Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

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O hino russo

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 1º de janeiro de 1944, N. 595, pag. 2

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Notícias da Rússia informam que a Internacional, que até agora tinha sido o hino oficial do governo soviético, vai ser substituída por um hino nacional, que já foi encomendado a célebre compositor. Acentua-se, assim a nova orientação do comunismo. Depois da dissolução da 3ª. Internacional, que, como todos sabem, era o organismo oficialmente encarregado de propagar e estabelecer o comunismo em todas as partes do mundo, acaba-se com a Internacional, a música subversiva, que fazia ferver as paixões esquerdistas, abalando as instituições e ensanguentando as ruas.

Os extremos se tocam. O salto que, à primeira vista, a Rússia parece ter dado violentamente, passando brusca e inesperadamente do internacionalismo para o nacionalismo, não é tão grande assim. Muita gente houve que, num abrir e fechar de olhos, passou da extrema esquerda para a extrema direita, o que prova que a distância entre ambas não é muito considerável, mesmo porque a terra é redonda, e, como diz o velho adágio popular, uma mão lava a outra: a esquerda à direita, e a direita à esquerda, ou se emporcalham mutuamente, o que também acontece.

O fato é que também as extremas-direitas são internacionais ao seu modo. Quem não percebe a íntima solidariedade que une os vários governos nazistas, nazistóides e fascistas, que se estendem por este mundo afora? Quem não vê que eles se entendem pelo menor piscar de olhos? Quem já não adivinhou a rede maravilhosa que os envolve, orientando os seus corifeus? Quem já não ouviu a orquestração wagneriana, que prepara em toda a parte a eclosão dos super-homens do totalitarismo?

E depois, os nacionalismos totalitários costumam exatamente dissolver o que há de mais característico em cada nação, ao mesmo tempo em que todos estes nacionalismos se assemelham muito entre si, preparando o caminho para os mais surpreendentes acordos, por exemplo o eixo Tóquio-Berlim. O nacionalismo totalitário toma pé no orgulho nacional exacerbado, e orienta esta energia para uma finalidade transnacional. Assim, os possuídos da mística totalitária acabam amando mais seu ideal político do que a própria pátria. Isto é provado abundantemente pelos vários Quislings fornecidos pela extrema-direita. Desta forma, os governos totalitários acabaram por formar um internacionalismo muito mais eficiente e ativo do que a 3ª. Internacional, um internacionalismo vital, e não meramente decorativo, como o foi muitas vezes a 3ª. Internacional.

A U.R.S.S. parece haver compreendido esta verdade. Em vez de uma 3ª. Internacional barulhenta e mazorqueira, mas bem pouco eficiente, em vez da Internacional cantada aos berros em arruaças improfícuas, uma rede de pequenos governos visceralmente socialistas ou comunistas, espalhados pela Europa, e talvez algures.


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