Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

Nova et Vetera
 
A Sociedade dos Fabianos, Cavalo de

 

Tróia Socialista

 

 

 

 

Legionário, 17 de junho de 1945, N. 671, pag. 5

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Quando iniciamos em nosso último número, um breve esboço das diretrizes e realizações da Sociedade dos Fabianos, como exemplo da nova tática socialista, longe estávamos de pensar que íamos receber do primeiro-ministro britânico, sr. Winston Churchill, a mais cabal corroboração do que dizíamos.

Em seu enérgico discurso pronunciado na semana atrasada, de combate aos manejos dos socialistas e em particular dos trabalhistas, Churchill claramente mostra que o grande público inglês ignora para onde o conduzem esses líderes esquerdistas e ficaria horrorizado com a ideia, por exemplo, de que nenhum sistema socialista pode ser estabelecido sem uma polícia política. Todo o discurso é nesse tom de quem descobre ao povo inglês os verdadeiros intuitos dessas correntes esquerdistas – o que equivale a dizer, que essas correntes esquerdistas escondem seus verdadeiros objetivos – agem, portanto, de acordo com o método dos fabianos.

Outro exemplo da estrategia fabiana denunciado pelo primeiro-ministro britânico: “Vejam como, mesmo hoje, os pregoeiros socialistas consideram os controles de toda espécie como se fossem acepipes deliciosos e não imposições de tempo de guerra”.

Com efeito, as filas, os racionamentos, as requisições de bens e propriedades, o trabalho obrigatório forçado, as restrições de toda espécie, seriam outros tantos meios de fazer o povo ir se acostumando com a “nova ordem” socialista pelo processo de mitridatização. E um membro de uma instituição internacional protestante de estudantes não há muito tempo em visita a S. Paulo, referindo-se encomiasticamente a todas essas medidas de emergência, e não escondendo a ajuda que elas representavam para a causa socialista, afirmou em tom confiante: “These things will stay good!” – Estas coisas ficarão para sempre!

Que, pelo menos essa é a intenção dos fabianos ingleses representados pelo Partido Trabalhista, agora no-lo revela o próprio Churchill.

É interessante constatar, pelo mesmo discurso do “Premier” britânico, o fato de Beveridge, liberal, se achar unido aos socialistas contra os conservadores. À luz do que dissemos em nosso último número, que pensar de uma tal aliança?

E por falar em Sir Willam Beveridge, convém frisar que se aplicam muito bem ao seu plano de Pan Seguro Estatal o que Churchill diz do estatuto “arqui-empregador, arqui-planejador, arqui-administrador e arqui-governante e arqui-patrão autoritário”, e quando alude a essa máquina formidável “que quando estivesse no poder, prescrevesse para todos onde deveriam trabalhar, no que deveriam trabalhar, onde deveriam ir, onde suas esposas deveriam buscar as rações do Estado, que educação receberiam seus filhos...”

* * *

Apontadas por testemunho tão valioso, as atuais manobras fabianas, que se desenvolvem nas ilhas britânicas e... podemos acrescentar, também nas Américas, passemos à continuação do estudo sumário que vínhamos fazendo dessa Sociedade, que muito bem caracteriza o processo de mimetismo desde o século passado usado pelo socialismo para iludir os incautos e fazer entrar dentro da cidadela católica seu perigoso cavalo de Tróia.

Ponto de vista político

Em política, o modo de agir da Sociedade dos Fabianos foi claramente definido por um de seus líderes, Bernard Shaw, em uma conferência que pronunciou em 1892 no Esex Hall, no decorrer da qual se ocupou longamente da tática de “penetração” ou “infiltração” dos fabianos, e enumerou os resultados já obtidos por ela. Um ano mais tarde o “Partido Trabalhista Independente” foi fundado pelo agrupamento das sociedades fabianas então existentes.

Essas sociedades eram dirigidas por Keir Hardie, Friederich ENGELS (colaborador íntimo de KARL MARX) e pela filha de Karl Marx, Mrs. Aveling. Reduzido à sua expressão mais simples, seu código marxista era expresso por estas palavras: “Estabelecer um Estado socialista no qual a Terra e o Capital passarão às mãos da Comunidade”.

Foi justamente com base neste princípio que a Rússia foi transformada na Rússia soviética em 1917...

O autor da “História da sociedade dos Fabianos” não deixa de frisar que essa sociedade foi a mãe que dera à luz ao Partido Trabalhista Independente. Tendo assim, de um lado adquirido a direção do socialismo marxista e, de outro, “infiltrado” ou “permeado” de tal modo as fileiras do Partido Liberal, que praticamente o guiavam, os fabianos em breve conseguiram tomar parte nas eleições e lançar seus próprios candidatos. Fizeram-se também nomear para cargos importantes nos conselhos de ensino da igreja anglicana, das administrações municipais, ligas feministas, clubes dos partidos trabalhista e liberal etc. Salientaram-se sobretudo por seu ardor em fazer avançar o movimento que devia determinar a quase autonomia das municipalidades, e se esforçaram por fazer aprovar leis sobre o seguro nacional.

Do mesmo modo, ainda no domínio político, e valendo-se de seu afiliado, o Partido Trabalhista Independente, os fabianos manifestaram suas tendências derrotistas e antipatrióticas durante a guerra dos Boers (1899-1902), quando expressaram seu desejo de “ver os Boers vencedores e o exército britânico escorraçado para o mar”.

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Em 1903, depois de dez anos de incansáveis esforços desenvolvidos junto das “Trade Unions” (Sindicatos Profissionais), o Partido Trabalhista Independente proporcionou à Sociedade dos Fabianos a surpresa e alegria de lançar na Inglaterra um novo rebento fabiano na pessoa de um “Partido Trabalhista” (assim simplesmente nomeado, sem outros adjetivos e completamente organizado). Até então os candidatos fabianos haviam conseguido lugares no Parlamento fazendo-se passar por candidatos liberais. Agora tinham seu próprio partido. E jamais se havia visto um exemplo mais frisante da tática fabiana de diversas correntes que se encadeavam umas com as outras sob nomes diferentes: a tática do jogo marcado entre parceiros que aparentemente se desconhecem.

O início das hostilidades em 1914 forneceu a esses “iluminados” do socialismo novo ensejo de manifestarem seus sentimentos antipatrióticos, com a diferença que agora podiam fazê-lo mais abertamente e com mais alarido que durante a guerra dos Boers. E foi então que produziu abundantes frutos seu jogo de dirigir campos na aparência separados. O que pode ser denominado a propriedade “fundente” da Sociedade dos Fabianos se tornou evidente, pois que a sociedade, como tal, não se revelou antipatriótica. Essa tarefa ingrata foi confiada aos membros do Partido Trabalhista e do Partido Trabalhista Independente, que tomaram parte saliente na formação da “União do Controle Democrático”, da qual o sionista Israel Zangwill foi um dos principais chefes de orquestra. As manobras vergonhosas derrotistas e germanófilas durante a guerra de 1914, do fabiano sr. Ramsay Mac Donald (futuro Primeiro Ministro do governo trabalhista) não são menos históricas que o apoio concedido ao bolchevismo pelo seu Partido Trabalhista, e ambos enxovalharam para sempre as páginas da crônica política da Inglaterra.

Resta ainda assinalar um outro aspecto do fabianismo: o papel por ele assumido na formação e, mais tarde, na direção da Liga das Nações, a que Bernard Shaw denomina “um embrião de governo internacional”. Os fabianos reivindicam para si a ideia da Sociedade das Nações. (...)

Ponto de vista econômico

O papel desempenhado pela Sociedade dos Fabianos na vida econômica, industrial e financeira da Inglaterra não é menos importante que na vida política. Com o “slogan'” de “política progressista”, ela invadiu a Agricultura, pregando a nacionalização das terras, ou em outras palavras, o confisco das propriedades particulares (a este propósito advertimos aos nossos leitores que em maio de 1928, quando o fabiano sr. Noel Buxton fazia uma conferência sobre o Partido Trabalhista perante o Comitê Nacional de Estudos em Paris, um dos ouvintes objetou claramente ao orador que o programa agrário desse Partido nada mais parecia ser que uma simples expropriação).

Prosseguindo em sua empresa, viu a Sociedade frustrados seus esforços no sentido de dirigir o socialismo “corporativo”. Por outro lado, conseguiu se apossar completamente das “Trade Unions” e do movimento sindical.

O primeiro golpe fabiano contra a indústria inglesa foi desferido em 1890 no Condado de Lancashire, com o auxílio da tristemente famosa Annie Besont, que então era a agitadora mais incendiária entre os fabianos. Mais tarde chegou a vez das sociedades cooperativas caírem nas malhas do fabianismo, sendo em seguida confiadas ao “Partido Trabalhista Independente” e ao “Partido Trabalhista” tout court (propriamente dito, n.d.c.). Foi devido ao fato desse sucesso dos socialistas em se assenhorearem da indústria que durante a grande guerra de 1914, lhes foi fácil organizar uma eficaz sabotagem nas fábricas de material de guerra na Inglaterra.

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Quanto ao ideal fabiano no capítulo das finanças, sabe-se que ele repousa sobre a ruína do capitalismo. Ora, tal ideal vem sendo realizado pouco a pouco pela aplicação de seu sistema de impostos exagerados sobre as rendas, sobre as heranças e pelas sobretaxas, que segundo Sidney Webb (Lord Passfield) serão provavelmente culminados por um lançamento arbitrário sobre o capital.

Tudo isto vem sendo feito no alegado interesse do povo, que é narcotizado por meio de leis sobre fundos de compensação (ajuda aos sem-trabalho), pensões para a velhice etc., e os operários foram habilmente acorrentados por uma lei que os obriga a pagar contribuições para o que se denomina “seguro nacional de saúde”. Em troca lhes são oferecidos cuidados médicos irrisórios, que a maioria se vê na contingência de recusar, por causa de sua ineficiência. E antes mesmo da aplicação do “plano Beveridge” vemos que os fabianos já estão trabalhando para (...) redução da Cristandade à escravatura, num super-Estado totalitário e socialista.

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No próximo número veremos as diretrizes e realizações dos fabianos no setor da educação. E mostrando por esta série de revelações, a má fé que encobrem as manobras socialistas, respondemos aos que vivem assoalhando que combater o comunismo é dar prova de saudosismo nazista, acusação imbecil ou nervosa, que é a reprodução do realejo ainda recentemente usado pelo nazismo: combater o nazismo era favorecer o comunismo...