Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

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As “maravilhas” da nacionalização

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 9 de fevereiro de 1947, N. 757, pag. 2

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O sr. Winston Churchill, em carta que endereçou ao candidato conservador pelo Yorkshire afirmou o seguinte: “A Inglaterra está triste e desiludida”. E acrescentou que o governo “não encoraja os trabalhadores a se esforçarem ao máximo”. “As mulheres – prossegue – que puderam resistir maravilhosamente às provações da guerra, acham muito duras as privações no tempo de paz. Negligenciando os problemas da reconstrução, o governo utiliza sua maioria no Parlamento para fazer passar leis dos adeptos da nacionalização, que criara vastos monopólios de Estado, monopólios estes de todo incontroláveis”. Foi o que nos transmitiram as agências telegráficas nestas últimas semanas.

As acusações de Churchill ao governo inglês são da mais alta importância. Por elas se verifica que o Partido Trabalhista, seguindo este o exemplo bolchevista, desnaturou o Estado, transformando-o em mero instrumento de realização de uma ideologia, ao invés de meio para promover o bem dos cidadãos. Em lugar da reconstrução que uma dura guerra de seis anos estava a exigir, os recursos da Inglaterra são malbaratados na organização de um Estado totalitário dono e senhor de todas as coisas. Resultado é a crise econômica em que se debate o Reino Unido, e que está fazendo com que as privações da paz sejam mais agudas que os da guerra. Se isto não representa o mais caloroso malogro de uma política, então já não se sabe o que significa a palavra malogro.

Está-se comprovando na Inglaterra, para quem não seja sectário, que o socialismo de Estado é um grande mal. “No coal, no England” (sem carvão não existe Inglaterra, n.d.c.) e, no entanto, na Inglaterra de Attlee não há carvão. Todos os dias somos informados de que mais fábricas se fecharam por falta de combustível. Pensava-se que a nacionalização das minas seguida da romântica proclamação afixada à porta das mesmas de que elas agora pertenciam ao povo (clamorosa ficção) daria aos mineiros maior vontade de trabalhar e um maior rendimento de carvão. Mas acontece que só a propriedade privada impressiona os homens e lhes desperta o ânimo. Aquela propriedade meramente formal de todo o povo sobre todas as minas impressionou muito pouco aos trabalhadores, tanto assim que a crise do carvão continuou na mesma, se é que não piorou ainda mais.

Em flagrante contraste com o sombrio quadro que nos oferece o soçobro econômico da Inglaterra, aparecem-nos os Estados Unidos, cheios de pujança, vivendo uma das épocas de maior prosperidade de sua história. E lá que se fez? Precisamente o contrário do que faz Attlee, o trabalhista, na Inglaterra. Tratou-se de retirar, o mais rapidamente que a prudência o aconselhava todos os controles econômicos que a guerra tinha imposto. Para isto, fundou-se até um departamento especializado, o “Decontroll Board”. E, se a princípio houve alguns desajustamentos naturais, depois de um conflito tão prolongado, não se pode negar que os Estados Unidos já entraram plenamente no caminho da normalidade.

A verdade é que o socialismo de Estado, pelo qual o governo se torna proprietário das empresas, corresponde ao embalsamento da sociedade. Em lugar das forças vivas da sociedade, que mantem de pé a estrutura orgânica da coletividade, há de um lado a massa passiva, e de outro um complicado organismo burocrático incontrolável no dizer de Churchill.

Que isto esteja presente ao nosso espírito, no momento em que se trata de decidir o destino a ser dado à estrada de ferro “Santos-Jundiaí”. É preciso que ao invés de princípios, se considere a realidade histórica insofismável da Central do Brasil.


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