Catolicismo, N.° 286,
Outubro de 1974 (www.catolicismo.com.br)
TFP:
derrota do divórcio depende do Episcopado
"O FRACASSO da ofensiva divorcista no Brasil
depende inteiramente da Sagrada Hierarquia" — afirmou à imprensa o Prof.
Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da Sociedade
Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade.
Lembrando que a recente proclamação divorcista da
Conferência Nacional da Ordem dos Advogados do Brasil deve ser tomada como um
sinal de alarme, o entrevistado dirigiu um apelo aos Srs. Cardeais, Arcebispos
e Bispos do Brasil: "Ergam-se, ensinem, proclamem, se necessário fulminem
as tentativas de implantação do divórcio. Caso o façam desde logo, o divórcio
não passará. — Que alegria, que glória para a Igreja, que o façam o quanto
antes!"
O ensinamento do Magistério
"O Magistério Supremo da Igreja — prosseguiu o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira — rejeita
categoricamente o divórcio". E apresentou à consideração dos leitores
três documentos, selecionados entre muitos outros, que exprimem de modo
iniludível essa rejeição:
— "Se
alguém disser que o vínculo do matrimônio pode ser dissolvido pelo cônjuge por
motivo de heresia, de molesta coabitação ou de abandono do lar — seja excomungado"
(Concílio de Trento).
— "Se
alguém disser que a Igreja erra quando ensinou e ensina, segundo a doutrina
evangélica e apostólica (Marc. 10; 1 Cor. 7), que o
vínculo do matrimônio não pode ser dissolvido por causa de adultério de um dos
cônjuges e que nenhum dos dois, nem mesmo o inocente que não deu motivo ao
adultério, pode contrair outro matrimônio em vida do outro cônjuge, e que
comete adultério tanto aquele que, repudiada a adúltera, casa com outra, como
aquele que, abandonado o marido, casa com outro — seja excomungado"
(Concílio de Trento).
— "O
vínculo do Sacramento do Matrimônio é indissolúvel, e embora por adultério,
heresia ou outras causas possam os cônjuges proceder à separação de corpos,
não lhes é lícito contrair outro matrimônio" (Bento XIV).
Em seguida indagou: "Teriam querido impugnar
explicitamente esse ensinamento os advogados — católicos em sua maioria — que
na recente Conferência Nacional da Ordem dos Advogados do Brasil pediram, numa
proclamação, a implantação do divórcio entre nós? — Não o creio".
Fumaça de Satanás
Visando explicar a "insólita deliberação" da
Conferência Nacional da OAB, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira ponderou:
"Em nossa gloriosa e pobre Igreja, a fumaça de
Satanás vai penetrando sempre mais. E muitas pessoas já não sabem, mesmo em
pontos muito essenciais como o divórcio, qual o autêntico ensinamento da
Igreja.
A introdução do divórcio na Itália impressionou o
mundo inteiro. Houve clérigos e figuras destacadas do laicato que se
manifestaram publicamente favoráveis ao divórcio. Os poucos que foram
repreendidos, o foram em geral molemente. Em lugar de mobilizar na luta todas
as suas forças e seu prestígio, dir-se-ia que a Hierarquia Sagrada se limitou
ao mínimo imposto pela decência. Se tanto. E isto criou no público a impressão
de que a Igreja vai operando uma distensão com o divorcismo. O que não pode
espantar, pois ele presencia a progressiva distensão do Vaticano com o
comunismo. Ora, o divórcio é apenas um dos pontos do programa comunista. E
quem entra em distensão com o todo, bem pode entrar em distensão com a parte.
Esta trágica confusão, que explica a deplorável
atitude da OAB, pode facilmente reproduzir-se em muitos outros setores da
opinião nacional, também iludidos sobre a legitimidade de uma "détente" católica com o divorcismo.
Assim, a fumaça de Satanás, a confusão doutrinária
que lavra na Igreja, confere ao divorcismo possibilidades de vitória que, em
circunstâncias normais, este nunca teria no Brasil".
Recordando que a TFP recolheu em 1966, em apenas
cinqüenta dias, mais de um milhão de assinaturas contra o divórcio, o Prof.
Plinio Corrêa de Oliveira concluiu: "A tradição antidivorcista ainda é
tão viva em nosso povo, que bastará um sério empenho da Hierarquia católica
nacional para dissipar, nesta matéria, a fumaça de Satanás, e impedir que o
divórcio seja aprovado".