Plinio Corrêa de Oliveira

 

Escravo de Maria eu termino este Ano,

escravo de Maria

começo o Novo Ano!

 

 

 

 

 

 

 

 

Santo do Dia de 29 de dezembro de 1984

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A D V E R T Ê N C I A

Trechos de gravação de conferência do Prof. Plinio a sócios e cooperadores da TFP, não tendo sido revista pelo autor.

Se Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério tradicional da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras "Revolução" e "Contra-Revolução", são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro "Revolução e Contra-Revolução", cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de "Catolicismo", em abril de 1959.

Atendendo ao pedido dos mais jovens da TFP, o Prof. Plinio narra como transcorria a passagem de Ano quando era jovem e as orações que costuma fazer nessa ocasião.

O belvedere e o restaurante no Parque Trianon (junto à Av. Paulista, em São Paulo, mencionados nessa reunião) existiram até inícios da década de 50 do século passado.

 

Eu já contei aqui qual foi a primeira passagem do ano em que eu rezei... Eu acho que sim. Os senhores às vezes me fazem repetir um pouco as histórias, mas enfim... Em fim de ano, vamos lá. Os senhores sabem onde é o Trianon na Av. Paulista, não é? Onde tem o museu de arte moderna etc. Ali tem um terraço e depois, sobre estacas, um prédio medonho, o museu de arte moderna, ou de arte, simplesmente não sei bem.

E ali embaixo, como o terreno é em declive, há janelas, etc., para fora, e aquilo deve estar sendo aproveitado para outras coisas. Antigamente toda esta parte de baixo era tomada por uma imensa sala de festas. E a primeira vez que eu rezei na passagem do ano, eu tinha mais ou menos uns 14, 15 anos, e a alta sociedade de São Paulo comparecia a um baile de fim de ano que havia lá. Mas aquilo era um tempo, meu tempo de moço, de muito mais esplendor do que o tempo de hoje.

São Paulo era uma cidade muito menor, mas havia muito mais pessoas ricas, e essas pessoas eram todas do mesmo  ambiente, se conheciam umas às outras, e com muita distinção, muita tradição ainda nobiliárquica do tempo do império, e do mundo geral não era só isto, o mundo todo era mais educado naquele tempo.

E houve este baile no Trianon, e meus primos, minha irmã foram, e eu era dos mais moços, mas fui convidado a ir também, e pela primeira vez pus um smoking numa festa, e fui de smoking ao baile. Quando eu cheguei ao baile, o salão estava magnificamente adornado, todo cheio de mesinhas, e no centro uma pista de dança, as mesinhas formavam uma espécie de meia-lua em torno da pista de dança, e as famílias, à medida que chegavam iam sentando.

Eu com a minha família também me sentei, e começaram a servir. A orquestra [começa] a tocar, começaram a servir, e os senhores sabem que eu nunca fui insensível a isto, uma galantine estupenda! Que absolutamente não me deixou indiferente, e que completou harmoniosamente as impressões agradáveis da sala e do ambiente. Mas, de outro lado, enquanto eu via a atração daquilo tudo, eu percebia também quanto aquilo tudo atraía para o oposto. Quanto tinha de mundano, de superficial, de gozo da vida, sem ideal nem nada, e me sentia atraído, mas ao mesmo tempo me sentia puxado para onde eu não queria. E diante disso, muito perplexo. Quando eu vejo de repente – as coisas passam quase simultaneamente, entoam o Hino Nacional, e todas as pessoas se levantam: as senhoras, homens, todos se levantam e tocam o Hino Nacional.

E entra um velho, naturalmente gente paga, um velho, um homem que fazia o papel de velho, apoiado sobre uma bengala, andando com dificuldade etc., e todo esfarrapado. E um moço, também era um moço pago para isto, vestido com um smoking rapado, mas que enfim pretendia ser um bonito smoking, que entra dando pontapés no velho, e expulsa o velho do outro lado. Era o ano novo que entrava expulsando o ano velho. E enquanto isto o hino nacional tocava.

E eu pensava: que mentalidade é a desse ambiente. Este ano que agora acaba foi o moço do ano passado. E expulsou o ano anterior aos pontapés. Daqui há um ano vamos ter horror deste moço, porque a vida causa horror, o sofrimento que ela dá. Essa gente não olha isto. E com o pavor de me deixar levar.

Os outros entoavam o hino nacional, eu estava respeitosamente de pé, associando-me a este ato. Mas, meu coração foi mais alto do que o Brasil e eu rezei a Nossa Senhora.

Por que a Nossa Senhora? Os senhores já sabem.

Que oração, os senhores já sabem também: Salve Regina!

E nesse lugar eu formei a resolução de nunca deixar passar um ano sem recitar a Salve Regina. Entretanto, não posso dizer que tenha cumprido esta resolução, porque apareceu coisa melhor. Quando eu tinha 22 anos, mais ou menos, eu li o Tratado da Verdadeira Devoção a Nossa Senhora de São Luís Maria Grignion de Montfort. E eu compreendi que era muito bonito a gente rezar a consagração na passagem do ano. Como quem diz: escravo de Nossa Senhora eu termino, escravo de Nossa Senhora eu começo!

Não abandonei a Salve Regina, rezo-a antes, e logo depois vem a consagração!


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