Plinio Corrêa de Oliveira

 

História da Igreja, lição

para os católicos

A teoria dos dois palácios

 

 

 

 

 

 

Sessão de encerramento da IX Semana Especialidade de Formação Anticomunista (SEFAC), organizada pela TFP brasileira, 26 de janeiro de 1972

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Foto ilustrativa: o Alcácer de Segóvia (Espanha). Foto de PRC

A matéria escolhida para o assunto é intitulada, por nós, a conferência dos “Dois Palácios”, e encerra uma grande lição histórica que devemos adaptar aos dias de hoje.

Esta lição tem como fundo de quadro a maior das perseguições religiosas que se realizou na História, se nós atendermos não para o número das vítimas cruentas, mas para o número das vítimas incruentas; não para a intensidade dos ataques materiais, mas para a intensidade dos ataques espirituais e sobretudo para a sua enorme duração.

Nós tivemos, desde 1789, ano em que se iniciou, com a queda da Bastilha e com a convocação dos Estados Gerais, a Revolução Francesa, até mais ou menos 1920, ou 1930, já portanto, em nossos dias ou, pelo menos em meus dias, nós tivemos a mais longa, a mais cruel das perseguições religiosas da História. Uma perseguição que perdeu almas em número maior do que todas as perseguições anteriores, uma perseguição que provocou a imensa apostasia de nossos dias. É a perseguição que se poderia chamar laica e liberal desfechada contra a Igreja pelo espírito da Revolução.

Esta perseguição comportou, por certo, lances de violência, mas o que ela teve de mais terrível não esteve na violência material: foi na articulação de uma ofensiva propagandística contra a Igreja, seguida de uma série de medidas legislativas também contra a Igreja. Tudo tendente a expulsar a Igreja da sociedade civil, expulsá-la de dentro das organizações que configuram o Estado, e colocar à margem da sociedade civil todos os católicos verdadeiros e preparar o terreno para o assalto último, que deveria ser o fechamento da Igreja Católica e [implantação d] o reinado de Satanás no mundo.

Essa perseguição se deu tendo, como fundo de quadro, a ideia muito generalizada – e a respeito da qual cada vez mais foi insistindo a propaganda maçônica ao longo do século XIX e nas primeiras décadas do século XX – a ideia de que, se nós examinássemos com inteira frieza e imparcialidade, com os instrumentos seguros de uma lógica inflexível, a doutrina católica – como, aliás, todas as outras doutrinas religiosas – chegaríamos à conclusão de que nenhuma delas tem fundamento em razão, que todas elas não passam de mitos sentimentais, não passam de imaginação.

Não passam da expressão do sentimento de temor e insegurança de um homem ainda não senhor da natureza, como ele se tornara no século XIX, pelo conhecimento das principais leis naturais, que o homem julgava ter encontrado e definido; de um homem que, porque não conhecia a natureza e não a governava, se julgava por isso mesmo, um joguete de forças desconhecidas e, na sensação da sua inferioridade, não tinha outro remédio senão imaginar um Ser superior, que o apoiasse: um Deus que lhe desse, pelo menos na outra vida, uma recompensa para as agruras dessa vida.

A religião era, portanto, um mito. Um mito talvez necessário nos tempos antigos para que os homens suportassem a luta da vida, mas um mito que a lógica não permitia de justificar, um mito que o progresso tornara inútil e, portanto, caduco.

Em nome deste princípio se chegava à conclusão de que o progresso consistia em estabelecer uma sociedade em que Deus não fosse fundamento de nada, em que as igrejas, mas muito especial e principalmente a Igreja Católica, fossem eliminadas; e que, em todas as leis, como nas instituições e nos costumes, imperasse essa forma hipócrita de ateísmo que se chama o laicismo.

O que vem a ser o laicismo? O que o diferencia do ateísmo?

O laicismo é o ateísmo puro e simples. Diferenciado do ateísmo declarado apenas por um pequeno matiz, um matiz insignificante. Ateu, costumamos dizer que é o homem que diz que tem certeza de que Deus não existe; laico é o homem que diz que é certo que, pela razão, não se chega ao conhecimento de Deus; e que, se Deus existe, o homem não O pode conhecer; que Deus não é sequer uma hipótese: é um grande desconhecido que talvez esteja para lá da realidade; mas os homens devem agir como se esse Deus não existisse.

Os senhores estão vendo que, uns e outros, negando a possibilidade de conhecer a Deus pela razão, implantam a figura de um universo ateu; e que, uns e outros, devem dizer-se inteiramente ateus. Esta grande revolução laica foi uma revolução atéia.

Do que ela consistiu?

Em todos os países do Ocidente – portanto em todos os países da Europa, em todos os países da América – uma propaganda terrível se fez, debicando da Igreja Católica, achincalhando-a, negando seus dogmas, ridicularizando a sua religião, falando mal de sua História, desfigurando completamente a visão exata de sua realidade presente, para promover, contra a Igreja, um vagalhão de indignação.

Assim, afirmava-se que Jesus Cristo não existia. Afirmava-se que Jesus Cristo tinha existido – diziam outros – mas não tinha sido senão um grande mistificador. Outros diziam que não, que Ele tinha sido um doutor manso e provinciano; exaltado, até a glorificação, pelos discípulos que tiveram remorsos de O abandonar na hora da morte. Outros negavam a autenticidade dos Evangelhos, outros negavam a interpretação exata deste ou daquele trecho dos Evangelhos.

Todos negavam a fundamentação dos poderes do Papado. Afirmava-se que a Igreja, com sua organização monárquica, com a aristocracia de seus bispos e de seu clero, era uma instituição dos outros tempos, incompatível com a democracia – sol que começara a raiar na sangueira da Revolução Francesa.

Ridicularizava-se, na Igreja, até as menores coisas. O solidéu dos bispos, o anel dos bispos eram apontados como símbolos ridículos. O fato de o padre usar batina era interpretado como uma manifestação de que era efeminado; “homem de saia não presta”, dizia-se. A coroa do padre era apontada como uma calvície ridícula e repugnante. As freiras eram ridicularizadas porque raspam a cabeça por debaixo daquele tocado, daquele véu religioso que usavam. Os votos de castidade, de pobreza, e de obediência eram objeto das maiores calúnias; a castidade, uma hipocrisia; a pobreza uma exploração que a Igreja fazia contra a capacidade de trabalhão dos religiosos; a obediência, uma forma de escravidão retardada em pleno século XIX, em pleno século XX.

Em suma, não havia aspecto da vida da Igreja ou da História da Igreja que não fosse vilipendiada neste enorme vagalhão.

Isto criou base, com a adesão que grande parte da população da Europa e da América deu a essas acusações, isto criou base para uma série de leis que foram cada vez mais laicizando os países.

Assim, a Igreja deixou de ser reconhecida como oficial. Passou a ser tratada como uma sociedade privada qualquer. Não se admitiu mais que todo o poder vinha de Deus; e, por isso, a investidura dos Chefes de Estado, qualquer que fosse a forma de governo, deixou de ser uma investidura religiosa para ser um ato exclusivamente laico. O juramento religioso foi suprimido de quase todos os tribunais.

Por outro lado, iniciou-se a expulsão de Deus das grandes instituições. Nas escolas públicas acabou o ensino religioso; as crianças se formavam sem ter ouvido falar de Deus. Nas universidades de Estado não se fazia quase mais referência a uma análise das matérias tratadas do ponto de vista da doutrina católica; e, quando essa referência se fazia, era feita contra a doutrina católica, o mais das vezes. Nos hospitais de Estado, deixou de haver freiras para ajudar os doentes, deixou de haver capelães. Nas Forças Armadas já não havia mais capelães também. A influência da Igreja foi expulsa de toda a organização estatal.

De outro lado, começou a campanha para fazer cessar a atividade dos instrumentos normais de ação da Igreja: leis impondo o fechamento das ordens religiosas e a expulsão dos religiosos; leis impondo o fechamento de colégios católicos, dos hospitais católicos pertencentes a particulares, e não só os do Estado; o confisco dos bens das várias entidades religiosas. Leis negando o valor ao casamento religioso, determinando que o registro dos nascituros tinha que ser leigo; não bastava mais o batismo, mas tinha que ser feito num cartório leigo; [leis] estabelecendo também a laicidade dos cemitérios. Em toda a vida política, em toda a vida civil, o laicismo se introduziu.

E o mundo se dividiu, com uma enorme brecha de alto a baixo, em duas porções desiguais. De um lado, os católicos que continuavam católicos apesar de toda essa investida; e, de outro lado, a fúria satânica dos laicistas que promoviam, contra a Igreja, perseguições incessantes.

Esta luta, esta divisão, foi recebida pelos Papas que governaram a Igreja desde 1789 até 1920, pouco mais ou menos, quando essa perseguição começou a amainar – foi recebida por eles com uma serenidade e com uma energia admirável.

Em vez de se amedrontarem com o perigo que crescia, em vez de procurarem obter – por meio de concessões – o aplauso dos adversários, eles procederam de um princípio profundamente radicado na Sagrada Escritura; um princípio, portanto, altamente teológico, que é o seguinte:

O filho das trevas, enquanto filho das trevas, jamais aplaude o que faz o filho da luz – ainda que ele construa as mais magníficas igrejas, ainda que ele tenha a liturgia mais resplandecente; ainda que, no âmbito católico, tenham brilhado os doutores mais extraordinários; ainda que a Igreja tenha inspirado os artistas mais prodigiosos; ainda que ele tenha atrás de si a história mais prestigiosa – o filho das trevas é cego para ver isso; não há argumento que seja capaz de lhe convencer o espírito mal intencionado, não há perfeição que seja capaz de o tocar e comover.

Não há, portanto, razões para se lhe fazerem concessões. A Igreja deve responder a esta ofensiva com dois recursos: a polêmica, defendendo-se e acusando. E um número enorme de polemistas – eclesiásticos e leigos – surgiu pela Europa e também pela América do Sul, defendendo por toda parte a Igreja Católica.

Fora das horas da polêmica, para o adversário NA-NE: não aprendemos nada de vós, não esquecemos nada do que é vossa vergonha; em relação a vós, absoluta ignorância; nossa vida continua absolutamente como ela é. Apesar do debique, apesar da gargalhada, apesar da má interpretação, as ordens religiosas continuaram na sua vida; a liturgia continuou com seu esplendor; o Papado continuou com sua pompa; a vida na Igreja continuou absolutamente como era: desenrolando-se majestosamente, pacificamente, soberanamente, sem dar importância ao rugido dos adversários.

Característica é a invasão de Roma pelos garibaldinos de 1870. O Papa era o rei de Roma. As tropas de Garibaldi entraram em Roma para anexá-la ao reino laicíssimo e maçonicíssimo dos Saboias. O Papa Pio IX se recolheu ao Vaticano. No Vaticano, ele continuou a levar, naquele minúsculo território, a vida de um grande pontífice: ele continuou a ter embaixadores, ele continuou a dar audiências; a Secretaria de Estado continuou a funcionar do mesmo jeito; a sua corte pontifícia continuou a ser a mesma como era, como se Roma não tivesse sido ocupada pelo adversário.

E quando o Papa descia de seus apartamentos, carregado na sede gestatória precedido pelas duzentas ou trezentas cornetas de prata desenhadas pelo Miguelangelo, -- e aclamando-o como vigário de Cristo e penetrava na majestosa Basílica de São Pedro –– o povo, mas o povo do mundo inteiro, de pé ou de joelhos, aclamava: Viva o papa! Viva o Papa-Rei!

Quer dizer, continua rei de Roma, apesar da invasão de Roma. E o Papa, cingindo a tiara, majestoso, bondoso, passava abençoando, como se fosse ele o rei daquela cidade: “Benedictio urbi et orbi” - Abençoo a cidade, abençoo o mundo; ignoro este vagalhão. A majestade do Papado é superior a todos os ódios, é superior a todas as ondas, e esmagará tudo.

Mais ainda: a Igreja requintou, de algum modo, a sua fisionomia pela definição do dogma da Imaculada Conceição. Sancionado pela maravilha das maravilhas, que foi Lourdes, com a produção contínua de milagres que provavam a verdade da Igreja Católica, e que faziam com que os ateus perdessem completamente a graça – mas não a insistência em pregar o ateísmo. Com a definição do dogma da Infalibilidade Papal, e a realização grandiosa do Concílio Vaticano I, que promulgou esse dogma, a Igreja levou suas características contra-revolucionárias ao último ponto.

E eu estava lendo, há algum tempo atrás, uma História Universal, escrita por um maçom, que é uma espécie de manual de História destinado aos colégios laicos da França. É o Mallet que muitos dos senhores conhecem - o Mallet dizia que apesar de toda a luta feita contra a Igreja, a reação foi tão forte que, por toda parte, surgiram jornais católicos, universidades católicas, associações católicas, sindicatos católicos, até partidos católicos; em quase todos os países da Europa floresceram partidos católicos que elegeram numerosos deputados católicos às câmaras.

E, então, o Mallet comenta indignado, confuso e melancólico: “Pode-se discutir se, depois de toda esta ofensiva contra o Papado, um Papa -- como por exemplo, Pio IX ou Leão XIII, em pleno século XIX; em pleno século XX, mais tarde, com São Pio X -- não tinha nas mãos um poder ainda maior do que São Gregório VII no pináculo da Idade Média”.

Realmente, afervorou-se a disciplina para com o Papa. Os vínculos que ligavam a Hierarquia Eclesiástica ao Papa se tornaram mais fortes do que nunca. E, mais do que nunca, o Papa foi o soberano espiritual efetivo de quinhentos milhões de católicos. A este número, mais ou menos nós chegamos em meados deste século, ainda no pontificado de Pio XII: quinhentos e tantos milhões de católicos; em relação aos quais, um aceno-de-mão do Papa valia por lei; e que, portanto, era mais influente do que os maiores potentados da Terra. Sem exércitos, sem polícia, sem meios materiais de dominar, ele realizava essa maravilha, que era o domínio pelo espírito e pela graça; o domínio pelo amor e pela dedicação.

Este super-governo mundial mandava núncios por toda parte, mantinha uma corte brilhante, tinha o aparato e o fausto das maiores monarquias. E não cobrava impostos! Havia uma contribuição chamada o “Óbulo de São Pedro”, mandada espontaneamente pelos católicos do mundo inteiro. É o único governo da História, que se manteve espontâneo, sem polícia nem ação judicial, levado apenas pelo amor enlevado e entusiasmado de seus súditos.

O que aconteceu?

Aconteceu que, diante desta muralha que ia subindo à medida que o vagalhão ia crescendo – e que lembrava uma lenda antiga da qual fala São Francisco de Sales, de um lago antigo colocado no alto dos montes e cercado por rochedos, e que de vez em quando era sacudido por tempestades; então, quanto mais a tempestade no lago subia, tanto mais cresciam os rochedos e as águas do lago nunca extravasavam – assim também, a Igreja Católica sacudida pelas tempestades era como um rochedo que crescia, e cujo poder ia se tornando cada vez mais universal, cada vez mais espantoso, cada vez mais incontrastável.

Então, depois da I Guerra Mundial, começou a decadência da ofensiva. O adversário começou a fingir que se tinha esquecido dos ataques da véspera e, não atacando mais a Igreja de frente, tentou entrar em conciliação com Ela. E tentou estabelecer com muitos católicos um contrato que era o seguinte: “Não; os nossos antecessores erraram; eles tiveram, contra vocês, uma violência que nós não temos mais; nós compreendemos que vocês são extraordinários, nós compreendemos que vocês são admiráveis. Não em tudo... com tudo nós não concordamos, mas, em algo, nós concordamos. Nós queríamos, com vocês, era um pouco de paz. Vocês querem ter sossego, não querem? Façamos um contrato, façamos um cambalacho, uma negociação. O contrato, cambalacho, a negociação é o seguinte: modernizem-se, atualizem-se, abandonem as pompas do passado – assim ficam meio parecidos conosco – que nós nos comprometemos a não atacar mais a vocês”.

Alguns católicos preguiçosos e comodistas, lá por 1930, começaram a dizer: “Quem sabe...”; e começaram pleitear uma modernização da Igreja. Depois disto vieram outros católicos que começaram a dizer: “Indiscutivelmente, nós devemos nos modernizar”; e começou então a Ação Católica, por volta de 1940. E depois começaram os católicos da Democracia-Cristã e do progressismo, que iniciaram a grande virada da Igreja.

E aí os senhores têm a desolação presente. Nos círculos católicos, inúmeras pessoas procuraram pactuar com o espírito moderno, procuraram desfigurar a Igreja, deixaram aquela majestosa segurança de si que a Igreja tinha; deixaram aquela imponência que a caracterizava nos antigos tempos e que obtinha o aplauso de todos os povos – para chegar a um resultado, que é esse resultado que nós vemos hoje: a Igreja trivializada, banalizada, modernizada e, por isso mesmo, dividida, traída, em situação tão triste que ultimamente se começou a falar da renúncia do papa Paulo VI.

E um dos admiradores dele escreveu num jornal: “Essa renúncia não é possível. A Igreja parece, hoje, uma imensa nau fazendo água de todos os lados; o Papa não a pode deixar”. Coisa mais triste! O Papa mesmo disse o seguinte: “A Igreja parece estar sujeita a um misterioso processo de autodemolição; por dentro e com suas próprias mãos, Ela parece demolir-se.” Esta, a triste situação a que nós chegamos.

Assim, nós podemos dizer que houve tempo em que os católicos, isolados do mundo, perseguidos pelo mundo, constituíram, em face do palácio imponente e mentiroso da civilização laica, o seu próprio palácio. Eles constituíram sua organização, constituíram seu meio. Se os senhores não quiserem falar de palácio, falem de fortaleza: eles constituíram sua própria fortaleza.

E, porque eles fizeram essa fortaleza imponente baseada no princípio de que não há que fazer concessões; porque toda concessão é uma traição; porque o adversário só parará de nos atacar no dia em que nós nos trairmos a nós mesmos; porque é preciso lutar sempre e é preciso nunca ceder às promessas de reconciliação de um adversário... nós, do adversário, queremos duas coisas: ou a conversão, ou a luta. Se ele quiser se converter, temos os braços abertos para ele; se ele não quiser se converter, sabemos que ele nos atacará. E nós o atacaremos também.

Então, nessas condições, nós tivemos a Igreja que realizou a teoria das duas fortalezas – ou dos dois palácios – e que venceu a batalha.

Nós tivemos, depois, a tática oposta. Nós tivemos a Igreja que aceitou, infelizmente, de entrar em composição; acreditou que os filhos das trevas podiam sinceramente admirá-la em algo; sorriu para eles, abraçou-os e recebeu o abraço da morte... Teria morrido desse abraço, se Nosso Senhor Jesus Cristo não Lhe tivesse garantido a imortalidade.

Isto deve trazer para nós um grande ensinamento: não procuremos fazer uma composição com o adversário; não procuremos, por meio de gentilezas e gracinhas, agradar o adversário. O que nós devemos fazer é uma coisa diferente. Devemos dar as nossas razões e devemos justificar a nossa posição: se quer, quer; se não quer, não quer. Nós ficamos no mesmo ponto de vista.

A recomendação é essa, a norma é essa: não procureis encantar os habitantes do palácio adversário; não imagineis que vós fareis deles, aliados.

Vós podereis fazer deles, convertidos; mas, enquanto estiverem empedernidos no seu erro, eles serão adversários. Não procureis seus aplausos, não procureis impressioná-los. Cumpri o vosso dever e caminhai para frente.

E a Providência Divina, na massa anônima dos desentrosados, dos que a Revolução ainda não picou a fundo, daqueles que ainda não foram completamente dominados por ela, saberá encaminhar para junto de vós todos aqueles que são chamados para lutarem por Ela nesta hora de trevas, nos momentos sombrios da “Bagarre”, e empunharem o estandarte e o levantarem ao Céu na hora gloriosa em que o Reino de Maria se iniciar e em que todos os povos sentirão – pelo resplendor da natureza, pelo cântico dos Anjos que se farão ouvir com trombetas de vitória, pela confusão do inferno – que se realiza a promessa de Nossa Senhora: “Por fim, o Meu Imaculado Coração triunfará”.

Esta é a recomendação. Agora, ide! Que Nossa Senhora vos acompanhe!

[aplausos]


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