Plinio Corrêa de Oliveira
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Legionário, 21 de janeiro de 1945, N. 650, pag. 2 |
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Todos se lembram o que aconteceu ao general Bor. O movimento de resistência polonês, que vinha sendo cultivado e organizado com paciência, dedicação e carinho, durante os amargos anos da ocupação nazista - muito mais dura e severa para a Polônia - toda esta imensa obra arquitetada sob as ameaças terríveis da Gestapo, veio à tona subitamente, como um só homem, quando a captura de Varsóvia se tornou iminente. Parecia evidentemente chegado o momento oportuno para repetir na frente oriental o que se dera em Paris, pouco tempo antes. Porém, se estrategicamente o momento era oportuno, politicamente era importuníssimo. O movimento de resistência polonês era espontâneo, ditado pelo amor à religião e à pátria, ambas espezinhadas pelo nazismo triunfante, e não tinha relações com as grandes tramas, que se urdem na sombra e que ditam o destino dos povos. A ofensiva soviética deteve-se como por encanto às margens do Vístula, e toda a frente oriental se transformou, de uma hora para outra, num oásis de bonança. O exército do general Bor lutou sozinho e desamparado até ser exterminado. O grande e angustioso grito da Polônia morreu no deserto da indiferença geral, e só encontrou eco na Santa Sé. Agora, o verdadeiro e autêntico movimento de resistência polonês, que era impulsionado por vida própria, e não era uma marionete manejada por fios ocultos, já não existe. Agora, repentina e inesperadamente, os exércitos soviéticos ocuparam Varsovia, com surpreendente facilidade. E, invés do governo polonês do exílio, lá foi instalado o grupo de marionetes de Lublin. Isto vem demonstrar mais uma vez que, na presente conflagração, os fatores políticos têm preeminência sobre os fatores militares. Aliás, este fato já foi oficialmente confirmado pelo próprio general Eisenhower, quando declarou à imprensa que só conveniências políticas impediam que a guerra terminasse antes do Natal. Quer dizer, se as forças aliadas não penetravam Alemanha a dentro, não era precisamente por causa da linha Siegfried, pelo menos segundo o modo de pensar de seu comandante em chefe. Para explicar este fato, chegaram-se mesmo a estabelecer algumas teorias, uma das quais propunha a hipótese que, se a guerra terminasse muito subitamente, sobreviria uma tal anarquia na Europa, que seria preferível termina-la gradualmente. De qualquer modo, o fato a que acima aludimos é inegável. Ora, vai reunir-se dentro em pouco a conferência dos chefes das três grandes nações aliadas. Naturalmente, lá serão discutidas aquelas conveniências políticas, e só pelos resultados futuros poderemos vir a saber alguma coisa das conversações. Seguramente, o caso polonês ocupará papel destacado nos debates. Apenas, podemos formular votos de que a Inglaterra e os Estados Unidos consigam salvar a Polônia e, assim, opor diques ao expansionismo comunista. Queremos crer que a era da política de guarda-chuva esteja definitivamente encerrada. Uma coisa, porém, é certa: jamais estiveram os povos mais longe de dirigirem os próprios destinos do que agora. Eles são conduzidos cegamente, para onde não sabem. |