Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

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Alois Hitler

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 21 de outubro de 1945, N. 689, pag. 2

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Alois Hitler era possuidor do restaurante mais frequentado de Berlin. A propriedade deste estabelecimento era devida à situação excepcional do irmão do proprietário, Adolf. Não que Alois participasse dos conselhos de Adolf; sua atividade política era nula. Porém, alguns reflexos dos esplendores de Adolf refluíam, naturalmente, até o restaurante de Alois, que, de modesto que era, passou à primeira plana. Mas, havia também outro motivo, sobremaneira importante, que impulsionava para a frente o restaurante do Alois: numa nação de grande apetite, como a alemã, submetida ao regime dos racionamentos, este restaurante contava com fartos abastecimentos. Isto também se devia às graças de Adolf.

No frontispício do restaurante havia um grande letreiro luminoso: Alois, e logo em seguida, em letras menores, se ostentava modestamente o patronímico “Hitler”. Evidentemente, o dono do restaurante tinha o direito de usar o nome de família, e de inscrevê-lo à frente do estabelecimento. E Alois ia prosperando, prosperando.

Esta história de dois irmãos, que seguem caminhos tão diferentes na vida, poderia ser encerrada aqui, sem maiores consequências. Mas acontece que, em dado momento, o negócio de Adolf sofreu um destes contragolpes horríveis, que põem tudo por terra. O seu esplendor apagou-se de um dia para outro; a sua fama ficou em nada; o seu prestígio sumiu. Pior do que isso, transformou-se num pária indesejável, uma espécie de leproso, cujo contato todo o mundo evita, com medo e asco. Não se sabia mais quais tinham sido os seus amigos, mas os inimigos pululavam por toda a parte. De suas idéias, ninguém tinha sido adepto.

Foi então que sucedeu o admirável: ninguém mais queria chamar-se Hitler, nem mesmo Alois. Segundo nos informam as agências telegráficas o dono do restaurante fez uma petição solicitando a mudança de seu nome de “Hitler” para “Hiller”. Que o homem nas atuais circunstâncias, não queira chamar-se Hitler, é explicável. Mas o que não se explica que ele se esteja movendo tão lesta e afoitamente. Longe de nós a ideia de que Alois deveria ser punido somente por ser irmão de Adolf. Entretanto, depois de tudo o que aconteceu e, principalmente, dadas as condições misteriosas do desaparecimento de Adolf, seria natural que Alois passasse suspeito às autoridades aliadas, e mais natural ainda que, mesmo isto não sucedendo, o próprio Alois se sentisse espontaneamente suspeito e temeroso. Ao contrário, ei-lo todo desenvolto, agitando-se, chamando a atenção e procurando até mudar de nome.

Isto parece demonstrar que o ambiente criado pelos aliados, em reação ao nazismo, não é tão severo como se poderia crer. Ao invés, tudo indica haver bastante benignidade. Tendo sido o nazismo o que foi, isto não será, já não diremos semear os dentes do dragão, mas incubar-lhe os germes?


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