Plinio Corrêa de Oliveira

 

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Atrocidades nazistas

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 30 de setembro de 1945, N. 686, pag. 2

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O processo dos criminosos de guerra instaurado em Lueneburg continua a revelar as coisas mais espantosas. O mundo cada vez mais está ficando atônito com as crueldades sem nome, que se passavam nos campos de concentração. Quem pudesse pensar que as acusações de atrocidades lançadas contra os nazistas eram em grande parte reforçadas pela propaganda aliada, verifica, neste momento, que os fatos ultrapassaram o que se podia razoavelmente supor. A imaginação dos novelistas e teatrólogos, que exploram o assunto, foi amesquinhada pela realidade.

O que mais impressiona nestas crueldades, é o requinte minucioso de perversidade com que foram cometidas. O ódio que as inspirava transcende o simplesmente humano: o desejo de desmoralizar, de achincalhar, conspurcar as vítimas, tornando-as ridículas em seus sofrimentos, sem qualquer sombra de piedade ou misericórdia, patenteia um sentimento que é mais  do que uma aversão de casta, de nação ou de raça, mas é um ódio à própria natureza humana. O caso daquele carmelita, ilustre pelo saber e pela virtude, Reitor da Universidade de Nimege na Holanda, que foi obrigado a fazer o papel de cachorro, latindo como cachorro, revela bem uma rancorosa detestação dos valores superiores do homem. Igualmente o sistemático desprezo da dignidade humana em pontos caracteristicamente essenciais, tais como as mais chocantes experiências biológicas praticadas nas vítimas, indicam este mesmo estado de espírito. Ora, semelhante ódio, como já dissemos, é mais do que inumano: é satânico. Só o perpétuo e radical inimigo da natureza humana pode inspirá-lo. E eis o que é digno de ser meditado por nós, católicos: este estranho e terrível fenômeno de diabolismo em nossos dias.

Disse Tertuliano que a alma humana é naturalmente cristã. Isto quer dizer que Deus fez a nossa alma tendo em vista a sua elevação à ordem sobrenatural. Mas esta elevação se dá quando a nossa alma se acha na sua normalidade de natureza (o que aliás é um dos frutos da graça correspondida). Quando esta normalidade se perde, quando a nossa alma se perverte internamente pelo pecado, estabelece-se uma verdadeira incompatibilidade entre a nossa natureza e a ordem sobrenatural. É por isso que o demônio procura sempre tornar os homens, quanto possível anti-humanos ou inumanos, a fim de apagar neles esta aptidão natural para receber a graça endurecendo-os de tal forma na degradação, que tornam surdos aos anelos da graça que os chama. Daí provem os paroxismos de abominação de todos os paganismos mesmo os mais cultos. A esta regra não escapou o paganismo nazista. Mas isto é também uma advertência para o neopaganismo contemporâneo.


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