Plinio Corrêa de Oliveira

 

A escravidão de amor a Nossa Senhora

Qual a importância dessa devoção?

 

 

 

 

Auditório São Miguel, Santo do Dia, 27 de dezembro de 1986, sábado

  Bookmark and Share

 

A D V E R T Ê N C I A

Gravação de conferência do Prof. Plinio com sócios e cooperadores da TFP, não tendo sido revista pelo autor.

Se Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras "Revolução" e "Contra-Revolução", são aqui empregadas no sentido que lhes dá Dr. Plinio em seu livro "Revolução e Contra-Revolução", cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de "Catolicismo", em abril de 1959.



 

 

Meus queridos filhos e escravos de Nossa Senhora segundo o método de espiritualidade do grande São Luís Maria Grignion de Monfort!

Tudo leva a crer que, no Céu, a esta hora, o grande São Luís Maria Grignion de Montfort, aos pés de Nossa Senhora, esteja sorrindo e pedindo a proteção dEla para vós.

Com efeito, já vos foi dito com certeza, mas eu quero aqui repeti-lo, na solenidade desse momento: esta devoção de São Luís Grignion a Nossa Senhora não é uma devoção qualquer. Toda devoção é respeitável, toda devoção aprovada Igreja deve ser vista por nós com bons olhos, ela é útil e conduz ao nosso bem. Mas esta devoção se destaca entre muitas outras pelo fato de ela ter sido inteiramente pensada por aquele que talvez seja o maior dentre os escritores sobre Nossa Senhora em todos os séculos, que foi São Luís Maria Grignion de Monfort, Santo missionário francês que viveu no século XVII.

Ele era um homem simples; ele era um homem humilde. Ele conseguiu com dificuldade os recursos para se ordenar sacerdote. E teve depois dificuldades ao longo de toda a sua vida, e as maiores dificuldades. Mas ele teve um êxito brilhante, e sobre isto eu quero vos dizer umas palavras.

Ele foi destinado por Nossa Senhora desde a infância a ser um grande doutor da devoção a Ela, um grande escritor da devoção a Ela; ele fez estudos especiais sobre este assunto, escreveu esse “Tratado da Verdadeira Devoção a Nossa Senhora” que é uma maravilha e uma obra prima de cultura, de erudição, de pensamento profundo e sobretudo da fé ardente.

E o pensamento que ele desenvolve é esse: que Nossa Senhora, por vontade de Deus, Nossa Senhora é a Medianeira de todas as graças, de maneira tal que todas as orações que todos os homens fazer por toda a  terra, só são agradáveis a Deus, porque esses homens rezam a Nossa Senhora, e pedem a Nossa Senhora para que transmita as orações deles. Ela ao transmitir acrescenta o valor das orações dela. E porque as orações dela têm um valor incalculável, por esta razão então as nossas orações voam!

Seria um pouco, se nós imaginássemos uma bela pétala de uma flor. Uma pétala de uma flor por si não pode voar. O vento pode colhê-la e levá-la para algum lugar. Mas, por si, a pétala morre e cai no chão. Ela não tem um voo próprio. Mas os senhores imaginem que um pássaro lindíssimo de penas de um colorido maravilhoso, de uma configuração admirável, com um bico que parece ouro, toma esta pétala e a leva até ao mais alto de um monte. E ali deposita, por exemplo aos pés de uma imagem de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Aí, a pétala pode tudo!... ela pode os maiores voos. Por quê? Não é porque voe ela; o pássaro admirável tomou a pétala pelo bico e voou, depositou aos pés de uma imagem, por exemplo do menino Jesus. E ali a pétala fica protegida pelos Anjos.

Assim é nossa oração. Nossa Senhora toma a nossa oração, Ela, e porque Ela é a ave perfeita, é a Virgem Imaculada, concebida sem pecado original, Mãe de Deus, Corredentora do gênero humano, aos pés da Cruz Ela sofreu mais do que qualquer mera criatura sofreu no mundo, vendo o Filho dEla morrer do modo dramático que os senhores conhecem, por esta razão Ela tem o direito de ser acolhida por Deus. Então, Ela toma aquela oração e eleva até Deus; levou está tudo resolvido!

Os senhores me dirão: “Mas o culto dos santos? O culto a São João, a São Pedro, o Santo Antônio, não vale nada?”

Serve para nós pedirmos a Nossa Senhora. Isto é uma verdadeira cadeia, uma cadeia de ouro que nos leva até Deus. O nosso Anjo da Guarda, um santo de nossa devoção, um Santo a quem temos rezado a ele, pede a Nossa Senhora por nós. Nossa Senhora recebe aquilo com boa vontade, com disposição materna, e encaminha então Ela ao Divino Filho Dela: este é o grande voo! Este é o grande trajeto que vai da mera oração dos meros homens à oração da Mãe de Deus. Pura criatura, Ela não tem nada de divino, mas Ela é Mãe de Deus.

Para os senhores calcularem o valor desta mediação, os senhores tomem em conta que São Luís Grignion ensina que porque tudo quanto Ela pede Ela obtém, o que todos os Anjos e Santos do Céu pedissem a Deus, unidos, mas sem ser por intermédio dEla não obteriam. O que ela pede sozinha, Ela obtém. É natural! É a Mãe dEle!...

Os senhores calculem que Nossa Senhora, quando Ela foi concedida pela mãe dEla, Sant’Ana, Ela já foi concebida com a intenção de Deus de que Ela fosse Mãe do Messias, a Mãe do Salvador do gênero humano. E Ela foi livre do pecado original desde o primeiro instante do ser dEla. De maneira que concebida em Sant’ana, já naquele primeiro momento Ela não teve efeito do pecado original nenhum. E Ela nunca teve a menor imperfeição em sua vida espiritual até o momento de Ela morrer e de entregar sua alma a Deus!

Ela continuamente progrediu e progrediu do maior progresso que poderia ser feito. De maneira que Ela deu a Deus, durante toda a sua vida, uma alegria perfeita!

A gente compreende que uma tal criatura Deus A amasse de modo especial. E por causa disso Deus resolvesse encarnar-se nEla e ser filho dEla.

Como é que se deu isso? Os senhores conhecem e é que quase supérfluo estar repetindo. Mas para reunir estas noções numa só noite, vale a pena dizer sobre isso uma palavra.

Os senhores conhecem o fato maravilhoso: Ela estava rezando na Casa de seu casto esposo São José, e deEa, e com certeza Ela estava pensando sobre o Messias. E há até quem afirme que Ela estava pensando como que seria o Salvador prometido por Deus a Israel, e que deveria nascer da raça de David. Ela era da raça de David. E Ela com certeza estava pensando em quais seriam os traços físicos, e como seria. E no momento em que Ela acabou de traçar o quadro moral e físico perfeito de Messias, psssst! aparece para Ela um Anjo! Que a saúda como os senhores sabem, e diz a Ela que Ela é predileta do Altíssimo, e que Ela vai ser a Mãe de Deus. Ela ficou muito perturbada com essa saudação, porque na humildade dEla, o que Ela estava pedindo era ser escrava da Mãe de Deus que viria. E da Mãe do Messias. E vem o Anjo e convida a Ela para ser Mãe do Messias. Abismada. o Anjo teve aquelas palavras famosas: “não temas, ó Maria”. Não tenhais medo, porque Deus faria as coisas correrem perfeitamente etc., etc., e perguntou se Ela aceitava. E Ela teve a resposta maravilhosa em que o conceito de escrava aparece mais uma vez: “Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a vossa palavra”.

Naquele momento o Espírito Santo, a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade que estava no alto do Céu presenciando a cena, naquele momento o Divino Espírito Santo, puro espírito, gerou castamente o Menino Jesus dentro dEla. E começou a gestação de Nosso Senhor em Nossa Senhora, Ela começou a gerar o Corpo dEle. A alma já estava posta e era ligada hipostaticamente à Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. O que significa que o Menino Jesus formava com a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade uma só Pessoa!

Então Deus passou a habitar nEla. Mas pelo processo da gestação, o corpo dEla ia dando sempre mais alguma coisa para constituir o Corpo dEle; a Carne dEle era a carne dEla, o Sangue dEle era o sangue dEla. E Ela rezava insensatamente para Ele. E Ele conversava com Ela! E Ela era o trono e o palácio no qual habitava o Filho de Deus Encarnado!

A cada elemento físico que Ela dando a Ele, Ela sabia. Não é como o comum das mães que não sabe. Ela conhecia tudo o que se passava nEla, porque Ele era concebido sem pecado original. Então a formação de cada membro dEle, por exemplo cada olho, cada ouvido, Ela ia pensando o que Ele ia ver, o que Ele ia sentir, o que é que Ele ia ouvir: palavras de entusiasmo, mas também ofensas cruéis, brutalidades, atos de adoração magníficos... toda a vida dEle ia se desenrolado aos olhos dEla na medida em que Ela ia gerando o Corpo dEle.

Quando a geração estava completa, era a noite de Natal! Maria, Virgem antes do parto, foi Virgem durante o parto e foi Virgem depois do parto. De maneira que durante o processo de nascimento, por algum modo maravilhoso, milagroso, Ele nasceu sem romper a virgindade da Mãe. E em certo momento, estando na gruta... que gruta!? Que catedral no mundo é comparável a esta gruta? Que palácio, que cidade que país, que monumento é comparável a essa gruta? Esta é A gruta! O resto é buraqueira dentro da terra. Então Ele nasceu. Na gruta tinha apenas Nossa Senhora e São José.

Nossa Senhora deveria estar resplandecente de glória e Ele também. E os senhores podem imaginar São José curvado de honra, de glória e de piedade, de adoração ao Filho, de veneração à Esposa, o primeiro homem, tirando Nossa Senhora, que era também criatura humana, a adorar o Menino Jesus...

E aí se põe uma cena que eu gosto de pensar: Nossa Senhora pela primeira vez olhou para Ele, e com certeza os olhos se encontraram! Pela primeira vez Ele, com os olhos terrenos dEle, viu a Mãe admirável que Ele tinha feito para Si. E Ela viu o Filho adorável que Ela tinha gerado. E se amaram de um amor como nunca ninguém tinha amado ninguém na terra.

Ele, segundo os presepes representam muito bem, notem todos os presepes Ele está com os braços abertos, é para indicar a forma da cruz! Ele veio para ser crucificado, veio para expiar por nós, e Nossa Senhora sabia disso. E quando os viu em forma de Cruz, com certeza Ela consentiu: “Eu concordo, Meu Filho deve ser crucificado. Esse Filho adorável, esse Filho perfeito, esse Filho a quem Eu estou amando como todas as mães juntas de todas as épocas não amariam seu filho único, esse Filho Eu entrego ao Padre Eterno como vítima. Quando chegar a vez dEle ser morto e de uma morte crudelíssima, Eu estarei aos pés dEle, continuando a dizer ao Padre Eterno: Eu Vos dou Meu Filho. Sacrificai-O, imolai-O para o bem dos homens!”

Os senhores compreendem quem é Nossa Senhora, e os senhores têm aí a razão pela qual é altamente desejável, é altamente louvável que os senhores se consagrem a Nossa Senhora tão completamente.

O que quer dizer aí a escravidão? São Luís Grignion de Monfort explica bem: e fazer todas as vontades dEla. Como é que nós conhecemos as vontades dEla? Nós conhecemos a vontade dEla seguindo antes de mais nada os Mandamentos de Deus e da Igreja.

O que Nossa Senhora quer de mim? Antes de tudo que eu cumpra os mandamentos, os Mandamentos de Deus e os Mandamentos da Igreja. Então, por amor a Ela eu vou seguir porque Ela quer, eu me consagrei a Ela, eu vou seguir.

Mas Ela que me deu a vocação, me deu o chamado de ser escravo dEla, Ela me dará forças especiais, me dará graças especiais. E com isso eu vencerei grandes batalhas, mas eu observarei durante a minha vida inteira os Mandamentos de Deus e os mandamentos de Igreja!

Às vezes parece que não, às vezes há situações na vida de um homem em que ele tem a impressão de que se é um navio que foi abandonado no meio da tempestade. Porque as tentações, os problemas jogam o navio de todo lado, e parece que o navio vai a fundo! Quando a Providência permite que o navio esteja entregue a essas tempestades, Ela está abandonando o navio ou está dando uma honra ao navio? Ela está dando uma honra.

Nas ocasiões difíceis não se julguem abandonados. Pensem o contrário: estou convocado para uma grande batalha! É uma honra! Minha Mãe, Mãe de Misericórdia, Mãe de Jesus Cristo, Meu Senhor, tende pena de mim e ajudai-me! Mas eu vou meter mãos à obra! E eu vou ensinar à tempestade como são as coisas!

São Luís Grignion de Montfort pensou assim

São Luís Grignion de Monfort pensou assim. A vida dele teve obstáculos de toda ordem, não é o momento de contar esses obstáculos aqui; tenho impressão de que foram contados aos senhores. Mas o fato concreto é o seguinte: é que ele, apesar desses obstáculos, ele se pôs a evangelizar e a ensinar a devoção a Nossa Senhora aos camponeses da zona da Vandeia e da Bretanha na França.

Mais ou menos uns cento e tantos anos depois, estoura a Revolução Francesa. É a II Revolução. A primeira foi o protestantismo; a segunda, a Revolução Francesa e a terceira é o comunismo.

Bem, arrebentou esta revolução e a França inteira amolecida se entregou. Mas os filhos e netos dos camponeses evangelizados por São Luís Grignion se levantaram de armas na mão! E quando os revolucionários entraram para destruir as igrejas deles, para proibir o culto etc., eles formaram uma das mais belas guerrilhas de história, chamada la Chouannerie! Era o fruto da devoção a Nossa Senhora!

Isto é o que eu tinha a lhes dizer.

Estas são as palavras, estas são as preces, esses os votos que eu deposito, reverente, aos pés do Presépio.

Eu lhes aconselho a todos que, antes de ir embora, vão lá diante do Santíssimo Sacramento, façam uma inclinação, rezem um instante. Tem ali a imagem de Nossa Senhora do Bom Conselho. Os senhores receberam um tão bonito medalhão, rezem diante desta imagem um pouco e vão ao Presépio e pensem: ali o Menino Jesus começou a Sua grande batalha.

Cada um dos senhores, como escravo da Virgem, está começando a sua grande batalha hoje. Peçam força a Nossa Senhora! Fé antes de tudo fé! Fé católica, apostólica, romana, intensa, que lhes dê a convicção do mal que há no pecado, a admiração do bem que existe na virtude, sobretudo a virtude que corre mais risco em vossa idade que é a virtude da pureza. Pedi, então, firmeza na pureza, pedi coragem, pedi forças para enfrentar este mundo pagão.

Os senhores serão os gloriosos que desfilarão com os vencedores na hora em que se implantar o Reino de Maria!

Meus caros, com tudo isso está tudo dito, e em vosso favor oferecerei as orações de enceramento agora à noite.

[Pedem que conte algum “fatinho”]

Fatinho... eu já contei isso aqui nesse auditório, mas não para os mais novos. E como os donos da festa hoje são os mais novos...

Eu estava formado em Direito – talvez há um ano ou dois, não posso me lembrar bem – e estava sentindo necessidade de duas coisas que eu queria muito: eu queria ganhar um bom dinheiro para poder me dedicar inteiramente ao apostolado, não pensar em outra coisa. E, ao mesmo tempo, eu estava precisando um muito bom livro de leitura espiritual.

Então, eu fiz uma novena a Santa Teresinha do Menino Jesus para ela me fazer encontrar um bom livro de vida espiritual e, em segundo lugar, para ela me fazer ganhar esse dinheiro. Agora, como ganhar dinheiro? Eu só conhecia um meio de ganhar dinheiro sem trabalhar: era ganhar um bilhete de loteria! Comprei um bilhete de loteria e dava uma quantia insignificante hoje, por causa da inflação, mas que naquele tempo era uma alta quantia: 400.000,00 cruzados. E pedi, por meio de Santa Teresinha, a Nossa Senhora que me conseguisse um bom livro de orações e de piedade.

Aqui, nessa igreja do Coração de Maria, mais ou menos onde tem essa farmácia hoje [na esquina da Rua Martim Francisco com a Rua Jaguaribe], havia antigamente uma muito boa livraria católica. E eu entrei na livraria e fui ver e me lembro que tive em vista dois livros. Um, não me lembro bem qual era. E outro livro, o “Tratado da Verdadeira Devoção”, escrito em francês. O fato de ser escrito em francês já era uma atração para mim. Mas eu nunca tinha ouvido falar desse livro em minha vida. O outro livro, eu não me lembro qual era, mas era um livro conhecido. E eu fiquei na dúvida. Mas a parte gráfica do “Tratado da Verdadeira Devoção”, impresso em preto, em vermelho e não sei mais o quê, todo muito bem arranjado, me atraiu e eu acabei comprando.

Fui com o livro para casa e comecei a ler. E quando eu comecei a ler eu percebi que tinha encontrado o livro de minha vida. Eu li como se lê uma apostila de aula, como nem todos leem apostila de aula... quer dizer, tomando notas etc. Depois ainda compus uma Ladainha a Nossa Senhora, que depois perdi. Compus uma ladainha a Nossa Senhora com as invocações que São Luís Grignion dá a Ela e eu até usava no bolso. Mas depois não sei como perdi. E, afinal, quando eu estava... no quê? Nas primeiras páginas talvez, eu resolvi que eu iria com o livro até o fim do caminho! O que São Luís Grignion quisesse, eu faria!

À certa altura eu vi essa ideia da consagração como escravo de Nossa Senhora, dando tudo quanto meu a Ela etc., etc. E eu fiquei um pouco assim: “escravo? É uma coisa estranha... escravo. No Brasil havia escravos antigamente. Mas exatamente um tio meu [Conselheiro João Alfredo Corrêa de Oliveira] era quem tinha libertado os escravos. Agora eu vou ficar escravo? Como é esse negócio?

Achei a coisa esquisita, mas, enfim, sendo para Nossa Senhora, tudo! Eu topo qualquer parada! Muito antes de chegar ao fim eu já estava entusiasmadíssimo.

No fim do livro tinha o método de fazer a consagração e o texto da consagração. Então, fiz o método com todo o cuidado, cumpri o método; era durante um certo número de dias rezar uma oração ao Divino Espírito Santo, “Veni Creator”, oração a Nossa Senhora, “Ave Maris Stella”, e depois rezar, quando terminasse, era uma novena ou coisa assim, quando terminasse isso, rezar a consagração.

Mas para fazer isto com toda a atenção, com todo cuidado, inteiramente à vontade, eu fiz uma coisa que os srs. reputarão singular: eu resolvi não fazer isto em nenhuma igreja, porque na igreja tem um que passa, e eu queria estar inteiramente tranquilo. Então, eu fiz a consagração no meu escritório em casa, trancado, e numa penumbra. E fiz a consagração com todo o empenho de minha alma. Mas a partir daquilo – notem que eu tinha naquele tempo, o quê? Uns 22, 23 anos – graças a Nossa Senhora, até hoje, eu não faltei um dia só sem renovar minha consagração. Por motivo do desastre de automóvel que eu sofri [em 1975], uns dois ou três dias eu fiquei fora de mim, e não pude rezar a consagração. Logo que eu pude, eu retomei e continuei.

Graças a Nossa Senhora, por culpa minha, jamais eu deixei de rezar essa consagração.

Meu ideal seria que na hora de minha morte, eu pudesse morrer rezando a consagração. Era propriamente o que eu quereria! Rezemos para que seja assim... que seja assim para mim e que seja assim para cada um dos srs.

E com isso, está contado o fatinho.

Bom, o bilhete da loteria não saiu.


Bookmark and Share