Plinio Corrêa de Oliveira

 

A certeza da vitória final

 

 

 

 

 

 

 

Encerramento da XX SEFAC, Othon Palace, São Paulo, 20 de janeiro de 1974, Domingo

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A D V E R T Ê N C I A

Gravação de conferência do Prof. Plinio com sócios e cooperadores da TFP, não tendo sido revista pelo autor.

Se Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras "Revolução" e "Contra-Revolução", são aqui empregadas no sentido que lhes dá Dr. Plinio em seu livro "Revolução e Contra-Revolução", cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de "Catolicismo", em abril de 1959.



 

 

Senhor Vice Presidente do Conselho Nacional, Prof. Fernando Furquim de Almeida; Sr. Dr. Cosme Beccar Varella, Presidente da TFP argentina; Sr. Alejandro Bravo, diretor e representante da TFP chilena; Senhores membros do Conselho Nacional; Senhores membros de Conselhos Nacionais de TFP aqui representados, meus caros militantes, participantes da SEFAC [Semana Especializada para a Formação Anticomunista] de língua castelhana, que neste momento vai se encerrar.

[Dr. Plinio passa a falar em espanhol. Texto traduzido pelo primeiro anotador]

Em alguns momentos, essa SEFAC estará encerrada e dentro de alguns dias nós nos diremos adeus, e os Srs. tereis que voltar a vossas pátrias, meus queridos amigos. E depois desses dias de esplendor, desses dias de estudos, desses dias cujos frutos se manifestam também pelos discursos formosos e calorosos que temos ouvido e pelo entusiasmo dos aplausos que vibraram nesta sala, depois desses dias irá começar para vós a luta cotidiana, a luta do dever de todos os dias, em que não vos sentireis reunidos numa grande assembléia como esta, acalorados uns pelas presenças dos outros, em que não vos sentireis mais fortes como uma grande organização, mas tereis a vivência, tereis a impressão de serdes fracos e dispersos em multidões imensas que são as multidões que vós deveis vivificar com o vosso apostolado.

Depois desses dias, começará para vós o trabalho de todos os dias, com as dificuldades que têm, com o ingrato que tem, com toda a luta de que tendes falado com muita expressão, e que vos aguarda para breve. É necessário que nesta ocasião, o Presidente do Conselho Nacional da TFP brasileira vos diga algumas palavras que possam vos ajudar para a luta do dever quotidiano, sem  o esplendor das grandes reuniões.

Quais podem ser essas palavras?

Umas palavras que sejam uma interpretação de vossa maneira de pensar e de sentir nesta noite. Uma explicitação do que vos possa ir na alma nestes instantes de entusiasmo, em que a graça visivelmente trabalha no interior de cada um de vós. E que pode, depois de ser explicitada, ser levada por vós em fórmulas simples e breves, quase diria palpáveis, como é palpável essa lembrança que haveis recebido neste instante. Uma interpretação das grandes esperanças que se fazem sentir nesta reunião.

Efetivamente, há uma atmosfera de alegria aqui, uma atmosfera de esperança, uma atmosfera de vitória. Esta atmosfera de vitória, eu não diria que é somente uma atmosfera de esperança de vitória. Mas é uma atmosfera de certeza de vitória! Certeza de vitória!

Se poderia quase dizer que as pessoas tocam com a mão o Reino de Maria e sentem, por cima dos dias vindouros difíceis, o grande triunfo dos grandes dias que virão depois da “Bagarre” [palavra francesa que significa quebra-quebra, caos, confusão com violência; neologismo utilizado na TFP para se referir às punições previstas por Nossa Senhora em Fátima, caso a humanidade não se convertesse e fizesse penitência por seus pecados, e que antecederá o triunfo de Seu Sapiencial e Imaculado Coração, igualmente profetizado pela Mãe de Deus, na Cova da Iria, em 1917. n.d.c.]. É um fulgor, é um brilho do Reino de Maria que se faz sentir aqui nesta noite, e é esse brilho exatamente que eu gostaria de interpretar convosco.

Vós aqui tendes a certeza de que depois, por causa, à raiz de vosso trabalho, o Reino de Maria começará a germinar nas trevas do século XX. Vós todos tendes a certeza de que por vosso trabalho a TFP ainda crescerá, ainda no mundo. Vós vedes, portanto, que a vossa esperança de um grande desenvolvimento da TFP é uma esperança que é fundada, que se funda em fatos. Vós mesmos sois um argumento para essa esperança. 

* De onde provém a certeza da vitória?

Houve um tempo em que a TFP era pequena. Houve um tempo em que a TFP existia somente na cidade de São Paulo, e que a nós nos parecia uma coisa memorável, uma façanha obter membros para a TFP no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte...

Quando vinham aqui para fazer Semanas de Estudos, com seis ou sete convidados, isso era para nós um acontecimento. Se nos falassem da TFP desenvolvida como está hoje, pareceria um sonho! Mas um sonho que era para nós mais do que um sonho.

Começando a trabalhar no Rio, em Belo Horizonte; começando a trabalhar nos distintos bairros da cidade de São Paulo, nós éramos movidos por uma certeza interior. E eu não teria hesitação em dizer, por ter uma certeza espiritual suscitada profeticamente pela graça de Deus – nós éramos movidos por uma convicção de que começando por pequenos passos, viria um dia em que grande número de pessoas, de grande número de países, se reuniria para proclamar o Reinado da Virgem, e para começar a lutar contra a Revolução, e para derrubá-la, apesar do grande poder que tinha naqueles dias e que conserva ainda hoje.

Pois bem, essa certeza interior, como se pode chamar? É uma certeza que vem da graça que tínhamos e que tem sido comprovada pelos fatos, que vós tendes e que será comprovada pelos fatos também. Porque isto vem da graça de Deus, e a graça de Deus não mente jamais!

Mas como se pode provar que essa certeza vem da graça? Ela vem da graça de Deus, porque ela produz esse fruto na alma que é o fruto do Espírito Santo: é um fruto de amor de Deus! É um fruto de entusiasmo! É um desejo de dedicar-se! É um desejo de ser puro! É um desejo de ser enérgico! É um desejo de calcar aos pés o respeito humano! É um desejo de se dar à Virgem Maria inteiramente! Todos esses desejos santos florescem na alma, se a alma tem a esperança de que o apostolado da TFP vencerá.

Mas se, pelo contrário, uma alma perde essa esperança, ou só treme ou hesita nessa esperança, todos esses frutos começam a desaparecer. O amor de Deus decai, a pureza começa a ser irregular, a dedicação se torna fria, diminui, chega a desaparecer. Se algo quando está presente na alma produz os resultados do Espírito Santo, e quando está ausente, sua ausência produz os resultados do demônio, que conclusão se pode tirar disso, senão que é evidente que esse pressentimento profético vem do Espírito Santo? E que a dúvida sobre esse pressentimento profético vem do demônio?

Disse Nosso Senhor: "A árvore se deverá conhecer pelos frutos". Então, também os movimentos de alma do homem se fazem conhecer pelos efeitos que produzem no homem. E se no varão católico, a convicção de nossa vitória, a convicção do Reino de Maria em nossos dias  é um fator decisivo e insuperável de amor de Deus e de dedicação à Virgem Maria, então a conclusão é que esse pressentimento é dado pela graça.

Mas, se esse pressentimento é dado pela graça e versa sobre o futuro, tem pelo menos algo de profético, se é que não é inteiramente profético. Se é algo dado pela graça, é profético, é verdadeiro. E a certeza de nossa vitória é uma certeza que nasce de nosso interior. Nasce de nossa história. Mas nasce da experiência interior, que se puder existir sem perigo doutrinário, nasce da análise fria, da análise doutrinária, serena, feita com senso católico, sentir católico, do que acontece em nossas próprias almas.

Vossos aplausos tão calorosos, que ameaçariam derrubar este grande edifício em cuja catacumba vos falamos, vossos aplausos não são só um ato de adesão às palavras tão boas que foram ditas aqui, vossos aplausos são mais: são um desejo de vencer, uma certeza de vencer!

Vós, novatos, tendes a atitude de alma suscitada pela graça, de uma pessoa, de um jovem que na plenitude de sua juventude se sente tocado por Deus, e se encontra nos primeiros passos de uma grande aventura. E eu emprego a palavra aventura muito intencionalmente. Temos que defini-la.

* Os aventureiros da Santíssima Virgem

Habitualmente, pelo menos no Brasil, se entende a palavra aventura como uma atuação, como desenvolvimento de atividades cheias de risco, que uma pessoa aceita por uma grande esperança. Porque ele ama o risco, e sobretudo porque gosta da esperança de ter a vitória. Mas que aceita, o mais frequente das vezes, por interesses humanos. O mais frequente das vezes, sem uma análise fria, por ter a cabeça muito quente. Então se lança na aventura. E por isso, pelo menos em português – não sei em castelhano – a expressão aventureiro tem algo de pejorativo, que indica quase um homem sem sabedoria, um homem que se lança nas coisas sem medi-las bem e sem pesá-las bem.

Se também é este o sentido da palavra aventura em castelhano, então podemos nos entender facilmente: vós sois aventureiros da Virgem Maria, mas aventureiros de uma aventura singular, porque é uma aventura que tem consigo a certeza de que haverá risco, mas que haverá vitória! Não há dúvida sobre a vitória. Não há dúvida sobre o êxito inteiro da ação empreendida.

Sabemos que haverá muitos obstáculos. Mas, para além dos obstáculos, veremos a Santíssima Virgem, a Nossa Senhora dos Milagres, cuja festa hoje é celebrada pela Igreja, a Virgem dos Milagres que pode fazer milagres, e que tem feito e que fará ainda. Ela pode fazer milagres para vencer. Mas nossa aventura é tal que, ainda que se tenha que operar milagres, ela será conduzida a bom resultado.

* A prova pela qual temos que passar

Porém, esta convicção que luz aos srs. nesta noite, esta convicção que é a causa de vossa alegria e de nossa alegria, esta convicção vai ser, meus caros amigos, posta à prova. Porque Deus quer as almas que se Lhe entregam inteiramente. E depois de haver oferecido a vós, jovens, pela voz da graça, pelas provas de nossa história, que Nossa Senhora está conosco e que onde está Nossa Senhora não há derrotas possíveis, depois disso vem necessariamente uma pergunta de Deus, uma pergunta de Nossa Senhora.

Essa pergunta se exprime também pelos fatos. É uma pergunta que é um pedido, é um pedido de uma inteira dedicação. A pergunta é a seguinte: "Meu filho, eu pedi a ti que entres nessa aventura. Tu entrastes na aventura porque te parecia boa, porque te parecia formosa. Foste atraído pela aventura. Mas Eu queria saber se teu amor por Mim é tão grande, que mesmo que essa aventura não tivesse resultado, mesmo que não produzisse consequências, mesmo que tu e teus companheiros de ação devêsseis ser derrotados, ignorados pela História, o riso de Meus inimigos, esmagados, para Minha glória, para serdes heróis no Reino dos Céus e exclusivamente por amor a Mim, sem pensar nos resultados terrenos, Eu quero saber se vosso entusiasmo, se vossa dedicação iria bastante longe para aceitar também este risco. Aceitar também a possibilidade de um holocausto completo, de um holocausto que fosse o oferecimento da vida. Mas o oferecimento da vida com a aceitação do insucesso. O oferecimento da vida, a aceitação da morte, sem ter a certeza da vitória".

Houve tantos e tantos que assim morreram pela Igreja. Pensem os srs. nos Cristeros do México em nosso século. Pensem os srs. nos Chouans da França. Pensem os srs. nos carlistas da Espanha, pensem nos heróis da Reconquista castelhana, da Reconquista portuguesa. Esses heróis, na maior parte dos casos, morreram nos séculos de reconquista, durante os quais não tinham certeza de que afinal os católicos venceriam os mouros. Não tinham certeza de que a guerra santa, na qual morriam, ia vencer.

Mas, eles aceitavam a morte com um olhar sobrenatural. Não lhes importava a vida, não lhes importava a glória terrena. Eles queriam o sacrifício, a integridade de sua dedicação a Nossa Senhora. E é porque sua dedicação foi levada até este ponto que Nossa Senhora lhes deu a coroa. Porque a coroa da vitória final deve ser dada não aos que aceitam a luta para obter a vitória, mas para aqueles que aceitaram a luta, mesmo que não tivessem a vitória! Estes merecem a vitória.

Um que entra para uma luta olhando mais para a vitória que ao ideal, olhando mais a satisfação do amor-próprio de ser um vencedor, do que os direitos da Rainha destronada, pela qual é necessário morrer, este não tem condições de alma para ser uma pedra viva do Reino de Maria.

O Reino de Maria vencerá. O Reino de Maria será edificado, e será uma construção ainda mais magnífica do que a Idade Média! Os srs. o disseram aqui, e o disseram muito bem. Mas, esta construção só terá sua força, se for edificada sobre homens absolutamente desinteressados! Homens capazes, na luta de todos os dias, de dizer duas coisas simultâneas a Nossa Senhora: "Minha Mãe, eu creio em vossa promessa e eu creio no sucesso, mas, minha mãe, mesmo que não me devesses dar o sucesso, eu igualmente lutaria por Ti, porque sois minha Mãe, e eu não quero meu sucesso mas o vosso.  E se outros terão de colher o sucesso, eu terei semeado o sucesso por minha dedicação, eu estarei contente minha Mãe, porque terei vivido e terei morrido herói anônimo por Vós".

Esta é a prova de dedicação que Nossa Senhora vos pedirá. É de ter este estado de espírito, por onde ao mesmo tempo tenhais a certeza da vitória, mas sejais completamente desapegados da vitória.

E qual é a maneira pela qual esta prova se dará?

* Condições da vitória: não ceder à tentação da indecisão e da dúvida...

Esta prova se dará pela vida de todos os dias. Há de suceder, necessariamente, que os srs. terão dificuldades. Há de suceder que rirão dos srs. Há de suceder que em muitas ocasiões, os srs. comecem atividades apostólicas e não tenham o sucesso imediato. Há de suceder que algumas vezes, pela miséria humana, os srs. se entendam mal uns com os outros, e que haja dificuldades inclusive entre os srs. Há de haver momentos em que não acontece nada de novo, e que se passam os dias e os dias e não vem uma pessoa nova, não vem um recruta novo.

E os srs. veem então grandes forças internacionais, imensas que parecem furacões, que se levantam contra a Igreja Católica: o progressismo, o modernismo, o comunismo, o socialismo... quantos ismos, que sopram como um furacão sobre a Civilização Cristã! E os srs. se sentirão pequenos, e os srs., então, terão a tentação de Judas.

Nesse momento vossa vocação vai ser posta à prova. E nesses momentos é preciso não ter indecisão, não ter nenhuma forma de dúvida. Ter uma dedicação completa. Vós deveis dizer: "Eu estou certo de que mais cedo ou mais tarde o sucesso virá. Eu esperarei o sucesso rezando, aceitando os insucessos parciais com coragem de um verdadeiro lutador, porque um dia Nossa Senhora me ajudará"!

Mas, o demônio vos dirá, baixo, no fundo da alma, as palavras da tentação: "Virá o sucesso... Veja o teu primo, que disse que não. Teu professor te disse que não. Teu amigo te disse que não. Todo os círculos mundanos fazem NANE. São indiferentes paras os sucessos da TFP, fingem que não percebem. Fingem que não lhe dão nenhuma importância. Tu parecerás muitas vezes o último da família, enquanto os outros tem rango, categoria, brilham nas reuniões sociais, os srs. estão isolados num grupinho que se reúne cada noite, numa sede, para lamentar as coisas más que vão no mundo, para rezar, para fazer penitência, para fazer um trabalho que muitas vezes é um trabalho subterrâneo”.

Então o demônio vos dirá: "Sucesso... Não haverá sucesso. Você será o fracassado de sua família, você será aquele que não fez carreira, você será o esquecido. Veja a competição, os bens do mundo o esperam! Abandone isto, abandone Nossa Senhora, Ela não o ajudará. Não tem milagres. Tudo não foi senão fantasia. Tudo não foi senão entusiasmo passageiro. É necessário pensar no dinheiro. É necessário pensar na situação social. É necessário, com todo esforço, manter e ainda mais acrescentar o rango da família. Isto importa, o resto não é nada."

Então essa tentação vos virá na alma, e é preciso dizer ao demônio as palavras sábias de Nosso Senhor: "Vade retro, satanás"! Satanás, afasta-te de mim, eu não quero nada de tuas obras. Eu não quero nada de tuas pompas. Eu tenho certeza de que Nossa Senhora vencerá, e que me fará vencer, por fim. Mas, mesmo que eu não vencesse, meu sacrifício estaria bem empregado. Contigo, Satanás, eu não tenho discussão, eu não quero discussão. Nossa Senhora vencerá!"

[aplausos]

* Não dar interlocução ao demônio

Essa vai ser, meus caros amigos, a ocasião de vossas verdadeiras vitórias. Esse vai ser o momento de vossa verdadeira entrega a Nossa Senhora. Cada vez que vós sentirdes no interior de vossas almas, vós sentirdes algo que seria como um choque discreto, pequeno, mas um choque – uma surpresa, pode bem ser isso, então vem a agulha do demônio: "Veja, esse é o resultado, é o que obtiveste você..."

É preciso ter a consciência continuamente orientada para este ponto, e tem que dizer "Não", sempre! Mas um NÃO resoluto ao demônio! Não tem que duvidar. Se a gente se põe a duvidar, se põe a pesar prós e contras, o demônio entra em interlocução.

Se alguém responder ao demônio: "Não, é muito bela a Causa que eu sigo", o demônio responderá: "Sim, é bela. Imagine um pouco: você é um tão grande homem!..."

 - Ah, eu sou um grande homem?

 - Simmmm, você é um grande homem...

 - Eu não percebo.

 - Você é um mega homem! Tem tais ou quais qualidades, que os outros não percebem muito claramente, mas que são qualidades extraordinárias! Você gosta de cultura?  Bem... Gosta dos bens do espírito? Muito bem! Por que não faz uma viagem à Europa? É tão bom... Uma viagem para ver as coisas antigas, os castelos da Idade Média, certamente muito bom. Também para ver coisas mais recentes, o Louvre por exemplo, Versailles. Ainda mais recentes, também um pouquinho da vida moderna contemporânea... Os cinemas de Paris, por que não? São tão atraentes! A gente deve conhecê-los como um bom turista. O que se dirá na sua família, se souberem que você esteve em Paris e não visitou nenhum cinema? Mas, só cinema? Um programa só de cinema é para velhas. Um night club parisiense... Só para olhar um pouquinho... Para ver, uma noite que sei que serão duas noites, pode não ser um grande pecado. Se for, você confessa, tem o perdão. Vá, vá!...

"Mas, para ir à Europa tem que ganhar dinheiro. Tem que sair da TFP para ganhar esse dinheiro ativamente. Não dê seu tempo para o apostolado. Você não quer conhecer os castelos da Idade Média? Para conhecer os castelos da Idade Média tem que ganhar dinheiro. Deixe a TFP. Eu só peço uma coisa: deixe a TFP! Deixe!!! O resto, você tudo terá"...

* Como vencer a trama do demônio

Se essa discussão continua, a pessoa vai perdendo, perdendo, perdendo... Com o demônio, o conselho de todos os autores espirituais é dizer rotundamente: Não! À tentação se diz não! E depois se pensa em outra coisa. Não se discute com o demônio. O demônio é um anjo. O menor dos demônios, o mais ordinário dos demônios ainda é um anjo, e qualquer anjo é mais inteligente que qualquer homem. O menor dos demônios é muitíssimo mais inteligente, mas muitíssimo, a perder de vista mais inteligente do que São Tomás de Aquino, Platão ou Aristóteles, absolutamente!

Então não sou eu, mas também não são os srs. que vamos discutir com sucesso com o demônio. Inclusive porque o demônio, como anjo que é, é muitíssimo bom psicólogo e ele não tem só uma boa argumentação a serviço do erro, mas tem também a psicologia. Ele tem o que se chama em português a lábia. Isto é, os lábios encantadores, os lábios que dizem mentiras agradáveis, que falam à imaginação, a capacidade de sedução...

O demônio conhece nossos pontos fracos e por onde ele pode oferecer a sedução. Então, a tentação contra a vocação se apresentará de uma maneira tão sedutora que cairão os senhores, forçosamente. Se falam com o demônio, começam com um bom argumento, depois começam a oscilar: parece que o demônio tem razão; se começa a perder o entusiasmo e é a decadência da vida espiritual. E com a decadência da vida espiritual, todo o resto se vai.

O que é necessário, portanto, é dizer não! E pensar em outra coisa. Não pensar na tentação.

Tem no Evangelho um episódio muito formoso, que fala disso com uma clareza absoluta. O episódio é o seguinte: Quando Nosso Senhor chamou São Pedro, Nosso Senhor estava no barco e chamou São Pedro para que caminhasse sobre as ondas. É muito bonito: Nosso Senhor está num barco, Ele está num barco e nós estamos na praia. O barco é firme – depois, onde está Nosso Senhor tudo é firme. Na praia, onde está São Pedro é firme também. E Nosso Senhor diz: “Venha”. Ele começa a andar, a caminhar sobre as ondas. Tudo vai bem. Ele olha o Senhor e não olha mais nada. E nem sequer lhe ocorre, olhando o Senhor, que é sobre as águas que está caminhando. Não sente que as águas são moles, não sente que as águas se volvem. Ele olha só ao Senhor. Está tão entusiasmado que parte. E num momento preciso, podemos nos figurar que o demônio lhe disse: "Pedro!" E ele desvia o olhar do Senhor: "O que é?" - "olha para o mar"... O mar se move. O demônio diz: "cairás no fundo"!

Pedro, em vez de olhar novamente para o Senhor, e não dar atenção ao demônio: "Ih!... cairei no fundo? – Sim, olha!" e começa a afundar. É a trapaça. Falou-se falou da palavra “trampa”, é a trampa do demônio, e assim também faz o demônio com a nossa vocação.

Aqui está a praia firme do dia de hoje. Lá está Nossa Senhora com o Reino de Maria. Entre Nossa Senhora com o Reino de Maria e nós, está o mar da vida cotidiana, o mar sujo e feio da vida do século XX, da Revolução. Depois, o mar vermelho da “Bagarre”.

Se nós começamos a olhar a tentação do demônio, que nos diz: "Não te dediques, não te sacrifiques", começamos a nos sentir inseguros e afundamos. É preciso não fazer isto, mas ser firme! O demônio nos diz isso, nós nos recordamos de Nossa Senhora e dizemos: "Eu fiz o meu pacto com Nossa Senhora. Eu me dei a Nossa Senhora para a vida e para a morte! Não olho senão a Nossa Senhora! Que Nossa Senhora me olhe! Dessa maneira, eu passarei sobre todas as águas, sobre todos os mares e chegarei ao Reino de Maria"!

Este deve ser, meus caros amigos, vosso programa. Que Nossa Senhora dos Milagres vos ajude! Que Nossa Senhora do Carmo vos ajude! Ide e fazei como vos digo. No ano que vem, sereis muito mais numerosos, muito mais poderosos, muito mais calorosos. É o que eu vos desejo. Está dito.

[Brado: Tradição, Família, Propriedade]

Pelos participantes da XX SEFAC! Tradição, Família, Propriedade

Por Maria – Tradição, Família, Propriedade


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