"Catolicismo", Nş 353, maio de 1980 (
www.catolicismo.com.br)TFPs a João Paulo II: salvai Cuba
EM TELEX enviado a João Paulo II, as TFPs existentes no Brasil, nos vários países das duas Américas e na Europa, "imploram a S. Santidade que se dirija ao mundo, exprimindo sua pastoral compaixão para com a pobre Cuba".
O texto, de autoria do Prof. Plinto Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP brasileira, já "chegou a seu Alto Destinatário, em Roma", segundo carta remetida ao autor da mensagem por D. Carmine Rocco, Núncio Apostólico no Brasil.
Eis a mensagem na íntegra:
"O drama dos dez mil cubanos que acorreram à Embaixada do Peru em Havana à procura de asilo, não exprime somente a angústia pessoal de cada um deles, resultante da miséria e da opressão em que se sentem imersos. Os espasmos e as convulsões morais que os sacodem, agitam igualmente toda a população, torturada de alma e de corpo sob o látego de um regime ateu e inumano. Personificado nos dez mil refugiados entre os quais enfermos, anciãos e crianças na mais tenra idade é todo o povo cubano que se põe de pé, aos olhos do mundo, como que dizendo: Vede que do alto da cabeça à planta dos pés, nada há em mim que esteja são (cfr. Is. 1, 6).
Por certo, esse mudo e lancinante brado de dor, tem despertado alguns protestos categóricos e alguns gestos de ajuda em favor dos refugiados. Pode-se esperar que, em conseqüência, e apesar das frias e desconcertantes delongas tanto políticas quanto burocráticas a situação pessoal de todos esses infelizes, seja por fim resolvida em conformidade com a lei natural e a caridade cristã.
Cubanos: "vermes e não mais homens"
Mas, com isto, de nenhum modo terá sido resolvida a situação global do nobre e infeliz povo cubano, o qual, se não for ajudado com eficácia e urgência, irá descambando de infortúnio em infortúnio. De maneira a se dever recear que, dentro de não muito tempo, ele se volte mais uma vez ao mundo contemporâneo, para tachá-lo de egoísta, de pragmático e de vilmente acovardado diante dos problemas que não sabe resolver, e dos deveres que não quer cumprir: "Vede dirão então já agora somos vermos e não mais homens, somos o opróbrio dos homens e objeto da indiferença das nações", como quase textualmente disse do Divino Redentor o Profeta-Rei (cfr. Ps. 21, 7).
Com efeito, Beatíssimo Padre, se no espírito do homem de hoje vibrassem as fibras cristãs de outrora, a compaixão universal para com as vítimas e a indignação de todas as nações contra os algozes teriam suscitado um daqueles tufões de ira santa a que não resistem nem o poder do ouro, nem o das armas nem o das mais disfarçadas e bem urdidas tramas políticas.
Mas, para vergonha nossa, o sentimento de justiça e de dignidade já não tem força para sopros desses, regeneradores e irresistíveis.
Salvai Cuba porque perece!
Para despertar em todo o mundo, em vista do drama cubano, as energias cristãs adormecidas, só a palavra de Vossa Santidade tem as condições necessárias. Por toda a terra, Santo Padre, ajuntam-se, irmanados pela fé com o povo cubano, os que na desolação, no silêncio e na prece, esperam essa palavra.
As Sociedades de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, e entidades congêneres, todas coirmãs e autônomas entre si, que atuam no plano cívico e inspiradas nos tradicionais ensinamentos da Santa Igreja, se genuflectem diante de Vossa Santidade e, em consonância com o que por certo vai na alma de todos os cubanos católicos, imploram a Vossa Santidade que se dirija ao mundo, exprimindo sua pastoral compaixão para com a pobre Cuba, vítima da mais sinistra tirania que até hoje tenha existido nas vastidões do Continente americano.
Em união de alma com estes cubanos emudecidos pelo terror policialesco, levantamos os olhos ao trono de São Pedro e imploramos a Vossa Santidade: Senhor, salvai-os porque perecem (cfr. Mt. à, 25).
Imploramos para eles e para nós a bênção apostólica".