Plinio Corrêa de Oliveira

 

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A Guarda Suíça

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 14 de novembro de 1943, N. 588, pag. 2

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Conforme, notícia que o LEGIONÁRIO publica em outro lugar, o Santo Padre Pio XII, tendo em vista a segurança do Vaticano aumentou consideravelmente a pequena força que o Papa tem a seu serviço, dotando-a de moderno armamento. Assim, enquanto durar o atual estado de confusão em Roma, os suíços abandonarão o seu tradicional e vistoso uniforme, porão de lado a alabarda e o capacete decorativos, e envergarão o aparato militar dos tempos modernos. Como os soldados século XX, eles serão apenas operários especializados na técnica da matança, hábeis em manejar as ferramentas mortíferas. Como nos outros soldados, nada neles traduzirá as sublimidades da glória militar, mas eles também estarão nivelados na mesma inumanidade cinzenta da guerra moderna.

Não. Não vamos repetir aqui a estafada demonstração de que a Igreja não é inimiga das “justas realizações” do progresso. Há uma espécie de complexo de inferioridade em a gente se preocupar muito com demonstrar que a Igreja não é inimiga do progresso, da ciência, da civilização, da cultura física, do esporte, das justas aspirações populares, do sr. Beveridge e do exmo. sr dr. Sub-prefeito de Itaquaquecetuba. Digamos logo, com simplicidade, que a Igreja é inimiga do mundo, e deixemos que os mortos enterrem os seus mortos. Mesmo porque, no caso dos suíços pontifícios, assim que terminarem as perturbações da ordem pública, eles voltarão a empunhar alabardas, a cobrir-se com capacetes, a vestir-se pitorescamente, pondo de lado máscaras contra gazes, metralhadoras, pistolas automáticas, e lá irão água abaixo as justas realizações do progresso.

O que se deve notar é a energia do Papa na defesa do Estado Vaticano, energia que se utiliza de todos os recursos ao seu alcance. Certas pessoas mal orientadas ou mal informadas poderão pensar que a atitude do Papa deve ser sempre de um pacifismo passivo, confiando-se, nas horas difíceis, apenas na oração. Sim, a oração é a principal arma do Papa e a oração é o mais excelente concurso que os fiéis podem dar ao seu Chefe. Mas a oração não dispensa a ação. O Papa deu o exemplo, e este exemplo apenas faz recordar outros exemplos semelhantes.

Pio IX possuiu um dos mais temíveis couraçados do tempo: o “Imaculada Conceição”. São Pio V organizou a esquadra que derrotou os turcos em Lepanto e salvou a Cristandade. Urbano II convocou a primeira Cruzada, que conquistou Jerusalém aos muçulmanos, e que abriu a série de tantas outras. E, se quiséssemos prosseguir, não terminaríamos a enumeração. Apenas lamentamos que o Papa só possa arregimentar, hoje, uns poucos milhares de homens.


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