado por Ela e desenvolvido por Ela até o momento do nascimento, durante todo esse tempo Ela foi o palácio de Cristo na Terra. Ela foi um Palácio mais excelente e mais magnífico do que todos os palácios de todos os reis, do que tudo o que se possa imaginar. Por quê? Porque foi feito para abrigar Aquele que é o próprio Verbo de Deus emanado. * A luta dos que amam os palácios contra aqueles que os odeiam, é semelhante ao embate que houve no Céu entre os Anjos bons e os demônios Isso posto, os senhores imaginem o que é que os senhores devem achar do jovem que simpatizava com os palácios. Mas o que é que os Senhores devem achar do jovem que detestava os palácios. É ou não é verdade que são dois estados de espírito, duas mentalidades completamente diferentes? E é ou não é verdade que se nós imaginássemos dois grupos de homens que entrassem em luta um contra o outro, porque um ama tudo quanto é verdadeiro, bom e belo, e o outro porque detesta tudo quanto é verdadeiro, bom e belo, nós teríamos uma luta tremenda parecida com a luta entre São Miguel Arcanjo e os Anjos bons de um lado, os demônios capitaneados por Satanás de outro lado? * Lúcifer, a partir do momento em que se levantou contra Deus, passou a ser a mais hedionda das criaturas A partir do momento em que Satanás se levantou contra Deus, ele odiou a Deus. A partir desse momento ele, que se chamava Lúcifer, aquele anjo que estava à frente de todos os outros e conduzia uma luz pelos céus que guiava todos os outros, passou a ser negro como um carvão, passou a ser deformado como um monstro, passou a ser a mais hedionda das criaturas. Mas grande número de anjos acompanhou a ele, e odiando também a Deus Nosso Senhor, que é Verdadeiro, Bom e Belo no mais alto grau. Nosso Senhor não é apenas Verdadeiro, Ele é a Verdade. Nosso Senhor disse de Si: "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida". Ele é a Verdade, portanto, Ele é a Bondade, Ele é a Beleza, a Formosura. * Nosso Senhor sendo odiado por Satanás e seus sequazes, nós não podemos deixar de ser os inimigos dos demônios, bradando como São Miguel: "Quem com Deus!" Nosso Senhor [sendo] odiado por Satanás e pelos seus sequazes, nós não podemos deixar de ser os inimigos de Satanás e dos seus sequazes como somos os amigos dos Anjos bons, à testa dos quais estava São Miguel Arcanjo, símbolo magnífico do princípio da disciplina e da ordem, e que vendo Satanás se revoltar contra Deus teve esse brado magnífico: "Quem como Deus!" Quer dizer: "Você é Lúcifer, você até há pouco era o primeiro, mas porque você não amou a Deus, você passou a ser o último. Ente abjeto, colocado depois de todos, condenado a um castigo eterno e perfeito. Perfeito no sentido de que tudo em você é gemido, tudo em você é sofrimento, tudo em você é desprezível, merece a vergonha, é dor e você se contorce nessa dor. E você é tão ruim, que se Deus te perdoasse e te oferecesse o Céu você não quereria, para estar no Inferno, para não contemplar a eterna vitória de Deus. Miserável, cala-te e vai para os teus infernos, eu não suporto a tua presença na Terra! Vai logo!" * Todos os elementos de verdade, de bondade e de beleza que havia na terra antes da Revolução Francesa, foram organizados por gente que amava o verdadeiro, o belo e o bom Essas considerações resumem o sentido da Revolução Francesa. Tudo aquilo que se fez no sentido católico antes da Revolução Francesa, todos os elementos de verdade, de bondade e de beleza que havia na Terra antes da Revolução Francesa, foram construídos, foram ordenados, foram organizados por gente que tinha o espírito voltado para Deus, gente que era segundo Deus e que amava o verdadeiro, o belo e o bom. * A Revolução Francesa foi uma revolta dos homens que se deixaram dominar pelo Inferno, para acabar com tudo quanto havia de grande, de belo e de bom na Terra Pelo contrário, em sentido oposto, a Revolução Francesa foi a explosão de ódio daqueles que detestavam tudo quanto é grande, tudo quanto é belo, tudo quanto é verdadeiro, tudo quanto é bom, e queriam organizar um mundo chulo, desordenado, imoral, sem fé, em uma palavra: um mundo muito parecido com o mundo de hoje. A Revolução Francesa foi uma revolta desses espíritos soprados pelos espíritos das trevas, foi uma revolta dos homens que se deixaram dominar pelo Inferno para acabar com tudo quanto era de grande, de belo e de bom na Terra. * Por que não queriam mais reis nem palácios, os revolucionários saquearam Versailles e levaram prisioneira para Paris a Família Real Por isso eles não queriam que houvesse mais reis, que houvesse mais rainhas, não queriam que houvesse mais palácios, não queriam que houvesse mais nobres, não queriam que houvesse mais grandeza nem beleza. Eles estragaram aqueles parques, quebraram aqueles objetos do palácio ou roubaram para vender para antiquários, espandongaram com os lustres, quebraram os espelhos. Só não tocaram fogo naquilo porque era muito difícil tocar fogo com o material com que Versailles era construído. O Rei, a Rainha, os filhos do Rei, um Principezinho e uma Princezinha, eles levaram à força para morar em Paris e acabaram trancando numa prisão. Durante horas, e horas, e horas, a carruagem real caminhou para Paris com o Rei, com a Rainha, com os dois principezinhos. Como eles tinham morto uns guardas que defendiam o Rei e a Rainha, eles colocaram as cabeças desses guardas na ponta de lanças e iam andando com as cabeças ainda gotejando sangue na frente do Rei e da Rainha, conclamando o povo todo para se revoltar. * As decapitações de Luiz XVI e de Maria Antonieta, seguidas do período histórico chamado do "Terror" Isto deu, depois de meses de tormento e de abominação, em que condenassem o Rei à morte, condenassem a Rainha à morte, que foram decapitados, em que condenassem à morte uma irmã do Rei que eles aprisionaram junto com o Rei. E que se iniciasse o período histórico chamado do Terror, em que bastava alguém ser nobre para ser condenado à morte, bastava alguém ser rico para a sua cabeça começar a vacilar em cima do pescoço, porque podia ser preso de um momento para outro. Todo o mundo que não pertencesse à mais baixa ralé estava exposto à morte. * Maria Antonieta, acusada de iniciar o próprio filho em más ações, "apela a todas as mães de França" Para terminar essa narração eu conto só aos senhores uma coisa: Primeiro foi morto o Rei, a Rainha ficou viúva. Ela se apresentou ao tribunal para ser julgada, e ela queria muito salvar a sua própria vida para defender as crianças que ficavam com os revolucionários. Ela não queria que as crianças fossem educadas pelos revolucionários. Então ela preparou um discurso em que ela mesma fazia a sua própria defesa, e os revolucionários apresentaram as testemunhas da acusação, as pessoas que faziam acusações contra a Rainha. Tudo inventado, todas as coisas falsas. Em certo momento, aparece o filho da Rainha. Durante meses esse menino não tinha visto a mãe. Durante a noite os revolucionários tinham entrado no quarto da mãe e tinham levado embora o menino à força. A mãe, embora fosse uma dama frágil, lutou contra eles fisicamente para defender o filho, com cuidado de ao mesmo tempo mantê-los longe da cama para o filho não assistir à luta e não ter um trauma muito grande vendo aquilo tudo. Afinal ela não pôde resistir, eles levaram embora o menino e ele ficou meses sem vê-la. Quando chega no tribunal, ele entra como testemunha para depor contra a mãe. A mãe olha para ele. Ele estava vestido de tamancos ordinários muito grandes para ele, então puseram palha dentro dos tamancos para não caírem do pé; ele estava bêbado, uma criança de dez, onze anos bêbada já; vendo a mãe não teve o menor sentimento de afeto nem nada, ficou parado com uma cara abestalhada. O presidente do tribunal disse a ele: – Menino, conta aqui a todas as pessoas presentes os crimes que a tua mãe cometeu contigo. Ensinaram para o menino, como uma máquina, a mais infame das coisas: – Minha mãe praticou o ato sexual comigo e assim me iniciou na imoralidade. Maria Antonieta viu aquilo, e diante dessa acusação infame que todo o mundo via que era uma calúnia, ela teve essa resposta... Ela olhou a galeria, viu que a galeria estava cheia de mulheres do povo, e ela disse: – Eu vejo que há muitas mães aqui presentes. Eu apelo para todas as mães da França para que digam se acreditam numa coisa dessas! As mulheres bateram palmas à Rainha a mais não poder. * O presidente do tribunal expulsa da sala as mulheres, e condena à morte "a mais distinta, a mais elevada, a mais sofredora de todas as damas desse século" Era a época da Revolução Francesa, época que se dizia época da liberdade, mas era a época da tirania. O que é que fez o presidente do tribunal? Ele deveria declarar que o testemunho de uma criança bêbada, sobretudo quando essa criança diz uma coisa que ninguém pode acreditar, não vale nada, apenas prova a infâmia dos acusadores. Ele tocou uma campainha e disse: – Dou ordem de expulsar desta sala tudo quanto é mulher. Para não aplaudirem de novo Maria Antonieta e condenaram Maria Antonieta à morte. Assim morreu a mais distinta, a mais elevada, a mais sofredora de todas as damas desse século: foi Maria Antonieta. * Depois da morte de Nosso Senhor, o mal nunca teve tanta desfaçatez e tanta audácia em se mostrar como mal, como teve na Revolução Francesa Os senhores estão vendo aí qual é o espírito da Revolução Francesa, e os senhores compreendem que o mal nunca teve, depois da morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, tanta desfaçatez em se mostrar como mal, tanta audácia em se mostrar como mal como na Revolução Francesa. E os senhores compreendem que na luta entre o bem e o mal, entre a verdade o erro, entre o belo e o feio, nesta luta a Revolução Francesa é um episódio central, é uma espécie de ponto culminante. Não compreende os fatos que vieram antes nem depois quem não considera a Revolução Francesa assim. * A Revolução Francesa: um grande e terrível livro, no qual se aprendem verdades admiráveis A Revolução Francesa pode ser considerada nesse ponto como um grande e horrível livro, no qual entretanto se aprendem coisas terríveis mas verdades admiráveis. Essas palavras de introdução são mais ou menos como uma chave que abriria a fechadura do livro. O livro está aberto, em outra ocasião folhearemos as páginas dele. [Palmas] (Sr. Fernando Antunez: A sugestão da semana.) Os senhores rezarem a São Miguel Arcanjo aquela oração: "Sancte Michael Archangele, defende nos in proelio..." para pedir a Nossa Senhora, por meio dele, de terem o espírito da Contra-Revolução, o contrário da Revolução Francesa. |