Plinio Corrêa de Oliveira
Carta para Alceu Amoroso Lima, 24 de Setembro de 1931
|
|
[Os sublinhados são do original] São Paulo, 24 de setembro de 1931 Querido Dr. Alceu Recebi hoje sua carta, e os dois artigos, que já foram entregues. Conversei com o Alfredo Egydio, sobre o amigo do Dr. Vilhena. Disse-me ele que aceitaria com grande satisfação a colaboração do Dr. Souza da Silveira. Seria, no entanto, indispensável que este se sujeitasse à ortografia de “A Razão”. Foi com grande prazer que conversei consigo ontem. O telefone torna, por assim dizer, mais palpável do que as cartas, a ideia confortadora de que se tem um grande amigo que, embora a uma longa distância, pensa, sente, vibra, vive em suma muito mais conosco, do que pessoas com quem mantemos contato constante. O contato com pessoas como o Sr. é um oásis no meio do ambiente canceroso de nosso século e especialmente de nossa classe social. Peço ardentemente que seu grande apostolado, que agora brilha e atua mais uma vez através de suas conferências, produza frutos abençoados. E quero que minha Comunhão de amanhã seja feita neste sentido. Svend observou muito bem que o Sr. ia começar sua primeira conferência exatamente no dia em que o grande crash inglês enche com seu ruído o mundo inteiro. Estive agora em conversa com o oficial de gabinete do Dr. Abrahão Ribeiro (Secretário de Justiça e Segurança Pública), um conhecido meu, o Sr. O.C. Fiquei bem satisfeito com certas intenções do Governo, que lhe comunico sob toda a reserva, como por exemplo a de combater “à outrance” [empenhadamente, n.d.c.] o imposto único. Nosso atual governo estadual, a despeito de todos os seus senões, é ainda um mal bem aceitável, perto daquele de que nos livramos. Esqueci-me, em minhas últimas cartas, de lhe dizer que estive com o P.A.M., que se formou agora, e que me disse que lhe havia enviado alguns livros, sendo que o recebimento deste não foi acusado. Ter-se-ia verificado um extravio? Ou o Sr., no meio de suas múltiplas ocupações, não teve tempo de responder? É curioso, o P.A. Sem que talvez ele desconfie disto, o maior obstáculo que existe entre a Igreja e ele é um individualismo feroz e morbidamente cioso de si mesmo. Ele, que oscila entre o comunismo e a Igreja, está profundamente atolado, coitado, no individualismo. Tem medo das influências que se possam exercer sobre ele. Tem medo até das sombras, quando está em jogo sua “personalidade”. Mas possui qualidades intelectuais sólidas. O principal objetivo desta carta é o seguinte: uma nora do JMW, muito amiga de minha irmã, disse a esta que o perigo comunismo é muito mais intenso do que imaginamos. A tal ponto que seu sogro, que tem combatido muito as tentativas de socialização na sua pasta, julga estar até com os dias em perigo. (...) No entanto, um fato me tem vivamente impressionado: o W tem sido atacado furiosamente pelos elementos socialistas (de todos os matizes, inclusive os burgueses que se mostram apenas partidários do reatamento com a Rússia etc.). Os fatos se encontram. De mais a mais, muitas suspeitas minhas, que não lhe posso comunicar por carta, foram, com grande espanto meu, confirmadas pela tal nora do W. Note-se que eu nunca comunicara tais suspeitas a ninguém, nem mesmo à minha irmã, certo como estava, de que não encontraríamos eco, no confusionismo reinante. Veja que é notável a coincidência. Não seria vantajoso procurar-se uma aproximação com o W.? Ele se mostrou decididamente católico. Agora sua situação é muito simpática. Quem sabe se ele dispensaria certo apoio às reivindicações católicas? Quem sabe se lutaria em prol do projeto Pandiá C., sobre o trabalho etc.? Conviria procurá-lo com urgência. Sei que ele teria muita coisa urgente e interessante a comunicar. E poderá ser um ponto de apoio de primeiríssima categoria. O que haverá no Chile? Fala-se aqui em revolução comunista. O fato é que a censura é violenta, e que não nos tem vindo notícias de lá. Providenciarei a respeito do plano CS, terça ou quarta-feira próxima, o Sr. terá uma resposta. Um afetuoso abraço ao nosso Jesuitinha. Minhas mais atenciosas recomendações aos seus. E para o Sr. um afetuoso abraço do todo em seu Nosso Senhor Plinio
|