Plinio Corrêa de Oliveira
“Le doux pays de France”
Legionário, 18 de junho de 1944, N. 619, 1ª. página |
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Quando Maria Stuart, viúva de Francisco II, rei de França deixou esse país em demanda do rude e brumoso reino da Escócia, que herdara de seus pais, chorou de mágoa por não poder jamais rever o que ela chamava “le doux pays de France” [o doce país de França]. Desde a alta Idade Média encontramos essas expressões “la doulce France” [a doce França], “le doux pays de France”, na pena de quantos conheceram o esplendor cristão do espírito e da cultura francesa. De Clovis, até nossos dias, a história da França cristã e católica não tem sido senão uma longa e ininterrupta cintilação de qualidades naturais e sobrenaturais insuperáveis. Há homens de talento ímpar, dotados de graças excepcionais na ordem sobrenatural, a quem Deus incumbe de servir de luzeiros a seus semelhantes. E há também povos privilegiados pelos dons da natureza e da graça, a quem Deus incumbe de iluminar o mundo inteiro nas veredas da virtude. Entre esses povos, está certamente a França. Desde a trágica capitulação assinada em Compiègne, no próprio vagão que servira em 1918, a França geme sob o mais oprobrioso cativeiro. E, com ela vem gemendo o mundo inteiro, consternado com sua ruína. A aflição da Cristandade inteira pela hecatombe em que submergira a primogênita da Igreja, só se pode exprimir pelas palavras bíblicas que traduzem a consternação do mundo antigo à vista da ruina de Jerusalém: “será essa a cidade de uma beleza perfeita a alegria e glória do mundo inteiro?” Não chorávamos apenas a morte da França, mas nossa vida sem ela. E, finalmente, a França ressuscitou. O desembarque anglo-americano nas plagas francesas, e sobretudo a viagem do general De Gaulle às regiões francesas já libertadas, significa que a França renascerá, renasce, e já renasceu, e que mais uma vez, para a glória de Deus e dos homens, irradiará para o mundo inteiro o esplendor, a suavidade, a alta finura espiritual do “doux pays de France”, da França de Joanna d’Arc, de São Luis, de São Vicente de Paulo e de Santa Terezinha, a França da “chouannerie”, de Veuillot, em uma palavra, a França de Jesus Cristo Nosso Senhor.
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