Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

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“Legião da decência”

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 8 de dezembro de 1946, N. 748, pag. 2

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Todos os católicos brasileiros conhecem a “Legião da Decência”, instituída nos Estados Unidos, e o êxito invulgar que alcançou na sua luta, pela moralidade pública. Assim, acolherão com júbilo a notícia de que ela acaba de ser fundada no Brasil.

Este acontecimento ocorreu em Campinas, pela colaboração de alguns setores da A.C. (Ação Católica) daquela cidade, e do Departamento da Defesa da Fé e da Moral. Originou-o a repulsa veemente provada naquela cidade pelas representações da Cia. de revistas Dersy Gonsalves, que exibiu variedades de um flagrante despudor, chocando assim o senso moral da sociedade católica de Campinas.

Estamos informados de que os fundadores da “Legião da Decência” escolheram para a solenidade inaugural da nova entidade, o dia de hoje 8, consagrado pela Igreja à comemoração da Imaculada Conceição de Nossa Senhora.

É bem de ver que a iniciativa campineira está fadada a se desenvolver largamente, pois que em toda a vastidão de nosso território males idênticos ao que indignou a sociedade campineira, exigem o mesmo remédio. Por todos os lados alastra-se a imoralidade dos costumes, corroendo a família brasileira. Nos cinemas, nos bailes, nas praias, nos teatros, nas revistas e jornais pornográficos, a investida contra as tradições cristãs da sociedade brasileira é vigorosa e constante. Ainda que não se fale abertamente em divórcio, é evidente que todos estes meios preparam invencivelmente a abrogação da indissolubilidade do vínculo conjugal, já que uma sociedade inteiramente dissoluta não pode suportar os santos encargos da fidelidade conjugal. Assim, pois, os católicos perdem terreno a cada momento no campo da moralidade pública e vão sendo arrastados para a inteira descristianização da sociedade e da família.

A imensa modificação das mentalidades neste assunto se nota através dos mais variados índices. Assim, há dez anos era consenso unânime que uso de meia constituía obrigação de toda a jovem verdadeiramente recatada. Hoje em dia mesmo muitas jovens piedosas aboliram o uso de meia, julgando quiçá proceder modelarmente, pelo simples fato de as usarem nas ocasiões em que recebem os Sacramentos. Quem não percebe que não é só um costume, mas um estado de espírito que mudou com isto? E quem ousaria afirmar que esta modificação se operou em linha ascensional no caminho da civilização cristã? Nada pois há demais urgente do que estimular a reação contra estes costumes.

A notícia da fundação da “Legião da Decência” em Campinas teve nesta Capital uma grata repercussão. O Departamento da Defesa da Fé e da Moral da A.C.B. que vem lutando pela moralidade pública através do serviço de “Orientação Doutrinária e Moral de Leituras” deliberou apoiar do modo mais vigoroso a “Campanha da Modéstia” em boa hora empreendida aqui pela Federação Mariana Feminina, coordenando assim, em toda a medida de suas forças, a realização campineira.

As entidades que se encontram empenhadas nesta luta são das mais influentes e eficazes. Assim tudo leva a crer que a campanha contra a imoralidade assumirá entre nós um cunho cada vez mais enérgico. É o que desejamos, de todo o coração, pois que o grande mal do Brasil e do mundo não consiste tanto na crise econômica, quanto na tremenda e universal crise dos caráteres.


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