Plinio Corrêa de Oliveira

Palavrinha (breve exposição) de 26 de agosto de 1991

A D V E R T Ê N C I A

Gravação de conferência do Prof. Plinio com sócios e cooperadores da TFP, não tendo sido revista pelo autor.

A ilustração deste áudio é a ÚNICA foto que se conhece - ao menos até o momento - de Santa Maria Goretti (1890-1902), encontrada em 2011 no álbum de recordações dos Condes Mazzoleni que acolheram a família Goretti em sua propriedade, nas proximidades de Roma. Sua festa se comemora a 6 de julho.

Os senhores conhecem o caso, por exemplo, de Santa Maria Goretti, ouviram falar de Santa Maria Goretti?

(Sr. -: Sim.)

Os senhores sabem que ela sofreu um atentado, da parte de um homem tarado, um monstro, lá numa cidadezinha da Itália onde ela morava – não me lembro qual é – ela resistiu, reagiu tão completamente que foi morta.

Este sujeito foi preso pela polícia italiana, demonstrou-se o crime dele, ele foi para a penitenciária e pagou uma pena enorme, vinte anos, trinta anos, não sei quanto de prisão.

Durante esse tempo ele se arrependeu verdadeiramente, e foi um sentenciado modelar; ele pediu perdão etc., etc., escreveu à família de Santa Maria Goretti pedindo perdão e coisa e tal, e afinal de contas foi libertado, porque a pena dele até foi reduzida em algum tanto pela boa conduta que ele teve – e tudo leva a crer que a coisa tenha sido real, o arrependimento dele tenha sido efetivo como os senhores verão.

Quando ele estava para sair da prisão – ainda era prisioneiro – ele escreveu uma carta à mãe de Santa Maria Goretti, propondo a ela que para maior humilhação dele, no dia em que ele saísse da prisão ele iria comungar, e gostaria que ela estivesse presente para que aos olhos de todos o objeto do crime dele, aos olhos de todos ficasse patenteado, e fosse uma vergonha para ele. E que ele se sujeitava até a que ela estivesse na mesma mesa de Comunhão do que ele, para que o contraste, a vergonha fosse maior.

O gesto dele é bonito, mas ela sentiu isto de um modo diferente – muito compreensível – que a presença deste homem era dura demais para ela que era mãe da menina, que tinha sido dessa maneira trucidada por ele. É uma coisa que eu compreendo muitíssimo bem. E que, portanto, ela preferia – ele queria depois pedir perdão público a ela na igreja – ela preferia não ter contato com ele; que comungariam a certa distância na mesma mesa de comunhão, para provar aos olhos de Deus e dos homens que isto tudo estava perdoado, mas... que certas distâncias não se transpõem. E eu compreendo isto, eu vejo pela reação da maior parte dos senhores que é isto que se compreende, que isso é o natural. E assim se fez.

Os senhores imaginem que esse homem... esse homem foi de fato na realidade, entrou logo depois como irmão leigo para um convento franciscano – diríamos entre nós eremita servidor – para um convento franciscano, e parece que morreu lá vivendo bem etc. É preciso notar que era um tempo em que o progressismo ainda não tinha irrompido, e que cada convento era um foco de santidade, de virtude etc., para os senhores poderem medir o que é que isto tudo significa.

Agora, os senhores imaginem que em vez disso, quisessem que esse homem fosse alçado à categoria de rei do mundo. Os senhores julgariam isso um escárnio, um ultraje, um debique, uma coisa insuportável etc., era insuportável que esse homem fosse o rei do mundo!

Está bem, o caso do demônio é mil vezes pior; porque esse homem se arrependeu, pediu perdão, queria pedir perdão público, procurou todos os modos de se humilhar, e uma vez que – muito explicavelmente – a senhora Goretti aceitou apenas em parte isto, ele foi para um convento para uma função humilde – que aliás correspondia à situação dele antes do crime – para uma situação humilde, e cumpriu a sua penitência até o fim de sua vida, uma coisa muito razoável; mesmo assim não podia ser rei do mundo.

O que é que se dá conosco hoje? É que tudo se passa no mundo como se o demônio fosse o rei. Porque grosso modo falando, tirando exceções cada vez mais raras e cada vez menos fervorosas, o que nós vamos encontrar por toda a parte, é que a lei do demônio é seguida por todos, a doutrina do demônio é aceita por todos, tudo se passa como o demônio quer que se passe, e os homens executam aquilo que ele quer, organizado toda uma rede enorme, de uma conspiração anticristã de todos os homens para perderem o mundo, e por meio destes bandidos ele é o rei da terra.