Plinio Corrêa de Oliveira

 

Ecumenismo - Relativismo - Qual foi a preparação remota para a moleza dos bons face ao comunismo?
 

 

 

 

30 de maio de 1981 – Sábado, Santo do Dia

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A D V E R T Ê N C I A

Gravação de conferência do Prof. Plinio com sócios e cooperadores da TFP, não tendo sido revista pelo autor.

Se Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras "Revolução" e "Contra-Revolução", são aqui empregadas no sentido que lhes dá Dr. Plinio em seu livro "Revolução e Contra-Revolução", cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de "Catolicismo", em abril de 1959.


 

 

[...] Isto posto, nós passamos a tratar do assunto do Santo do Dia e que se relaciona em boa medida com o estado de espírito contemporâneo. Em outros termos, dá-se o seguinte: o mundo de hoje está cada vez mais deteriorado pelo relativismo.

O que vem a ser relativismo?

É uma doutrina errada e um vício mental pelo qual – posição doutrinária: o espírito humano jamais consegue conhecer com toda a segurança verdade nenhuma. De maneira que o homem, na sua vida, está na presença de aparências de verdade, coisas que talvez sejam verdadeiras, talvez não sejam, a respeito das quais ele não tenha certeza.

Alguns excetuam, mas não são os relativistas mais radicais, excetuam aquilo que cai debaixo dos sentidos: eu estou vendo aqui uma almofada sobre uma mesa; como cai debaixo de minha vista diretamente, disto então eu tenho certeza de que é verdade. Se alguém fala aqui, eu ouço, eu tenho certeza de que é verdade, cai debaixo da ação dos meus sentidos. Fora disso, não há certeza nenhuma. Essa é a escola dita positivista.

Mas os relativistas mais recentes, mais modernos, negam até isso. Tem aqui uma almofada, tem uma espada, eu estou olhando, é bem verdade, isso é assim. Mas, quem sabe se meus sentidos me enganam?

Mas se eu pego eu sinto também uma almofada e uma espada. No total, quem é que me diz que a minha vida não é uma eterna fantasia de uma coisa em que só existo eu? que o mundo, as outras pessoas, as coisas que acontecem são um delírio de um só que existe que sou eu, e que o universo se compõe de um só que sonha? Sonha as estrelas que vê, sonha o chão que calca aos pés, sonha os amigos que têm, sonha os inimigos – que pesadelo – sonha os inimigos que tem, sonha tudo, num suceder contínuo de sonhos e de sonhos e de sonhos.

Então quem sabe se tudo quanto existe não é senão sonho e quando eu pego, eu olho para isso, de fato estou sonhando que estou olhando para isso, mas nada disso é verdade.

É o relativismo mais crasso, mais brutal, mais evidentemente contrário à verdade e por isso com mais curso em nossos dias.

Isso que é um problema filosófico, as pessoas como hoje em dia como pensam pouco, não consideram do lado filosófico, mas tem um vício mental em virtude do qual as pessoas vivem como se essa doutrina filosófica fosse verdadeira.

Quer dizer, afirma-se qualquer coisa diante deles, vamos dizer que convém ao Brasil desenvolver a pescaria no seu litoral para aproveitar os recursos para a alimentação humana. Dão as estatísticas, se a pessoa entende um pouco do assunto, olha e diz: é...

Mas como é? Você tem certeza ou não?

- Tenho (boca mole)...

- Mas, como? esses cálculos…

A gente vai ver, no fundo, ele não tem certeza de nada. E por isso nunca faz uma afirmação categórica, nunca se entusiasma com nada, nunca luta por nada, nunca detesta nada, nunca admira nada. No fundo, ele não tem certeza de nada.

Ele pensa que tem certeza, mas não dá importância à sua própria certeza. Ele procede um pouco como um sonâmbulo na vida. Quer dizer, é um homem que está assim meio no ar, que não sabe bem onde pisa, no que toca, o que está acontecendo com ele. Este é o relativismo.

O relativismo, evidentemente, se opõe à Fé Católica, porque a fé católica é uma certeza firme! É verdade revelada, de uma Revelação cuja autenticidade, cujo conteúdo nós por um obséquio da razão conhecemos.

Nós sabemos que Deus em tais, e tais, e tais ocasiões se manifestou aos homens; que disse isto, aquilo, aquilo outro. Isso se pode provar. Uma vez que Ele disse, se deve crer no que Ele disse, embora sejam verdades que nós não possamos entender como a da Santíssima Trindade, Deus disse, absurdo não é, pode ser, Deus disse, cremos. Esta é a fé. Mas esta fé é uma certeza, não comporta dúvida. A partir do momento em que entra uma dúvida consentida, cessou de existir a fé.

Quer dizer, não é dizer que perdeu a fé só quem negue uma verdade ensinada pela Igreja, perdeu também a fé quem duvide de uma verdade ensinada pela Igreja. Aquilo é aquilo, acabou-se.

Mas essa virtude da fé supõe que a gente admita que há verdade. Se não há verdade, como é que eu posso saber se a fé é verdadeira? Se eu nego a capacidade do espírito humano de conhecer qualquer verdade, como é que eu posso saber se a religião católica é verdadeira? Não posso saber.

Por quê? Porque a religião católica é verdadeira; ora, eu não posso conhecer nada de verdadeiro; logo, eu não posso conhecer a religião católica.

Então vem a fé – se é que isso pode chamar de fé... – fraca, chocha, desbotada, os senhores veem tantas vezes por aí. E, consequência desse modo, pelo menos crepuscular de ver a fé, de professar a fé, se não é negá-la a estágios intermediários difíceis de se definirem – se não é negar a fé, é pelo menos estar a caminho da negação da féa frieza, a indiferença para com as coisas da religião, da Igreja, da Civilização Cristã, do bom combate contra os adversários da Civilização Cristã que os senhores observam tantas vezes por aí.

Compram algum livro, compram alguma coisa: “Ahhhh... Está bom...”  Depois vão cuidar da própria vida. No que eles creem, no fundo? Não se sabe no que eles creem.

A fé é uma certeza e é uma certeza absoluta. Aquilo é assim!

Por estas ou aquelas razões que seria longo de explicar, em duas palavras pode-se dizer: o espírito humano, por sua própria natureza, foi feito para ter certezas como os olhos foram feitos para ver e os ouvidos foram feitos para ouvir etc. Quer dizer, para que um indivíduo tem olhos? Para ele ver o que se passa fora dele, do contrário são olhos inúteis, é um pobre cego. Ele vê o que se passa em torno dele e tem certeza do que ele vê.

Para que ele tem ouvidos? Os cincos sentidos todos são tendentes a dar certeza.

Por causa da limitação da natureza humana, pecado original etc., o homem muitas vezes não exerce os seus sentidos tanto quanto quereria: um não vê bem, outro não ouve bem, isso é outra coisa. Mas por si, dada a natureza humana, os cinco sentidos são voltados a ter certezas. Pela mesma razão pela qual os sentidos tendem a ter certezas, também é verdade que a inteligência – até a fortiori – tende a ter certeza.

Se é assim, as pessoas relativistas que vivem numa dúvida declarada ou numa dúvida subconsciente, cartilaginosa, resvaladia e hipócrita, essas pessoas no fundo têm algo por onde elas tem um impulso para crer, é-lhes natural crer, é-lhes natural ter certezas, é natural a elas conhecer o verdadeiro Deus, conhecer a religião verdadeira desse verdadeiro Deus, e por causa disso, elas podem estar intoxicadas de incertezas como for, se elas encontram gente que tem certeza verdadeira e tem fé verdadeira, elas sentem um baque na alma e todas as aptidões, todos os impulsos naturais  –  ainda mais que são ajudados pela graça de Deus  –  todos os impulsos tendem para crer.

De maneira que quanto mais alguém que crê se aproxima de alguém que duvida e trata com alguém que duvida, tanto mais esse alguém que duvida começa a duvidar da própria dúvida. E, aliás, é um dos melhores modos de se pegar quem vive no limo sujo da dúvida. Diz:

-- Você dúvida?

– Duvido.

– Você tem certeza de que sua dúvida é racional?

– ahhhh?

–  Se você tem certeza que sua dúvida é racional, você confia na sua razão, porque foi pela razão que você chegou até à dúvida. Não há por onde escapar. Se você duvida de sua dúvida, você deve admitir que você talvez esteja errado que haja certezas. Agora vamos conversar...

Evidente, é por onde se pega uma pessoa assim.

Mas não é só o raciocínio que eu estou fazendo que tem seu alcance, tem seu valor – é o valor próprio ao raciocínio – mas é o contacto, é o exemplo, é por assim dizer, o choque da certeza com a incerteza. O choque da fé com a dúvida produz um efeito altamente benéfico!

Há uma sentença teológica que eu sei que é admitida pela Igreja e pela qual eu tenho a maior simpatia, é que cada vez que nossa natureza apetece algo de bom, a graça apoia isso. De maneira que tendo esta apetência de certeza, em contacto com uma pessoa que tem fé, a natureza é levada para aquilo, a graça ajuda ainda mais e a pessoa recebe um convite da Providência para aderir.

Eu creio mesmo que é um dos elementos capitais de nosso apostolado esse contágio da certeza, que tem um duplo aspecto. Primeiro, é termos tanta fé, pelas preces de Nossa Senhora obtermos isso e desenvolvermos isso cada dia ao longo da vida, de maneira que nosso maior ato de fé seja no momento da morte. A fé deve ir subindo, subindo até o momento em que o homem entrega a sua alma a Deus.

Mas então, eu dizia que a pessoa deve ter tanta fé que nunca a dúvida lhe entre no subconsciente. Como é que entra a dúvida? Entra sob o aspecto muitas vezes de preguiça.

Uma das coisas mais nocivas para o homem é a preguiça de ter certeza. Muita gente não tem certeza não é porque tenha duvidado, mas que teve preguiça de concluir e teve preguiça de afirmar a sua certeza contra outros que estão incertos. Então, deixa-se penetrar.

A preguiça é uma espécie – não é bem exatamente isso, mas é análoga – a uma dúvida da vontade. A vontade foi feita para querer! A vontade que, feita para querer e não quer, é como a inteligência que foi feita para concluir e não conclui. É evidente.

Eu conheci uma pessoa muito preguiçosa. Essa pessoa levava a preguiça a tal ponto que ela tinha o hábito de andar, ou ao menos andava com frequência, com as pálpebras semi-cerradas, de preguiça de levantar as pálpebras inteiramente e olhar.

Nós, no mundo de hoje, com frequência andamos com a inteligência de pálpebras meio cerradas e a vontade com a musculatura relaxada. Não queremos!

E nós devemos reagir a tudo isto sendo homens de fé e homens de luta. Porque a afirmação mais categórica da vontade é a luta. E nós devemos dar esse bom exemplo por toda parte em torno de nós.

Esse bom exemplo, nós por nossa vez, podemos dá-lo se nós nos abeberarmos nas fontes boas, quer dizer, nos vários episódios da história da Igreja de que eu tenho um exemplo hoje....

Imagensinhas de São Sebastião, por exemplo, para mim são as mais caraterísticas: é um adolescentezinho muito bem cuidadinho de corpo, com os cabelinhos em ordem, bem cacheadinhos como se tivesse preparado para uma festa, nu, cingido apenas na cintura e amarrado a um tronco de árvore fincado no chão, um pau qualquer fincado no chão, uma estaca. Mas ele mesmo está com um pezinho para frente, outro para trás, numa atitude cômoda assim como quem..., olhando assim para o ar... e umas flechas colocadas aqui, lá e acolá no corpo como se ele não estivesse sentindo.

É o contrário! De fato, ele foi morto a flechadas, mas ele era comandante do escol do exército romano, do famoso exército romano, a Guarda Pretoriana que tomava conta do imperador, era a guarda pessoal de corpo do imperador. Ele se converteu, o imperador soube, chamou-o, ele desafiou o imperador e foi levado... Isso é certeza! Isso é fé! Isso é o contrário do relativismo.

(...)

Essa história comporta um comentário. Os senhores estão vendo que esse foi um martírio eminentemente polêmico.

São Bonifácio atacou continuamente aqueles que o atacavam, e morreu em polêmica. Se há uma coisa que ele não foi homem de “diálogo”. Muito menos homem “ecumênico”. Não era do gênero dele dizer ao governador... Esta seria a atitude ecumênica, quando o governador o intimou a sacrificar aos deuses, ele dizer ao governador:

“Senhor governador – aliás, não se usava esse tipo de formas de polidez não se usava naquele tempo, mas enfim –  ó governador, vós quereis que eu sacrifique a vossos deuses, eu não sacrificarei ao vosso mas ao meu, mas como há um ponto de afinidade entre nós, hein? Vós também tendes então deuses a que adorais? Eu tenho um só, vós tendes vários, mas há um princípio entre nós comum: deve-se adorar um ente superior. Vamos então nos abraçar nessa base”...

Começa que o governador lhe meteria uma bofetada bem. E depois ainda que metesse, ele estaria renegando o verdadeiro Deus, porque é claro que não existindo a mentira total – mentira completa não existe, toda mentira tem um fundo de verdade, não se escapa disso. Se eu digo que Pedro é branco, mas de fato Pedro é preto, eu minto dizendo que ele é branco, mas eu afirmo uma verdade: Pedro existe.

Não há mentira total, toda mentira tem que ter um fundo de verdade. Então, a gente confraterniza com todos os erros do mundo porque não há um erro que não tenha um fundo de verdade. É uma demência.

Mas, ele não é nada assim, ele é polêmico e até depois de morto ele polemiza. Cortam-lhe a cabeça, a terra treme…

Os senhores deixam transparecer, no modo de se alegrarem e até de se entreterem mesmo com alguns aspetos desse fato histórico sublime, os senhores deixam transparecer na sua alegria uma certa surpresa. Há um fundo de surpresa e eu compreendo essa surpresa. Porque as histórias de mártires divulgadas habitualmente não são assim.

Nem todos os santos tiveram este procedimento no martírio. Deus tem suas vias e tem os modos pelos quais Ele conduz os santos para a realização dos seus desígnios. E alguns morrem numa serenidade extraordinária, com uma mansidão extraordinária; outros morrem polemizando. Uns e outros dão glória a Deus. Cada um dá glória a Deus no modo pelo qual Deus quis.

Mas Deus quis que vários dessem glória a Ele, polemizando. Por que não se contam nas histórias habitualmente divulgadas, não se contam promiscuamente umas e outras histórias?

Há aquela linda palavra da Escritura que profetiza Nosso Senhor Jesus Cristo “assim como a ovelha que é levada para a morte, Ele não abriu a sua boca”, quer dizer, deixou-se matar sem protesto. Bem, Nosso Senhor Jesus Cristo não preciso dizer mais nada, está dito tudo.

Assim como por alguns Ele quer ser glorificando assim e essas histórias se contam – ao menos no meu tempo contavam bastante – assim há outros que Deus quis glorificar por esta maneira. Por que estas histórias não se contam? Por que há uma surpresa saber que alguém foi martirizado assim?

Se Deus é glorificado com uma coisa e outra, queiramos nós e admiremos uma coisa e outra porque ambas dão glória a Deus. Por que essa discriminação?

Hoje falam tanto contra a discriminação; por que essa discriminação? Evidentemente isto foi preparando de longe a atmosfera dentro da qual se expandiu o ecumenismo, o qual ecumenismo obteve com o Concílio e com a era post conciliar, as vitórias que os senhores conhecem.

Porque ficava insinuado que santo é só quem não luta, só quem não discute, só quem recebe passivamente todos as pancadas e que se deixa matar.

Minha descrição agora tem um pouquinho de pejorativo – sem essa nota pejorativa é santíssimo fazer isto quando a isto nos atrai a graça, quando essa é a via de Deus. Mas quando não é, é santíssimo fazer o que fez São Bonifácio! Por que se ocultou isto? Para formar uma falsa ideia de santidade. O homem que combate nunca é santo, o homem santo nunca combate. Os senhores compreendem como remotamente essa omissão ia preparando a moleza dos católicos diante do comunismo. É uma coisa evidente.

Agora, sempre que um pecado é muito grande, a reparação deve ser proporcionada a esse pecado. E quando uma pessoa comete um pecado muito grave, deve falar contra esse pecado, deve acusar-se por esse pecado e deve proclamar a excelência da virtude oposta e praticá-la dando o exemplo.

A conclusão disso é que se o mundo está no perigo comunista em que está – e é o perigo previsto por Nossa Senhora em Fátima como extremo do castigo correspondente ao extremo da impiedade. O mundo estava numa queda, numa rampa de impiedade onde chegaria a um extremo que a justiça de Deus não permitiria e viria um castigo proporcionado a isto: é o comunismo. Extremo de impiedade, extremo de castigo.

Se o mundo está chegando a esse extremo de castigo que é o comunismo, os senhores veem bem – e nunca será suficiente insistir a esse respeito – os senhores percebem bem que não é porque o comunismo é muito bem organizado, nem muito forte, nem nada, mas é porque os não comunistas são moles, não tem espírito de luta e não fazem contra o comunismo o que os comunistas fazem pelo comunismo.

Fizéssemos nós tanto quanto eles - e seria uma indecência, porque é uma indecência que os filhos da luz só façam pela luz aquilo que os filhos das trevas fazem pelas trevas, nós temos obrigação de fazer muitíssimo mais! essa é a verdade – fizéssemos nós o que eles fazem, e o jogo estava completamente alterado, mas completamente alterado!

Então o grande responsável pela expansão do comunismo no mundo não é a ação do comunismo: é a moleza dos bons.

Essa moleza onde nasceu?

Nasceu no que nós costumamos chamar “heresia branca”, quer dizer, a expansão larvada não de erros doutrinários, mas de atitudes mentais subconscientes que só se justificariam à vista de um erro doutrinário.

Por exemplo, esse contínuo horror da virtude da fortaleza e o contínuo precônio, a contínua exaltação da mansidão. É uma coisa mal pensada, unilateralmente está mal vista. Literalmente não.

Então, eu digo: uma vez que tem tanta responsabilidade isso, nós podemos pensar no Reino de Maria, em que nós devemos imaginar a reparação dos católicos com igrejas, com vitrais, com mosaicos, com esculturas, com pinturas lembrando à toda posteridade, até o fim do mundo, a infâmia dessa moleza; lembrando quanto custou para os homens resistir a essa moleza e depois lembrando a “Bagarre” [palavra francesa que significa quebra-quebra, caos, confusão com violência; neologismo utilizado para significar os castigos prenunciados por Nossa Senhora em Fátima, se a humanidade não se convertesse e fizesse penitência, n.d.c.] e a intervenção de Nossa Senhora para dar a vitória aos que lutaram.

E depois, a reparação, a fortaleza que terão nos séculos futuros aqueles que serão os santos do Reino de Maria. Grandes em relação aos santos, entretanto tão, tão grandes que já houve - e é São Luís Grignion de Montfort que o diz – como uma árvore é em comparação com a grama.

Então, deitemos os olhares por cima dos tormentos, por cima da “Bagarre”, deitemos os olhos para esta época vindoura e nos animemos com ela, nos alegremos com ela, tenhamos anseios de alma, por assim dizer, tenhamos sonhos de alma com essa época vindoura. Esses anseios nos darão força para os dias que temos que atravessar.

Os senhores sabem que o homem deve rezar para ter uma boa morte, porque a luta por ocasião da morte pode ser tão dura que o homem – é possível, e às vezes, conforme a vida que tenha levado é fácil que não resista às tentações do fim. Então se reza sempre “por nós pecadores agora e na hora de nossa morte”. Na hora de nossa morte, na hora de nossa morte… A preocupação da boa morte é contínua.

Antigamente havia Confrarias que eram constituídas por pessoas que rezavam para terem uma boa morte e que, de outro lado, rezavam para que Nossa Senhora e São José, a Sagrada Família, assistisse o moribundo como São José foi assistido por Nossa Senhora e Nosso Senhor Jesus Cristo. O modelo do moribundo, porque ele teve Nossa Senhora presente e Nosso Senhor ali. Não se pode ter mais, é o patrono da boa morte. Havia confrarias aqui em São Paulo na rua Tabatinguera ainda há uma igreja da Boa Morte, que é de Nossa Senhora da Boa Morte, para pedir pela boa morte para si e para os outros.

Quem sabe se então nós seremos especialmente alentados se rezarmos desde já para Nossa Senhora nos dar ânimo quando chegar a hora do perigo.

Aí está, meus caros, salvo alguma retificação ou algum acréscimo que o Pe. Davi queria fazer, aí está o Santo do Dia de hoje.

Nós podemos, se nenhum dos senhores tenha também nada a perguntar, podemos encerrar o nosso Santo do Dia pedindo a São Bonifácio que vele por nós; a esses mártires cujo nome provavelmente não é conhecido, mas que são conhecidos no Céu, Deus os conhece, Nossa Senhora os ama, pedir que eles rezem por nós. E com isso caminharmos para a realização dos ocultos desígnios de Deus, de Nossa Senhora Rainha do universo sobre nós, caminharmos com confiança, mas com humildade, pedindo, pedindo, pedindo porque sem o apoio da graça não se consegue nada.

São Bonifácio não conseguiu isso porque era corajoso. Ele poderia ter uma certa coragem natural, mas ele conseguiu isso porque a graça o ajudou e ele correspondeu a graça. Vamos pedir para nós essa graça também. Meus caros, está encerrado então o Santo do Dia.

Notas: A respeito da ilustração do presente áudio, veja os comentários que dela fez Dr. Plinio em um artigo publicado na seção "Ambientes, Costumes e Civilizações",


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