Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

Galhardia de um herói de Aljubarrota

ou de Lepanto

 

 

 

"Catolicismo", n° 519, Março de 1994

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Em agradecimento à oferta de "Nobreza e elites tradicionais análogas", feita pelo próprio autor da obra, Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do CN da TFP, o admirável escritor português, Francisco José Magalhães Monteiro, enviou-lhe expressiva e calorosa carta, datada de 19 de novembro p.p., enaltecendo os méritos incomparáveis do livro.

Posteriormente, o referido autor luso, que é também valoroso jornalista, saiu a campo para defender nas páginas de "O Dia" (Lisboa), edição de 30-11-93, a TFP brasileira e a entidade portuguesa coirmã desta, o Centro Cultural Reconquista, bem como o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, injustamente atacados por um reles detrator esquerdista, em órgão de imprensa lisboeta.

Apresentamos a seguir excertos do brilhante artigo de Francisco José Magalhães Monteiro, cujo "talento indefectível e galhardia", o Presidente da TFP brasileira compara aos de "um herói de Aljubarrota ou de Lepanto":

"Um grupo de amigos solicitou-me que desse um testemunho da Verdade contra uma série de mentiras infames com que um jornalista sectário, deliberadamente ‘desinformado’, atacou recentemente uma Obra que só o incomoda por esta ter combatido sempre, com denodo e sem contestação, o Comunismo.

"Um matutino que não merece ser citado aqui, por uma questão de assepsia profissional, tenho provas de que não respeita a deontologia profissional, subordinando-a à sanha com que tenta atingir objetivos sinistros.

Um seu redator, Fernando Semedo .... abordou o tema das seitas.

O Sr. Fernando Semedo .... em vez de se preocupar com a dramática situação criada em Angola e em Moçambique pela criminosa ‘descolonização’ que ele aplaudiu e nunca condenou, apontou para novo alvo a descarga do seu ateísmo. ...

"Com a habitual insídia, aprovada por quem simplesmente sempre mente, o Sr. Semedo …. ataca a ‘Tradição, Família e Propriedade’, visando um dos seus mais florescentes ramos: o Centro Cultural Reconquista, já tão amplamente credenciado pelos melhores católicos portugueses.

"Seguindo a tradição da ‘casa’, o sr. Semedo mente, afirmando que os diretores do Centro Cultural Reconquista são brasileiros, quando são portugueses e dos melhores que temos. ...

"Mas o sr. Semedo .... empoleira-se no seu rancor político e atreve-se a falar numa das maiores figuras da intelectualidade brasileira: o Professor Plinio Corrêa de Oliveira.

"Fundador da ‘TFP’, catedrático de prestígio internacional, pensador católico acima das perturbadas convulsões cerebrais do público mais reles e inculto, o Professor Plinio ama Portugal como o sr. Semedo jamais amou. Sofreu com a amputação da nossa Pátria, enquanto o sr. Semedo se regozijou com o êxito dessa operação suicida que foi a entrega do Ultramar. Escreve numa Língua correta, a ‘última flor do Lácio’, que o sr. Semedo jamais aprenderá. Recebe de Roma, há 60 anos (desde o Santo Padre Pio XII a Cardeais e Bispos acima de qualquer suspeita de se terem infiltrado no Vaticano e das mais altas figuras da intelectualidade européia e americana) constantes provas de respeitoso apreço. Tenta o sr. Semedo incluí-lo e à sua vitoriosa Obra nas seitas que a ‘democracia’ fez proliferar em Portugal é um insulto inadmissível. É o maior certificado de ignorância e facciosismo que poderia assinar.

"Mas... atenção leitores: o sr. Semedo não escreve por ignorância, o que seria perdoável. Mas por má fé! Está muito bem documentado acerca da situação no Leste da Europa, em Angola e em Moçambique, até no Brasil. ....

"Se o leitor pensar que me afastei do assunto com que iniciei esta ‘Opinião’, engana-se. É que a ‘TFP’, dirigida pelo Professor Plinio Corrêa de Oliveira, sempre tentou lutar para que se evitasse este trágico desencanto que igualmente se vive em Angola e em Moçambique, situação que o sr. Semedo sempre ambicionou. O Centro Cultural Reconquista não é um braço armado da sinistra ‘KGB’ nem qualquer seita interessada em imbecilizar os portugueses! Aposta, como nós, no ressurgimento de Portugal!

"Que o sr. Fernando Semedo, mesmo sem medo, tanto parece recear!" 

Agradecimento do Presidente da TFP

Para manifestar sua gratidão por essa destemida defesa da TFP brasileira e de sua pessoa, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, remeteu ao jornalista Francisco José Magalhães Monteiro a seguinte missiva:

"Ao ilustre e caríssimo Amigo

Hoje à noite, como habitualmente o faço às quartas-feiras, presido, no auditório da TFP, a uma reunião plenária dos membros dela residentes em São Paulo, ou ainda em outros Estados do Brasil, mas de passagem por nossa cidade.

Esse auditório, que traz o nome de Nossa Senhora Auxiliadora, comporta cerca de 300 lugares para ouvintes sentados. A lotação dele chega a um total bem maior quando, em vésperas do mês de férias do fim de ano, temos de receber também membros das TFPs ou bureaux-TFP situados nos cinco continentes.

Estava, pois, aquela nossa casa com excelente lotação. A pauta do dia era constituída pela leitura e comentário dos relatórios provenientes sobretudo da Europa e das três Américas, os quais nos punham ao corrente do andamento da campanha de difusão do meu último livro. Reinavam a alegria e a esperança no auditório, pelo fato de que, de todas as partes nos vinham notícias alentadoras: até mesmo desconcertantemente alentadoras, ouso dizer, pois tudo que se narrava nesses relatórios manifestava uma comovedora superabundância de auxílios de Nossa Senhora em prol da boa acolhida dessa obra nos mais variados pontos.

Assim, de relatório em relatório, chegou-se à leitura das cartas provenientes de personalidades de destaque. Essas eram apresentadas in crescendo, segundo o grau de ilustração dos respectivos autores, e do calor de seu entusiasmo, bem como da franqueza de suas apreciações.

Já ia alta a sucessão das cartas lidas. Faltavam apenas duas. Uma vinha de Portugal. Outra era de um membro da TFP espanhola, que nos relatava a empolgante visita feita a um místico espanhol que fazia lembrar o grande São João da Cruz, ou melhor, o padre Holzhauser, outro grande místico, alemão este, do século XVII. Pois tanto o primeiro como o segundo se fizeram notar pelas suas belas e precisas previsões do que sucederia à Santa Igreja.

Apenas nos pusemos a ouvir a carta do notável escritor português, e estrugiram os aplausos, que se fizeram mais e mais entusiastas, até que, terminada a leitura, o Príncipe D. Bertrand – que com seu irmão D. Luiz assistia à reunião – se levantou entusiasmado, pedindo-me comentários da mesma: mais uma vigorosa salva de palmas, que aliás não seria a última.

Esse notável escritor português é o destinatário da presente: um nobre e denodado Amigo, Francisco José Magalhães Monteiro, que não tem duvidado em voar em meu auxílio sempre que me vê às voltas com os opositores que nos são comuns, e que lhes faz sentir, com talento indefectível e galhardia de um herói de Aljubarrota ou de Lepanto, quanto é duro ser castigado com as estocadas rijas de um grande talento, sempre disposto a ‘mais cristãos atrevimentos’.

Depois dessas ovações, tivemos algo do gótico recolhimento do humilde místico espanhol, rezamos, e nos dispersamos, cada qual para sua residência.

Na penumbra do meu automóvel, lá ia eu rolando para a minha, relembrando quanto de generoso, de belo, de afetuoso sua grande alma encontrara para dizer a meu respeito. Chegando já tarde à minha casa, meu secretário tinha em mãos para me dar – oh deleitável surpresa! – outro escrito seu. Sofregamente li-o. E vi que nele, com um brilho todo peculiar a seu estilo, o amigo fazia justiça, em meu favor, de uma série de inverdades e disparates em que o Fernando Semedo ‘empoleira-se no seu rancor político e atreve-se a falar numa das maiores figuras da intelectualidade brasileira: o Professor Plinio Corrêa de Oliveira’. Foi com material desse jaez que o sr. Semedo resolvera nutrir o espírito de seus infelizes leitores.

Infelizes? Penso que devo retificar o adjetivo, pelo menos para todos os que, tendo tido a desdita de ler o que ele escreveu, tiveram a felicidade de ler os corretivos e os castigos que o sr. lhe inflingiu brilhantemente.

Não quero, pois, deixar passar um minuto sem lhe expressar todo o meu agradecimento, não só pelas flores de bondade, de cultura e de talento com que ornou tão largamente a sua carta de 19 de novembro p.p., como também pela abundância de revidar como que à maneira cavalheiresca e implacável com que Roland e Oliveiros fartaram os bárbaros da Germânia e os árabes da Ibéria. Ao mesmo tempo, caro e brilhante Amigo, quero expressar toda a minha admiração e afeto com que me subscrevo

In Iesu et Maria


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