Plinio Corrêa de Oliveira
Carta para Alceu Amoroso Lima, 18 de Maio de 1932
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São Paulo, 18 de Maio de 1932 Meu Querido Dr. Alceu Passei diversos dias sem lhe escrever, sempre à espera de que alguns negócios que desejava ultimar me permitissem ir aí, para conversar consigo e com S.E. [o Cardeal do Rio de Janeiro, Dom Sebastião Leme, n.d.c.] Era minha intenção chegar aí de manhã, pelo noturno, e voltar à noite, por outro noturno. Parece, no entanto, que Nossa Senhora não quer que tal se dê. Efetivamente, esperava eu apurar alguns honorários, para fazer a viagem. E as coisas estão se prolongando por tal forma que, francamente, não sei quando irei, nem se irei. Graças a Deus, a advocacia está correndo bem para mim. Mas nesta época de crise é muito difícil apurar honorários. (...) Fica tudo dependente da vontade de Nossa Senhora, que poderá, de um momento para outro, permitir que, apurando qualquer coisa, minha viagem se torne possível. Neste caso, eu lhe telefonaria previamente, para marcar audiência com S.E. Mas peço que não conte com isto, senão como sendo de uma possibilidade muito relativa. Esta situação torna absolutamente necessário que nos entendamos por carta, com mais liberdade do que o indica a prudência, em épocas em que não se pode confiar no sigilo da correspondência. No entanto, é mais imprudente ainda permitir que a situação continue como está, sem que nos possamos entender com clareza. Peço-lhe, portanto, que no próprio dia em que receber esta carta, me responda: 1) se me pode adiantar qualquer coisa, sobre o R.M., e o pensamento de S.E. a respeito deste; 2) tenho motivos para supor que o R.M., ou manobra, ou é manobrado por um grupo de altos personagens políticos; 3) preciso saber portanto se as informações de S.E. confirmam esta suposição, e até que ponto, e em que terreno as confirmam, para que eu possa agir, salvaguardando nossos interesses; 4) preciso muitíssimo saber com que dinheiro se farão no Rio as despesas da Liga. Em outros termos, se o Chefe porá qualquer quantia à disposição do Rio para isto, e em caso afirmativo, qual quantia. Aqui, nossos elementos são todos pouco endinheirados. Ou o Chefe daqui dá qualquer coisa, ou quase nada poderemos fazer; 5) quando sairá o manifesto? 6) ainda acha que lhe convém a qualidade de suplente? Penso que não, não e não. Razões locais imperiosas me levam a pedir que me responda, com grande urgência, a estas perguntas. A situação, como sempre, está muito turva. Só confio em Nossa Senhora. Como vai nosso Jesuitinha? Que Nossa Senhora o faça parecer-se com o Pai no moral, já que tanto se lhe assemelha no físico. Recomendo-me aos seus. Um muito saudoso e muito afetuoso abraço do todo seu em Nossa Senhora Plinio |