Plinio Corrêa de Oliveira

 

Nossa Senhora:

modelo de todas as mães

 

 

 

 

 

 

 

Santo do Dia, 26 de fevereiro de 1987

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A D V E R T Ê N C I A

Gravação de conferência do Prof. Plinio com sócios e cooperadores da TFP, não tendo sido revista pelo autor.

Se Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras "Revolução" e "Contra-Revolução", são aqui empregadas no sentido que lhes dá Dr. Plinio em seu livro "Revolução e Contra-Revolução", cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de "Catolicismo", em abril de 1959.


 

Havia uma coisa que não decepcionava nunca: era o amor materno. A boa mãe só não era solidária com o pecado de seu filho, fora disso todo resto solidariedade integral até o fim. Isso inclusive contra o marido, contra o que fosse, filho dela era o filho dela, não tinha mais conversa.

Essa noção se reporta a Nossa Senhora, porque se assim é ou deve ser a mãe, então, Nossa Senhora que é mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo, e Mãe de todos os homens, e Mãe de todas as mães, Nossa Senhora tem essa disposição materna elevada a um grau inimaginável.

De maneira que com cada um de nós, aconteça o que acontecer, e peque como pecar, está no caso de se acercar dEla e dizer: “Minha Mãe, vede que canalha está aqui. Está bem, eu sei que sou vosso filho e Vós sabeis que sois minha mãe, e em nome disso, eu confio na vossa misericórdia, me ajoelho diante de Vós e digo a Salve Rainha, ou digo o Memorare. Porque eu sei que se Judas Iscariotis tivesse vindo pedir-Vos perdão – ou simplesmente tivesse querido ver-Vos, mais nada – com o bolso ainda cheio das trinta moedas da infâmia, Vós não o rejeitaríeis, e Vós conversaríeis com ele e durante o mesmo tempo pediríeis ao vosso Divino Filho a graça de ele jogar fora as moedas, para depois poder começar uma conversa. Mas faríeis isso.

Bom, minha Mãe, por pior que eu tenha feito, eu não fiz o que fez Judas. Se eu tivesse a desgraça de ser Judas, com a mesma confiança eu iria a Vós. Porque se eu sei quem eu sou, eu sobretudo sei quem sois Vós, eu conheço minha infâmia, mas conheço vossa santidade. E por isso “gemendo sob o peso dos meus pecados, me prostro a vossos pés”. E concluo com o Memorare: não desprezeis as minhas súplicas. Eu sei que merecem desprezo, mas não de Vós que sois Mãe, mas dignai-Vos de ouvir propícia – “propícia” quer dizer bondosa – de alcançar-me o que vos rogo. Eu Vos peço perdão. Eu sei, de antemão, que eu teria o caminho aberto para o perdão da pior infâmia, não tem conversa.

Não é o caso de desesperar, desesperar nunca, porque Ela existindo não se desespera. A gente tem esperança mesmo na mais pavorosas das situações.

Devo dizer mais: que se nessa hora me fosse dado ver a disposição dEla a meu respeito, se me fosse dado vê-lA, eu perceberia que Ela estaria me olhando com tal bondade que me racharia a alma e me converteria. Eu veria nEla uma tristeza enorme pelo meu pecado – é certo que eu veria – mas por cima mesmo dessa tristeza, um começo de alegria: afinal ele veio! E com esse começo de alegria, um começo de benefício; Ela que me atraiu para eu vir, eu venho e Ela começa a me atrair mais a Ela, mais a Ela, mais a Ela, enchendo-me de dor, enchendo-me de vergonha, vou vivendo, vou renascendo; isso sou eu, mas aquela é Ela.

Bem, quem é Ela? Mãe de um miserável; Mãe de Judas e Mãe de Jesus Cristo. Que diferença!...

No Nosso Senhor morrer é absolutamente certo que Ela fez um milagre desse gênero, porque o bom ladrão se converteu. O bom ladrão não pode ter se convertido sem que Ela tenha pedido por ele. Quer dizer, se o bom ladrão se converteu é porque ali estava Nossa Senhora, que vendo o Filho dEla sofrer daquele jeito, caminhar para aquela morte, não se deixou absorver só sobre isso, mas também foi Mãe daquele miserável. Mãe do Cordeiro de Deus e Mãe dos dois bandidos que estavam lá. E rezou ao Cordeiro de Deus pelo bandido, e o bandido se arrependeu. Quem sabe se Ela rezou depois de ver o bandido dizer uma injúria particularmente atroz contra Ele... Quem sabe se ele clamou injúrias contra Ela, e Ela rezou ainda mais. Com certeza rezou pelo outro bandido também, mas o outro recusou, e o bandido bom não recusou.

O primeiro santo canonizado na história é um bandido. E este não foi canonizado por um Papa – é o suficiente ser canonizado por um papa – mas ele foi canonizado pelo próprio Nosso Senhor Jesus Cristo.

Mas é frequente que uma alma tendo recebido de Nossa Senhora a graça de uma grande emenda, de um grande apuro, salvo de um grande apuro qualquer, ela recebe no mesmo instante algo que é como se tivesse tido um contato com Nossa Senhora. Não é uma visão, não é uma revelação, não é nada, mas é algo que é como se tivesse tido um contato com Nossa Senhora. E nesse momento lhe fica algo para a vida inteira. E ela toma, por assim dizer, um conhecimento experimental do que é a bondade de Nossa Senhora.

É como se Nossa Senhora lhe tivesse aparecido com um sorriso, ou se Nossa Senhora simplesmente houvesse tocado com a mão no ombro. Os senhores sabem que simplesmente de Ela tocar com a mão celeste dEla no ombro de qualquer um de nós, nós A reconheceríamos, não é? Ainda que não A víssemos, nos sentiríamos inundados de virtude e de felicidade. Diríamos: foi a mão dEla que tocou em mim... 

Nota: Para outros comentários de Dr. Plinio sobre o assunto, clique em mariologia.


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