Plinio Corrêa de Oliveira denunciou em seu nascedouro a revolução progressista dentro da Igreja Católica (1943)

 

 

Reunião para Correspondentes Esclarecedores da TFP brasileira, 15 de junho de 1987

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A D V E R T Ê N C I A

Gravação de conferência do Prof. Plinio com sócios e cooperadores da TFP, não tendo sido revista pelo autor.

Se Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras "Revolução" e "Contra-Revolução", são aqui empregadas no sentido que lhes dá Dr. Plinio em seu livro "Revolução e Contra-Revolução", cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de "Catolicismo", em abril de 1959.



 

Há duas formas de vencer a Revolução: uma forma é retardá-la; outra forma é cortar-lhe o passo, quer dizer, acaba, eliminou, cessou e some da Terra.

A TFP pode retardar a Revolução e tem retardado a Revolução, e com isto prejudicá-la muito, porque uma Revolução pode ser comparada a certos bolos, ou a certos pratos que quando a dona de casa faz, em certo ponto ela quer que a família entre e coma, porque do contrário aquilo passa do ponto e estragou. Assim a Revolução também! Ela tem um certo ponto, se a gente atrapalhar de maneira que na hora "H" ela não possa dar o golpe "G", o golpe será muito menor e como cada golpe é a fonte de outro golpe, a série de pancadas que vem depois é menor.

Não sei se está claro?

(Sim)

Então, nós temos travado muito a Revolução. Como é que nós travamos?

A Revolução procede sempre de soslaio, quer dizer, às ocultas, ela não entra como um leão, ela entra como uma cobra, e prepara o terreno, depois que o terreno está bem minado, é que ela pula e dá um golpe. Ela é mais ou menos como um caruncho que toma conta de uma árvore, depois que o caruncho apodreceu toda a árvore, vem um bicho qualquer, um gato do mato, qualquer coisa, dá uma sapecada na árvore, a árvore cai no chão.

Mas em geral, quando o senhor vê a Revolução na rua, fazendo - agora - fazendo bagunça etc., etc., o senhor não pense: "Que colosso eles estão derrubando a atual ordem". Não é verdade! Eles estão derrubando uma coisa que eles levaram dezenas de anos, em certo sentido mais de cem anos carunchando.

E nosso papel é cortar a carunchagem. Como é que a gente corta o carunchamento?

A Revolução entra num determinado ambiente, normalmente é como ela faz, entra em determinado ambiente velado o que é que ela quer. E dizendo assim apenas alguma coisinha do que é que ela quer. E a pessoa levada por aquilo não vê a maldade do negócio e diz sim para a coisa. Quando diz sim, de fato ela põe na injeção que ela deu na pessoa uma gotinha de cocaína. Daí há pouco ela passa, no dia seguinte:

- Você se deu bem com aquela injeção?

- Ah, muito, até estou eufórico.

- Ah, você não quer então uma dose um pouco maior?

- Ah, dá cá.

- Eu vou dar uma injeçãozinha hoje...

Ao cabo de um mês o sujeito está viciado irremediavelmente na cocaína. Vai aumentando a dose, aumentando a dose, o sujeito vai ficando preso naquilo e não pode largar.

Como é o jeito de cortar o passo para um homem desses? É denunciar à vítima: "Cuidado este homem dá injeção de cocaína".

 Não tem outro. E em certo momento está perdido.

Então é o que fazemos de todo os lados.

Veja por exemplo - eu vou dizer daqui a pouco o porquê disso - em 1943, eu escrevi um livro chamado "Em Defesa da Ação Católica". Esse livro era um brado de alerta contra esse progressismo naquele tempo hein!? Nós estamos em 1987... Naquele tempo estava começando a entrar na Igreja. Eu denunciei, foi uma coisa feroz.

Resultado: é que aquilo levou uma trombada, e o meio católico se dividiu. Alguns abriram os olhos e recusaram. Outros, pelo contrário, indignaram-se contra mim e me perseguiram; mas eu deixei rachado o negócio. Rachei a árvore. O caruncho pegou uma parte da árvore, a outra continuou de pé.

Os senhores, por exemplo, por que estão aqui? Em última análise é porque os senhores receberam uma formação religiosa num ambiente qualquer, por onde os senhores tinham no fundo da alma uma certa apetência daquilo que lhes está sendo dito. Os senhores já queriam. Por quê? Porque encontraram algum apoio onde se sáia alguma coisa boa.

Por que é que encontraram? Em numerosos casos é porque em 1943 isto levou uma rachada! E está rachada fez com que os senhores estivessem do lado certo da árvore... Os antepassados dos senhores, os senhores seus pais, não sei, padres que os formaram, não sei o quê, mas casos assim...

Quando os senhores começaram a abrir os olhos para a Revolução, ela já estava crescendo, mas os senhores se assustaram. Quando conheceram a TFP, vieram.

Agora, eu compreendo que os senhores me façam essa objeção: "Mas Doutor Plinio, o senhor não se iludirá sobre sua própria obra? Um livro escrito pelo senhor, produzir uma fenda dessas? É frequente a gente encontrar na História autores que escrevem livros que imaginam que os livros remexeram a Terra! Mas estão enganados, é megalice! Doutor Plinio, com todo respeito, não será megalice sua?"

É uma pergunta que pode vir.

Eu, hoje, estava manuseando uma prova brilhante disso, deslumbrante! Vai ser feito, aliás, um audiovisual disso e vai ser passado oportunamente aos senhores também. Sobretudo se os senhores insistirem com meu prof. Glavan, e com outros que não se esqueçam.

Não sei se já conhecem a palavra "zupi" [esquecimento]. Que não "zupem" o negócio!

Mas eu recebi um livro que era o seguinte: em Roma há uma grande faculdade de Franciscanos chamada “Antonianum”. Os franciscanos novos, jovens, mais inteligentes, de mais futuro, são mandados pelos superiores para estudar lá. Esses franciscanos.... (Vira a fita) ....os professores dessa seção, são também notabilidades franciscanas do mundo inteiro, mas então de nações europeias, norte-americanas etc., etc., alguns da América do Sul também, que são convocados para lecionar lá.

E há um frade brasileiro, cujo nome no momento eu não me recordo [Frei José Ariovaldo da Silva O.F.M.], que escreveu então, uma tese, para ser aprovado no exame final. A tese é um livro que o sujeito escreve, sustentando um ponto da História, mas um ponto novo sobre o qual haja pouca coisa escrita. E ele, de acordo com os melhores métodos da prova histórica, ele tem que saber contar bem o que é que aconteceu, e tem que dar provas, documentos etc., e tudo tem que estar dentro do livro. Aí vão examinar - se ele é um historiador e um historiador de classe! Porque se ele diz uma coisa que faz sentido, se ele provou bem, se ele narrou bem, e se ele provou bem, se ele encontrou documentos para apoiar tudo quanto ele diz. Se está assim ele é aprovado, do contrário, pssssit! [nota] zero!

Ora a tese era “O Movimento Litúrgico no Brasil”, nos anos X a X, compreendendo o período em que eu escrevi esse livro. Um terço do livro é sobre o meu livro "Em Defesa da Ação Católica", dizendo - ele é que diz, adversário nosso, fala muito mal do livro: o livro estragou o movimento progressista que vinha nascendo no Brasil, o livro trincou o movimento, o Dr. Plinio fez isto, quer dizer, ele propagou o livro por todo o Brasil, e provocou descontentamentos, e provocou polêmicas, depois Dr. Plinio escrevia para Roma, e Roma dava ouvidos ao Dr. Plinio. Roma chegou a escrever uma carta reservada de repreensão ao Episcopado brasileiro, porque estava dando uma orientação diferente de Dr. Plinio etc., etc. Coisas que eu não sabia, mas ele que consultou o arquivo do Vaticano, ficou sabendo, ele afirma.

Os padres que fazem exame da coisa: está aprovado!

Então - aliás os senhores querendo eu arranjo um exemplar desse livro, os senhores podem folhear - é um dos feitos da TFP. A rachada da árvore!

Está respondido meu caro?

(Aparte: Pode arranjar para cada um de nós um livro?

O livro, eu há uns dois ou três anos, estou procurando o livro, e só agora me caiu nas mãos. Porque parece que eles aprovaram, mas de repente se lembraram que o livro podia servir de argumentos para mim, e trancaram. E é dificílimo conseguir. Eu posso ver se arranjo um xerox do livro, para verem, circular entre os senhores. Mas este livro para nós é uma preciosidade! Se eu empresto é uma prova preciosa que sai das nossas mãos.

Aliás, eu tenho certeza que os nossos mais antigos, que me acompanharam naquela luta, Dr. Rodrigues, Dr. Milton, um pouco mais tarde o Sr. Paulo Martos, e quantos outros, Sr. Glavan, e tantos outros que eu estou vendo aqui, gostariam de ler este livro também. Mas eu preciso andar com cuidado.


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