Plinio Corrêa de Oliveira

 

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O fanatismo trabalhista

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 16 de fevereiro de 1947, N. 758, pag. 2

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Continua, na Inglaterra, a tremenda crise originada pela falta de carvão. As explicações que se procuram dar ao fato não convencem. Realmente as causas que se inculcam como provocadoras da crise já existiam antes do governo trabalhista, e no entanto não faltava o carvão. Foi necessário que o sr. Attlee subisse ao poder, para que a escassez se manifestasse. Portanto, a explicação mais razoável ainda é a de Churchill, que, afinal, não é nenhum leviano, mas um velho estadista cheio de experiência. Além do mais o célebre discurso do ex-primeiro ministro teve o apoio da maior parte da imprensa inglesa, tão conhecida pela sua sensatez.

Aliás, o fenômeno não é novo. Em todos os lugares onde o Estado se apodera dos meios de produção o resultado são os racionamentos, as filas, as carências e o mercado negro. O exemplo mais gritante é a Rússia, onde a escassez de todos os produtos se tornou crônica, após o advento do regime soviético, a despeito de todos os planos quinquenais. E o coroamento de tudo é uma clamorosa corrupção administrativa, de que a própria Rússia nos oferece uma flagrante ilustração, com as suas purgas cíclicas.

Entretanto, apesar da angústia da crise, a posição política do trabalhismo não parece abalada. O ministro Shinwell, a quem está afeito imediatamente o problema do carvão, declarou que não via motivos para renunciar, o que constitui uma sensível alteração da praxe britânica. Por outro lado, nas eleições parciais, realizadas recentemente em Yorkshire, o candidato trabalhista derrotou o conservador por esmagadora maioria, isto, note-se bem, no mais agudo da crise.

Estes fatos denotam a existência, tanto por parte do governo, como por parte do povo, de um perigoso ambiente do fanatismo, que fecha os olhos às realidades, só tendo em vista a realização de um sonho utópico. Pelo mesmo motivo o povo russo se tornou como que insensível às piores privações. Também na Alemanha e na Itália vimos, até pouco tempo, o fanatismo levar a efeito tarefa semelhante. É que os regimes totalitários não podem subsistir sem o fanatismo, pois o fanatismo é o substituto das forças vivas da sociedade, que não podem vingar dentro dos totalitarismos. E qual é a utopia pela qual tanto se sofre? É o mito da igualdade absoluta de todos os homens, de seu nivelamento completo, contra o qual tanto tem falado Pio XII em seus documentos e alocuções. Esta é a suprema tentação do orgulho de todos os ressentidos, daqueles que por não aceitarem o jugo suave de Cristo, onde há paz e alegria, se entregam ao jugo intolerável do príncipe deste mundo, que só lhes dá em troca tristeza, amargura, maldição.


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