Plinio Corrêa de Oliveira

 

Comentando...
 
O Rei da Itália

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 7 de novembro de 1943, N. 587, pag. 2

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É evidente que há um trabalho muito forte, no sentido de forçar a abdicação do Rei da Itália. Neste sentido, os “balões de ensaio” não poderiam ser mais significativos: a Imprensa está repleta dos mais variados informes, todos eles unânimes em anunciar o fim da carreira real de Vitor Emanuel. Não se pode deixar de relacionar a presente campanha contra o Rei com a recente campanha contra a Realeza. Parece, entretanto, que os sentimentos monárquicos do povo italiano são ainda muito fortes, e persistem ainda com muito vigor os laços garibaldinos que unem a Península à Casa de Saboia. As propagandas muito bem feitas têm destas decepções. Quando o carbonarismo poderia supor que sua obra iria ser, mais tarde, um entrave à onda revolucionária?

No século passado (XIX), a unificação da Itália foi um grande, um inapreciável progresso para a Revolução. Mas os tempos passaram, as coisas evoluíram, as situações foram superadas, o que era uma conquista passou a ser um atraso; e lá ficou contudo a casa de Saboia plantada na Itália!

Bem, Mazzini queria estabelecer logo uma república! Todavia, Mazzini era um romântico, e, além do mais um idiota, que jamais conseguiu os altos graus da Carbonaria. Em 1870, a república de Mazzini era uma perfeita utopia, que só poderia comprometer a Revolução: era uma perigosa precipitação. E, depois, esta república teria assumido, com o tempo, aspectos conservadores, e já seria, em nossos dias, uma posição a superar. De qualquer forma, portanto, a onda revolucionária iria ser estorvada por seus próprios frutos.

Aliás, o fenômeno não é novo. Coisa semelhante já aconteceu, na França, com o Segundo Império e a III República, e com os Hohenzollern na Alemanha, para não falar no Duque de Orleans.

Todo o problema consiste em poder a Revolução desvencilhar-se de suas criaturas tornadas embaraçosas jogando fora o bagaço. Isto algumas vezes, porque, em outras ocasiões, é mais conveniente guardá-las em frigoríficos para, se houver novamente necessidade, colocá-las outra vez na ativa, em perfeito estado de conservação.

Ora, a Casa de Saboia, em relação ao carbonarismo, e mais especialmente Vitor Emanuel em relação ao fascismo, já ultrapasssaram os limites da aposentadoria. Por isso, tentaram, primeiro, extinguir a Monarquia; e tenta-se agora a a abdicação do Rei, o afastamento do Príncipe Humberto e o estabelecimento de Conselho de Regência, o que é um sucedâneo do primeiro alvitre, destinado a preparar-lhe a plena realização. E é por isso que nos interessa agora a permanência do Rei, do Príncipe herdeiro e da Casa de Saboia.


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