Plinio Corrêa de Oliveira

 

Comentando...
 
F.T.D.

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 26 de novembro de 1944, N. 642, pag. 2

  Bookmark and Share

 

Levanta-se, agora, uma celeuma a respeito da conhecida e afamada coleção de livros didáticos da F.T.D. Esta coleção é dirigida pelos beneméritos Irmãos Maristas, que se dedicam à educação da juventude, com o mais completo desprendimento e os mais notáveis resultados, como só podem obtê-los os que se entregam a essa tarefa por vocação religiosa. Pois bem, contra os livros didáticos dos Maristas formulou-se a acusação de promoverem propaganda nazista entre os alunos. A respeito disso, chegou-se mesmo até a falar de quinta coluna. Quanto zelo, Santo Deus! A gente se lembra, sem querer, daquele conto de Monteiro Lobato, “O espião alemão”. E, também, espontaneamente vem à memória a parábola da trave e do argueiro. Afinal, há uns quatro anos, quem combatia denodadamente o nazismo avassalante? Afora a voz católica do LEGIONÁRIO, que precisava bramir para não ser jugulada, quase mais ninguém. Estava-se na época em que muitos achavam que a guerra era um simples fenômeno internacional, sem qualquer caráter ideológico. Mas as acusações contra a católica F.T.D. tem um aspecto ainda mais odioso: admitindo-se, para argumentar, que a coleção F.T.D. tivesse acaso algum laivo totalitário, porventura seria a mais grave e perigosa infiltração nazifascista no Brasil? Agora, que os nossos patrícios morrem na Europa pela causa da liberdade, não seria melhor aplicar este zelo a outros assuntos muito mais importantes?

A verdade é que só um espírito estrábico pode enxergar nazismo na coleção F.T.D. O simples fato desses livros terem sido escritos muito tempo antes do mundo saber da existência de um sr. Adolfo Hitler, já mostra suficientemente o ridículo da acusação. O que a coleção F.T.D. faz – e faz nisto muito bem – é combater as deletérias doutrinas revolucionárias, que arrastam o mundo ao abismo em que se encontra hoje em dia. O que faz a coleção F.T.D. é desmanchar os embustes de muita história oficial, é desmascarar o sectarismo de muita opinião pseudo-científica, e por isto precisamente fá-la benemérita, por inculcar nas novas gerações princípios sadios. E, com isto, nada mais faz do que seguir as instruções da Igreja; quem duvidar, leia as Encíclicas, e lá encontrará tudo o que é acoimado de nazismo na coleção F.T.D. Se isto é nazismo, as palavras perderam sentido. Mas é precisamente o que fazem os fariseus desta hora. Para eles, quem não for favorável ao amor livre, à derrocada dos valores, ao comunismo, é taxado de fascista. Mas eles aceitam como democracia a ditadura soviética, e fecham os olhos às dúbias atitudes da Rússia para com os aliados. É preciso protestar e romper esta rede de mentiras que vai envolvendo o mundo, arrastando-o novamente para o falso binômio nazismo-comunismo, em que se pretende fazer submergir a humanidade, porque de ambos os lados não há nem dignidade, nem a verdadeira liberdade, mas a mesma negação da natureza humana. É preciso dizer a estes “cadets de Gascogne” suspeitíssimos da democracia: farsantes!


Bookmark and Share