Plinio Corrêa de Oliveira
Comentando...
Legionário, 10 de setembro de 1944, N. 631, pag. 2 |
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Discorrendo sobre a política nacional, o sr. Assis Chateaubriand afirmou as seguintes coisas, que catamos aqui e acolá, num de seus artigos: “Saídas estrepitosas, voltas, reviravoltas, quedas, vertigens, atrações, tudo isso traduz a matéria-prima rica do amor filial em atividade desses átomos, comungando com o Sagrado Coração de Getúlio (Vargas) e absorvidos na imensidade de seu seio”... “Dom gratuito do Senhor, presente da Graça, pura, plena e absoluta do Mestre, são esses paroxismos de exacerbação de Osvaldo e Loureiro”... “Recebe-se um ligeiro e misericordioso toque para nos trazer à consciência da nossa miséria, da nossa débil humanidade, como do temporário da nossa presença neste porto seguro de eternidade, que é Ele”... “Desembarcou, pimpão e jucundo, no Rio, quase à mesma hora em que, sobre Osvaldo e Roberto caía a lousa fria do olvido voluntário, para alguns meses de poeira, a fim de que se lembrem de que no paraíso do Mestre não passamos de reflexos da sua bondade, e cinzas”... “Só ainda aquele que não esteve lá ignora os manjares capitosos, que ele guarda para essa família do seu corpo místico”. Poderíamos continuar transcrevendo excertos, pelos quais se verifica que o sr. Assis Chateaubriand se refere continuamente ao Sr. Getulio Vargas e a certos acontecimentos políticos com uma linguagem que só se pode aplicar a Deus e às coisas divinas. O que quer dizer que o diretor dos “Diários Associados” se utilizou, de princípio a fim, de uma linguagem blasfema, pois é blasfêmia atribuir a um homem, quem quer que seja, qualidades e prerrogativas privativas de Deus, de Jesus Cristo ou da Igreja, como por exemplo: Mestre, Senhor, Dom gratuito da Graça, Onipotência, eternidade, corpo místico, etc. A consciência católica não pode reprimir um movimento de indignação e de repulsa diante dos trechos acima transcritos. Entretanto, o artigo em questão não foi escrito diretamente para combater a Igreja. A sua finalidade expressa é outra muito diferente, que não nos interessa. O que acentua aos últimos limites a sem cerimônia com que o sr. Chateaubriand se serve das coisas mais sagradas para fazer as suas tricas e seus joguinhos. Esta é a consequência do confucionismo que lavra por aí fora, desta mistura inconsiderada de valores religiosos e coisas profanas, que acaba por sujeitar o espiritual aos interesses temporais. Afinal, o sr. Chateaubriand sabia muito bem que nenhuma consequência desagradável lhe adviria por lançar mão de expressões veneráveis, conspurcando-as em suas artimanhas de velho politiqueiro. O sr. Chateaubriand blasfemou, não há dúvida. Mas não terá tido cúmplices? |