Plinio Corrêa de Oliveira
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Legionário, 7 de outubro de 1945, N. 687, pag. 2 |
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A conferência dos chanceleres das cinco potências, reunida em Londres com o fim de preparar a organização jurídica da paz, fracassou espetacularmente. Será quase impossível apresentar outro exemplo de um malogro tão completo em assuntos internacionais. É verdade que, desde o início, se começou a prever um fim catastrófico para aquela conferência. Mas é preciso confessar que o fiasco foi além de toda expectativa. A esterilidade da conferência foi confrangedora: desde o princípio ela se debateu em “impasses” angustiosos, que não puderam ser solucionados nem contornados. Mas o pior é que não houve apenas resultado nulo; houve, isto sim, tremendos resultados negativos. A esta altura dos acontecimentos já não é possível negar, em sã consciência, que o Governo Soviético foi o responsável por este fracasso, que veio turvar novamente os horizontes do mundo. Todas as evidências estão demonstrando que a U.R.S.S. já entrou na conferência com o propósito deliberado de a fazer fracassar. Os comunistas podem bradar o contrário; todos nós já sabemos, por experiência própria, que, em matéria de sinceridade, os soviéticos fariam Tartufo morrer de vergonha. Entretanto, há vários modos de fazer fracassar uma conferência. A de Londres está longe de ser o primeiro exemplo. Muitas outras já tiveram o mesmo destino. Contudo, a diplomacia civilizada sabia conduzir inteligentemente os acontecimentos, de tal forma que o malogro acabava sendo, muitas vezes, uma verdadeira obra de arte. Aí se patenteava a habilidade dos estadistas que, com um mínimo de atritos, sabiam neutralizar o curso de negociações, que acabariam sendo prejudiciais para seus países. Mas a diplomacia soviética é rombuda, e emprega pretextos de uma boçalidade à toda a prova. A brutalidade das atitudes soviéticas não tem paralelo. Vê-se de modo claro que a civilização naufragou irremissivelmente na U.R.S.S. Lá, só há lugar para a força, a violência, a fraude, uma completa barbárie enfim. O nosso mundo civilizado não consegue encontrar um terreno comum com aquele mundo bárbaro. E, no entanto, por que o Governo Soviético forçou o fracasso da conferência de Londres? Que tinha a Rússia a temer das potências ocidentais? Não foram estas mesmas potências que a salvaram de um desastre irremediável e sem precedentes? Mas, passado o perigo, o bárbaro soviético pensa apenas nas suas ambições sem limites. Que isto nos convença de uma coisa: o comunismo é tão democrático e civilizado quanto o nazismo. Ambos são formas semelhantes do mesmo totalitarismo pagão e bárbaro. |