9 de abril de 1991
Declarações à "Folha de S. Paulo" sobre a pena de morte
Em princípio, sou a favor da pena de morte para crimes particularmente sanguinários ou infamantes. Porém, a aplicação dessa pena pode conduzir facilmente a terríveis injustiças, nos países em que o desgoverno psicológico e moral da opinião pública, sujeita às violentas pressões de interesses econômicos escusos ou a paixões políticas exasperadas cheguem a arrastar a polícia e o Judiciário a unilateralidades de toda sorte. Em suma, nos países sujeitos a múltiplas e graves crises, a implantação da pena de morte pode resultar muito imprudente.
Ora, temo que o Brasil não tarde muito em achar-se nestas condições. E, em tal caso, a pena de morte que poderia ter concorrido para evitá-las, não bastará por si só para as remediar. Antes, pelo contrário, poderá agravar o mal. Assim, de momento, não sou favorável à pena de morte.