Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

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A “main tendue”

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 16 de setembro de 1945, N. 684, pag. 2

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A Imprensa nos deu conta de uma recente Pastoral coletiva do Episcopado vêneto, na Itália, em que se condena novamente o comunismo, bem como qualquer colaboração ou aliança com o mesmo; uma circunstância aumenta a importância desta Pastoral: o “Osservatore Romano”, órgão oficioso da Santa Sé, a publicou. Aliás, o Santo Padre não se tem cansado, nestes últimos tempos, de afastar todas as dúvidas a respeito de uma possível mudança de atitude da Igreja a respeito do comunismo. Esta atitude é sempre a mesma, e se baseia na radical incompatibilidade entre a doutrina cristã e a comunista. E, quando estão em jogo questões doutrinárias, será inútil esperar qualquer transigência por parte do Vaticano. A Igreja preferirá mil vezes voltar às catacumbas, a ceder a menor vírgula em matéria doutrinária.

Atualmente, o torvelinho da guerra que passou, ainda turva os horizontes. A consequência natural de todas as grandes comoções da humanidade é a perturbação das idéias, a confusão dos princípios, a obnubilação das inteligências. Prevalecendo-se disto, os eternos pescadores de águas turvas procuram tirar suas vantagens, disseminando os seus erros. Sabemos de vários casos de consciências alteradas, que desejam a política da “main tendue” [da mão estendida, tradução literal], que acreditam ser possível uma aliança entre o comunismo e o Catolicismo. Por outro lado, a campanha comunista tem feito o possível e o impossível, nestes últimos tempos, para envolver nas malhas a católicos incautos. É típico o exemplo de certo filme soviético, em que os personagens se benzem a três por dois. Para alguns “ingênuos” isto é suficiente para desmentir cabalmente todo e qualquer caráter anti-religioso do comunismo. A uns e a outros, porém, a irrevogável atitude da Santa Sé acabará por desiludir.

Aliás, é preciso reconhecer que a política de engodo dos comunistas para com os católicos revela um desconhecimento quase total da realidade interna da Igreja. Querer, por exemplo, fazer intrigas entre o “baixo clero” e o “alto clero”, pretender obter prestígio na massa católica pondo de parte as autoridades eclesiásticas, é destas empresas a que só se abalançam os ignorantes. O máximo que conseguiram foi uma igrejola cismática, que se desconjunta ridiculamente. Mas isto precisamente é um fracasso, porque o que eles queriam era arrastar a Igreja Católica Apostólica Romana. A purga de alguns de seus membros degenerados, formando uma igrejinha desprestigiada, não lhes adianta de nada. Eles queriam a árvore de frutos polpudos e obtiveram um cesto de frutinhas bichadas.

Mas a Igreja continua firme e inabalável, e nada tem que alterar em seus pontos de vista relativos ao comunismo.


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