Plinio Corrêa de Oliveira

 

Nossos aliados, os Anjos

 

 

 

 

 

Santo do Dia, 14 de março de 1992, sábado

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A D V E R T Ê N C I A

Gravação de conferência do Prof. Plinio com sócios e cooperadores da TFP, não tendo sido revista pelo autor.

Se Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras "Revolução" e "Contra-Revolução", são aqui empregadas no sentido que lhes dá Dr. Plinio em seu livro "Revolução e Contra-Revolução", cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de "Catolicismo", em abril de 1959.


 

 

* Como são as alianças entre os Anjos e os homens

As alianças entre os Anjos e os homens resultam provavelmente de um nexo especial que Deus Nosso Senhor na Sua sabedoria, na Sua bondade etc., quis estabelecer entre determinados Anjos e determinados homens, de maneira que os Anjos ajudassem os homens para a salvação. Então, o normal será o seguinte: que o Anjo "A" foi destinado para agir especialmente para a salvação do homem "A".

Então, o Anjo "A" e o homem "A" têm que atuar os dois na vida terrena deste homem numa mesma direção. Eles têm um mesmo fim porque o homem tem por fim antes de tudo salvar-se; em segundo lugar servir a Deus e, portanto, lutar pela causa católica, e lutando pela causa católica, no centro da luta está a Contra-Revolução. Portanto, para os que foram especialmente chamados para lutar pela Contra-Revolução, tudo indica que o respectivo Anjo da guarda seja o aliado dele na luta contra a Revolução.

Isso deve nos levar a uma seguinte conclusão: que é falsa uma atitude habitual dos homens diante desse assunto, e é verdadeira uma atitude não habitual.

* É muito difícil fazer com que uma pessoa se desprenda do peso do ambiente dele e passe para o lado da Contra-Revolução

A atitude habitual dos homens diante desse assunto é a seguinte:

Um dos senhores vai fazer apostolado. Encontra um “enjolras” (jovem, n.d.c.) e começam a fazer apostolado. Os senhores sentem atuar no “enjolras” todo o peso da Revolução hoje em dia, todo o peso do ambiente dele que o atrai para a Revolução. Os senhores sentem que é muito difícil fazer com que ele se desprenda do peso do ambiente dele e passe para o lado da Contra-Revolução; ele para ser contra-revolucionário, vai ter que enfrentar muitas lutas, vai ter que enfrentar muitos combates, e ele sabe que está sendo convidado para enfrentar essas lutas e esses combates pelos senhores. Porque os senhores o convidam para tomar atitudes que ele sabe que vão ser muito censuradas pelos ambientes que ele conhece.

Então os senhores ficam com uma sensação mais ou menos assim:

"Qual! Esse aqui ninguém consegue trazer porque ele está tão afeiçoado ao ambiente dele. Tão afeiçoado, por exemplo, à opinião dos colegas, à opinião dos amigos, à opinião dos parentes etc., etc. – que toda ela é revolucionária e, portanto, navega noutro curso.

"Ele vai ter que fazer um esforço tremendo, e ele sente que vai ter que fazer esse esforço. E por causa disso é que em grande parte ele está se opondo aos argumentos que eu dou a ele para ele seguir o bem. A reação dele não é inteiramente sincera, ele está me dizendo "não", quando ele está vendo que a coisa é "sim", mas ele diz "não" para mentir a mim e para mentir a ele, para arranjar um pretexto diante de sua própria consciência para não me seguir. Porque ele não quer travar as lutas necessárias em consequência da escolha que ele fizer em favor da TFP."

Não sei se está bem claro isso ou não?

(Sim!)

* Pode-se apresentar uma espécie de desânimo, uma sensação de que se está perdendo tempo em fazer apostolado

Bem, então pode vir interiormente uma espécie de desânimo.

"Se eu estou vendo claro como a água do pote que esse homem não quer mudar, e que a disposição de alma dele é de um tal apego a uma série de coisas que ele não mudará, eu tenho uma sensação de que eu estou perdendo o meu tempo. Tenho a sensação de que - aliás, a sensação generaliza como a Revolução tomou conta da maior parte das pessoas hoje em dia - a maior parte dos apostolados que eu fizer, não vai dar resultado. E que, portanto, a minha vida apostólica toda ela é mais ou menos fadada a um fracasso, e que, portanto, eu vou desanimar. E, portanto, sou levado eu mesmo a seguir o mau exemplo do homem, do moço, do meu amigo a quem quis dar um bom exemplo. Começamos a discutir, o meu ânimo não o contagiou, o desânimo dele me contagiou a mim. Eu quis fazê-lo melhor e saio pior, e isso é o resultado do famoso apostolado de que tanto se fala..."

Não sei se continua bem claro essa reação?

Isso pode dar-se também de outra maneira.

* Um outro modo como pode se apresentar este desânimo

A gente atrai um jovem para a (a sede da TFP no bairro da) Saúde. Ele começa a frequentar, acha agradável etc., etc., se impressiona a alma dele experimenta melhoras etc., mas a gente nota, de repente, que ele começou a decair. Agora, por que é que ele começou a decair?

Ele antes de entrar para a Saúde, ele não tinha previsto as objeções que ele vai receber, ele é ingênuo, inexperiente, ele ouve dar na Saúde muitos bons argumentos a favor do que ele está fazendo, ele pensa: "Quando entre os meus colegas vierem me falar por que é que eu estou seguindo tal caminho, eu dou esses argumentos. Persuadiram a mim, vou persuadir a eles também. De maneira que a coisa é muito simples; eu daqui a pouco entro na luta. Eles vão falar e eu vou... e nem vai ser luta porque eu dou aqueles argumentos e eles vão dizer: `Íôô! Mas como Fulano é inteligente! Formidável ele! Ele é fenomenal este meu colega!'" E seguem os senhores.

Então, vão formar coortes de pessoas boas seguindo os senhores, e o número de pessoas boas na terra aumenta porque os senhores existem...

Bem, começa o apostolado, a coisa sai diferente, sai o tiro pela culatra. O sujeito não quer, o sujeito arranja amigos com quem debica da gente, organiza uma oposição contra a gente e todos eles triunfam da gente, a gente tem uma decepção enorme, nunca imaginava que fosse assim...

* De onde provém esta tentação de desânimo?

O impacto que encontrou, de fato, foi esse. E, então, aí vem a tentação do desânimo. Essa tentação do desânimo provém do quê?

Provém do obstáculo muito grande, em primeiro lugar; e em segundo lugar da solidão, a sensação de que a gente está só ou está com um grupinho pequeno de amigos diante de um mundaréu inteiro colossal que está tomando uma posição oposta a nós. Donde então decorre exatamente que a gente se desanima. E um dos piores demônios é o demônio do desânimo, o demônio do desespero: que não vou conseguir, que não vai acontecer nada.

Qual é o papel do Anjo?

O papel do nosso Anjo da guarda é de nos aconselhar para irmos bem. É muito raro o Anjo aparecer visivelmente como são as narrações bíblicas que foram mencionadas aqui. Essas narrações são muitas, mas são de pessoas ao longo de séculos! Se a gente for dividir isso pelo número de séculos, a gente verá como essas aparições são raras.

Bem, também conosco é pouco provável que os Anjos apareçam, a menos que algum dos senhores se levante aqui e me conte uma aparição angélica que teve. Eu ficaria muito contente, mas eu ficaria com dúvida a respeito dessa aparição angélica. "Será mesmo? Venha aqui para cá, vem me contar isso aqui diante do Padre Gervásio, para ver bem direito como é esse negócio..."

Mas os Anjos não fazem isso, eles nos acompanham constantemente. Esta sala aqui, por exemplo, os senhores estão vendo diante de si apenas um homem, eu tenho diante de mim talvez uns 400 – não sei, eu calculo mal – mas talvez chegue a 500 filhos que estão aqui presentes. É muito filho e muita gente!

Estou vendo um pai espiritual aqui presente, que é o padre Gervásio. E acabou-se!

* Os Anjos sempre nos acompanham, mas temos a ilusão que estamos sozinhos

Mas esta é a ilusão, é de estarmos sozinhos aqui nesta sala. Porque nós não vemos a grande realidade que é que cada um de nós tem – a pergunta dizia isto há pouco – pelo menos um Anjo da guarda, às vezes a pessoa tem vários Anjos da guarda, Nossa Senhora tinha coortes de Anjos da guarda.

Nas narrações da sóror Maria de Ágreda, falando da ida para o Egito, da viagem que Nossa Senhora fez para o Egito e outras coisas, coortes de Anjos acompanhavam Nossa Senhora, São José e, evidentemente, o Menino Jesus.

Então, uma realidade visível é uma: nós estamos nos vendo; a realidade invisível é muito mais importante porque o que há de mais importante aqui na sala não somos nós, são os Anjos. E se nossos olhos pudessem se abrir para a realidade, nós ficaríamos deslumbrados diante da multidão de Anjos que há aqui presente nessa sala.

Esses Anjos são de uma sublimidade tal que nós sabemos que nos vários coros de Anjos, o coro menos elevado, vamos dizer que são várias categorias de Anjos, chamam-se de coros porque os Anjos cantam no céu a glória de Deus, então são coros de Anjos. Nas várias categorias de Anjos, a menos elevada é exatamente a que toma conta dos indivíduos, apenas do indivíduo, aquela pessoa individualmente falando. Já para tomar conta de grupos de pessoas a Providência dispõe de Anjos mais elevados, e assim por diante. Os Anjos das nações fazem-se servir por vários Anjos etc. Os menos elevados são os Anjos que tomam conta de indivíduos que não levam atrás de si muita gente para salvação ou para a perdição, são muito individuais, têm uma função muito limitada na vida.

Esses Anjos, uma santa uma vez – eu infelizmente não me lembro qual é – apareceu para ela um Anjo da guarda, provavelmente terá sido o dela mesma. Era um ser tão esplêndido que ela pôs-se de joelhos pensando que fosse Deus...

Aí os senhores podem ver como são sublimes esses Anjos e, portanto, se nossos olhos se abrissem e nós pudéssemos ver aqui o número de Anjos que pairam sobre essa sala, nós ficaríamos verdadeiramente deslumbrados!

* A alma de cada um de nós é um campo de batalha entre Anjos e demônios

O que nós não vemos pelos olhos, nós sabemos pela fé. A fé nos ensina isto, a doutrina corrente da Igreja nos ensina isto. E nos ensina também que nessa sala não só há Anjos, infelizmente. Que há demônios também! E que no momento em que eu estou falando aos senhores os demônios estão agindo sobre vários dos senhores num sentido oposto ao que eu estou falando, e os Anjos estão agindo num mesmo sentido daquele em que eu estou falando. E que a alma de cada um de nós é um campo de batalha entre Anjos e demônios.

Agora, os srs. façam ideia da grandeza do que está se passando aqui nesse momento, tomando em consideração – como eu dizia que são entre 400 e 500 os que estão aqui – há 400 ou 500 campos de batalha aqui nessa sala em que Anjos e demônios estão agindo, estão lutando para conquistar ou para perder uma determinada alma, um para levar para o Céu outro para levar para o inferno.

E que isso tudo se dá como? Como é que os Anjos falam? Como é que os maus Anjos tentam desviar para o inferno? Como é que os bons Anjos levam para o Céu?

* Cada tentação que o homem tem, um demônio intervém para tornar aquela tentação mais forte

Da seguinte maneira: há uma tese de teologia à qual eu sou muito afeito, e que diz que cada tentação que o homem tem, um demônio intervém para tornar aquela tentação mais forte.

Vamos dizer, por exemplo, o seguinte:

Um indivíduo passa diante de uma loja e vê alguns artigos expostos na loja. E ele pode ficar desejoso de possuir um desses artigos, mas não tem dinheiro, mas ele olha para dentro da loja e vê que o artigo que está exposto na parte quase da entrada da loja, é um artigo fácil de levar embora, ninguém está prestando atenção, é um objeto pequeno, se ele passar a mão naquilo provavelmente não vão ver.

Rouba ou não rouba? Rouba ou não rouba, equivale a peca ou não peca?

Então, se trava no interior daquela alma uma batalha. O homem pensa: "Eu roubo isso agora ou não? Pró: tais, tais, tais razões. Contra: tais, tais, tais razões. A minha alma vai tomar atitude perante essas razões, mas eu não vou ficar aqui em pé diante desse objeto que está exposto, muito tempo. Porque se eu ficar em pé, os donos da loja vão perceber, vão achar esquisito. Eu vou dar uma volta por três quarteirões e daqui a pouco eu volto, e durante esse período de três quarteirões a pé, eu vou resolver se eu roubo ou não roubo."

* Posta uma tentação de roubar, os argumentos para não roubar vêm claros ao espírito

A batalha está posta. Porque os argumentos para não roubar vêm claros ao espírito, e não é só claro do ponto de vista lógico, mas vêm acompanhados de uma espécie de noção especialmente clara do esplendor, da beleza que há em ser honesto, em não roubar o que é dos outros, em se apropriar apenas do fruto do próprio trabalho ou daquilo que Deus faça chegar às nossas mãos de um ou doutro modo. O horror do roubo, está proibido por um dos mandamentos da lei de Deus etc., etc.

Depois, o horror da cadeia: "se agora a polícia me prende, eu, por causa desse objeto, à noite estou na cadeia; na hora de chegar em casa a minha família começa a ficar preocupada, Fulano não está chegando; eu telefono e explico: eu não posso ir jantar agora." A mãe pergunta ou a esposa, conforme a situação do indivíduo:

– "Mas guardo o jantar para você?"

– "Não!"

– "Mas por que não guardo, você não vai jantar aqui? Onde é que você vai jantar?"

A resposta se torna inevitável:

– "Eu estou na cadeia!"

– "Ah?! Você está na cadeia!? como é isso?!! Você roubou?"

– "Eu converso isso quando eu sair da cadeia..."

Quer dizer: roubei!

Bomba em casa! A mãe passa a noite chorando, a esposa passa a noite chorando. Os filhinhos veem isso, acordam. Perguntam por quê? A mãe perde a cabeça e conta por quê. As crianças choram também...

Porque ele fez essa desgraça e vai passar um ano na penitenciária, ou dois ou cinco anos, limpando escada, limpando pátio, engraxando sapato do diretor, sei lá quanta coisa!

Porque, porque, porque, ele quis ter aquele objeto! E aquele objeto ele não vai ter por que foi confiscado pela polícia para ser restituído ao dono. De maneira que ele só tem prejuízo e vergonha.

Os Anjos fazem-no sentir tudo isto com uma especial vitalidade, fazem com que ele sinta essa vergonha, fazem com que ele sinta a infelicidade que ele vai introduzir em casa, depois a vergonha que os filhos vão ter dele, ele não deveria ter feito isto, o pai agora é um sentenciado, saiu no jornal com a fotografia do pai com aquele gorrinho de sentenciado, com aquela roupa com aquelas listas. "Esse é papai, que coisa horrorosa!"

Ele perdeu todo o prestígio, ele está com a vida escangalhada...!

* O demônio age e começa a aumentar o brilho das perspectivas que se abrem se a pessoa comete o roubo

O demônio: "Olha aquele objeto, aquilo é um anel de brilhantes. Pode ser vendido por muito bom preço; na hora de vender, você mete um dinheirão no bolso. Você fica rico e você compra um automóvel, paga as prestações de sua casa que estão restando, e vai com a sua esposa fazer uma visita ao Rio de Janeiro. Assim é uma vida de outro que começa para você. Dentro de algum tempo você vai fazer uma visita à Europa. Olha aqui, em frente está numa vitrine exposta uma fotografia de Roma, e é a fotografia da Praça de São Pedro, você vai lá – é o demônio, hein! – rezar para São Pedro!...

“Peça agora a São Pedro que proteja o seu roubo, e você, quando chegar lá, ainda dá uma esmolinha para ele, põe na sepultura dele um dinheiro para algum pobre pegar. Agora, você não seja bobo e aproveite essa única ocasião da sua vida. Você pega isso, você vai embora, você dá volta naquele quarteirão de lá e some! Nunca ninguém nessa multidão vai perceber quem foi o ladrão. Você vai vender a joia, vai vender a pedra, mas não seja bobo, não venda aqui! Porque aqui a joalheria deve ter dado queixa à polícia. Você vai ao Rio de Janeiro ou vai a Buenos Aires onde a polícia não está avisada de nada e lá você venda a joia, num outro país, são polícias diferentes. E, olhe, a vida está feita!..."

Então começa o demônio a aumentar o brilho dessas perspectivas todas:

"Avião. Ele prestigioso, com a esposa no braço. Despedindo-se da família. Vai para Buenos Aires. Ele entra no avião e já marcado um hotelão para ele ficar em Buenos Aires. Chega no Aeroporto de Ezeiza, automóvel de primeira classe. Bancando o grande senhor – ele é um maltrapilho - entra no hotel, registra o seu nome. Profissão? – ele não tem por que não pode dizer que é ladrão, então ele mente, para quem rouba, mentir não é nada!

"Escreve: advogado, pronto! Quem vai perguntar para ele se ele não é advogado? Põe advogado. Esposa, dona Fulana de tal. De fato, essa senhora limpa escritórios durante a noite. Ele escreve: prendas domésticas. Quer dizer, senhora que está só em casa e não tem emprego porque é casada com um homem rico. Prendas domésticas!...

Começa a estadia em Buenos Aires...

Não sei se os senhores notam como é o tipo de ação do demônio e do tipo de ação dos Anjos?

E o homem fica entre essas duas ações como um pêndulo, depende de ele pender mais para um lado ou mais para o outro.

Ele diz para si mesmo: "Olhe, é terrível se eu for preso, mas é tão gostoso, e tão gostoso eu entrar nesse dinheirão que eu não tenho força para resistir. E eu de fato vou roubar. Eu estou isolado, não tenho força, não tenho mais resistência..."

* Se a pessoa recorresse ao Anjo da Guarda...

Esse homem ignora a existência dos Anjos. Porque se ele soubesse que um Anjo da guarda o acompanha sempre, e que é intercessor posto por Deus e que pede a Nossa Senhora e por meio dEla a Deus, que nos dê mais força; se ele soubesse dizer na ocasião em que ele está entre o bem e o mal, se ele soubesse dizer: "Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador, já que a ti me confiou a piedade divina, sempre me rege, governa e ilumina", viria uma graça interna e o demônio fugia, e esse homem se afastava do abismo. E o fato de ele não rezar porque ele não tem ideia de que um Anjo... [vira a fita]

...e já vou para longe desse brilhante porque esse brilhante é o brilhante da perdição. Eu vou tomar o primeiro ônibus que passar e que vai me levar para outra ponta de São Paulo, e lá, se eu encontrar uma igreja aberta, eu vou, me confesso para contar ao padre que eu vacilei entre o bem e o mal, para pedir ao padre uma bênção, rezar diante do Santíssimo e, se for a hora, eu assisto a Missa e comungo.

Resultado: paz na alma dele e o demônio estertorando no inferno. Foi o Anjo da guarda que venceu, aí não cabe megalice (orgulho).

O indivíduo na hora de dormir à noite pensa nos fatos do dia e diz: "Que grande homem eu sou, hein! Eu venci uma batalha bonita hoje, o demônio me tentou, eu sei que o demônio é um Anjo decaído, mas eu fui forte, empurrei o demônio na parede..."

[Esse] está na boca do demônio! Porque ele não tomou em consideração que ele não foi forte, quem foi forte é o Anjo a quem ele pediu forças, o Anjo deu a ele as forças, senão ele não resistiria. Ele estava para cair na hora de reza; é porque rezou que ele não caiu, do contrário caía. Então, quem foi forte é o Anjo, ele apenas soube fazer isso, essa foi a grande força dele.

Mas o fato é que na hora “H” ele fez isso, o Anjo disse “sim”, o demônio saiu correndo.

Essa é a batalha do homem como pêndulo entre Anjos e demônios. E, ora sendo arrastado pelos demônios ora pelos Anjos, mas livre. O homem é livre, e é ele que escolhe entre o Anjo e o demônio. E quando ele escolhe pelo Anjo é porque ele pediu auxílio ao Anjo e teve coragem de ir, porque o Anjo lhe deu coragem. Quando ele quer seguir o demônio, ele fecha os olhos para tudo isso e se perde, e muito possivelmente ele é pego de repente por um desastre de automóvel, morre naquela hora e vai para o inferno. É uma coisa que pode acontecer.

Pode também viver muitos anos, mas pode ser que ele se arrependa e volte para o bem, mas pode ser que, pelo contrário, ele vá praticando males cada vez maiores, pecados cada vez maiores. De maneira que ao cabo de algum tempo fique insuportável para ele aguentar a situação nesta terra. Pum! um tiro na cabeça e vai para o inferno!

Todas essas coisas podem acontecer.

* O Anjo é nosso aliado, ele foi posto por Deus para nos vigiar, para nos guardar

Então, a aliança qual é? O Anjo é nosso aliado, ele foi posto por Deus para nos vigiar, para nos guardar, para falar dentro de nossas almas desse modo. Nós sentimos às vezes uma força que entra em nós e que nos dá coragem, nós sentimos a capacidade de dar uma réplica, nós sentimos a capacidade de avançar sobre o outro, foi o Anjo que obteve essa graça. Nós devemos agradecer ao Anjo, mas nós devemos confiar.

Às vezes a pessoa diz: "Mas eu em tal ocasião eu não tive coragem nenhuma, por um triz eu não me perdi. Só não me perdi porque eu resisti fortemente, mas não tinha Anjo nenhum porque eu não estava sentido nada!"

Isso é uma lorota!

Os Anjos às vezes nos falam sem nós percebermos, a nossa alma se move na direção que o Anjo quis, mas nós não ouvimos a voz deles. Mas sabemos pela doutrina católica que todos os nossos movimentos bons são auxiliados por Anjos, e todos os nossos movimentos maus são auxiliados pelos demônios, e que nós somos o pêndulo entre o Anjo e o demônio. Nós temos diante de nós o tempo, estamos dentro do tempo, fora, tem um pêndulo e a eternidade. E ora nós nos inclinamos para o mal e caímos na eternidade infeliz, ora para o bem e subimos a eternidade feliz.

* O que se dá na luta individual nossa contra o demônio, dá-se também quando fazemos apostolado

Bem, isto que se dá na luta individual nossa contra o demônio, no auxílio que o Anjo nos dá individualmente, dá-se também quando fazemos apostolado.

Quando fazemos apostolado junto a alguém, nosso Anjo mais o Anjo da guarda desse alguém estão agindo sobre aquele rapaz no momento que nós falamos. Mas também os demônios estão agindo, quer os demônios que me tentam, quer os demônios que tentam a ele, estão agindo para me perder e para perder a ele.

De maneira que os Anjos de nossa salvação e os demônios de nossa perdição esvoaçam em torno de nós, procuram entrar dentro de nós.

Muito mais importante é quando a gente está na direção de um movimento qualquer do qual dependem muitas almas. Então, por exemplo, alguém tem um cargo na (sede da TFP no bairro da) Saúde e depende do fervor dele, das orações que ele faça enquanto ele está exercendo a função dele, que a função sai mais bem exercida. Se depende de ele não ter isso em consideração, a função sai chocha, ele está sem graça, as pessoas não se interessam, ele fracassa.

Por que não rezou? Por que não pediu? Porque ele não recorreu ao seu aliado, e o demônio foi o perdedor daquele outro, daquele outro e às vezes de vários outros... São cinco, são dez que tiveram uma reunião cacete porque o indivíduo que fez a reunião não pediu auxílio dos Anjos. E esses cinco ou dez, estariam destinados a chamar mais 50, e se perdem porque este fracassou. E no dia do juízo aparece A, B, C, D, X, 50 pessoas, 100 pessoas aparecem diante de nós e Deus diz:

– "Por que é que estes se perderam?"

Resposta:

– "Senhor, eu não os conheço."

– "Ah, tu não os conheces?... Mas eles teriam vindo à Saúde se você tivesse feito bem a sua conferência, porque assim outros teriam trazido a eles. E, portanto, como eles não vieram porque se perderam, e se perderam porque não foram objeto desta ação especial, por essa razão, você que não os conheceu é responsável por eles."

Os senhores estão vendo que a vida não é fácil!...

A salvação é dura, o apostolado é duro, por isso ele é grande! Porque as coisas que são moles, que são fáceis, são boas para os moleirões, para os patifes, para os pelintras, para os poltrões, a vida mole está boa.

Para nós não, é mesmo a vida dura! Nossa vida é dura!

A vida é um “vale de lágrimas”; nesse vale de lágrimas nós temos que lutar.

Se nós nos lembrarmos sempre que os Anjos são nossos aliados mandados por Deus junto a nós, que os demônios são nossos adversários que estão lutando contra nós e contra nosso apostolado, e se enquanto nós falarmos, enquanto Plinio Corrêa de Oliveira fizer uma conferência mas cada um dos que estão lá ouvir a conferência e de vez em quando fizermos jaculatórias pedindo a Nossa Senhora para dar calor e ânimo a nós que falamos, e de outro lado os que trabalham pelo demônio, chamarem o demônio para vir, a batalha será mais dura, mas será ainda mais gloriosa se os Anjos e os bons vencerem.

* Uma coisa que torna a nossa posição particularmente difícil: o Anjo pode não vir se a gente não pedir; o demônio se mete por toda a parte ainda que as pessoas não peçam...

Há uma coisa que torna a nossa posição particularmente difícil, é que o Anjo pode não vir se a gente não pedir.

O demônio é sem-vergonha, ele se mete por toda a parte ainda que as pessoas não peçam, ele já vem, ele percebe onde tem uma perdição e já vem ali para perder. Porque é o papel de “vira-lata” o dele, completamente desprezível.

De maneira que o mal não precisa pedir o apoio do demônio para ficar no mal porque o demônio o apoia ainda que ele não peça.

O bom muitas vezes precisa pedir o apoio dos Anjos para ficar no bem, porque senão pode ser que os Anjos não apoiem.

De maneira que a luta supõe de nossa parte muito mais energia do que para os maus, por isso é que somos premiados no fim. Porque se nossa vida fosse mole como a deles, não tinha prêmio, tinha castigo! Nós temos o prêmio porque é dura.

Resultado: amemos a dureza da vida!

Amemos a dureza da vida como o cruzado ama a dureza da batalha. Amemos de ser feridos, amemos de ser maltratados, amemos de ser caluniados porque Nosso Senhor foi ferido, maltratado, caluniado, morreu na Cruz!

Pode ser que nós fiquemos numa situação pior do que péssima no cumprimento de nosso dever, assim mesmo nós cumprimos nosso dever e acabou-se. O resultado: quando nós morrermos, temos o Céu que nos espera!

Vida dura, mas valeu a pena!

Agora, o que é que é a nossa vida? Nós podemos ter vida muito dura, mas quando nós morrermos, se nós tivemos a vida dura, vai acontecer muito melhor do que aconteceu no plano terreno a esse padre. Quer dizer, vêm ao nosso encontro as legiões dos Anjos, vem ao nosso encontro o nosso Anjo da guarda vitorioso e radiante, vem ao nosso encontro Nossa Senhora, os Anjos, os santos do Céu cantando a nossa glória e nós seremos felizes por toda a eternidade.

Assim, fiquemos bem seguros de que o nosso Anjo da guarda são nossos defensores firmíssimos, e recorramos a eles constantemente.

Com isso meus caros, o meu Anjo da guarda está me dizendo que são duas horas, e que eu já tenho que ir andando.

Me despeço e peço ao Padre Gervásio o favor de rezar as orações de encerramento.

(Padre Gervásio: Sr. Dr. Plinio, uma palavrinha rápida. O Evangelho de hoje diz o seguinte que Nosso Senhor foi para o monte Tabor, levou os Apóstolos São Pedro, São Tiago e São João. O Sr. conhece o fato, e de repente, Nosso Senhor se transfigura. E São Pedro então pede a Nosso Senhor que se fizessem três tendas ali. Mas uma voz do céu diz assim: "Este aí é meu Filho muito amado em quem pus as minhas complacências, escutai-O".

Aqui nós podemos fazer uma aplicação, aqui está um filho muito amado da Santíssima Virgem Maria e que depois dessas palavras magníficas, nós temos que dizer: Escutamos! [aplausos] Que Nossa Senhora nos dê a graça não só de escutar, mas que Ela nos dê, como Nosso Senhor falou para os apóstolos, dizei isso só depois da minha ressurreição. Mas aqui não dá só depois da ressurreição não, trata de que Ela nos ajude a dizer à toda hora e a todo o momento na sua luta, que o Sr. obtenha de Nossa Senhora a graça de abrir nossas almas inteiramente à Nossa Senhora, e que Nossa Senhora nos dê a graça de abrirmos a nossa alma inteiramente para o Sr.)

Agradeçamos ao Padre Gervásio as palavras tão generosas lembrando, entretanto o seguinte: que ele vai fazer uma coisa amanhã muito melhor do que fizeram São Pedro e São João vendo Nosso Senhor transfigurado: ele vai celebrar a Missa!

Quer dizer, pelas mãos dele Nosso Senhor vai renovar de modo incruento o santo sacrifício do Calvário.

Peçamos a ele que se lembre de nós nesta hora. E muito obrigado!

(Padre Gervásio: Com todo o prazer, Sr. Dr. Plinio!)


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