Plinio Corrêa de Oliveira

 

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Nivelamento das classes

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 25 de julho de 1943, N. 572, pag. 2

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O “Reverendo” Neele, pastor anglicano em São Paulo, que promove mensalmente coquetéis beneficentes em prol da Cruz Vermelha, declarou recentemente a um órgão da imprensa desta Capital que a guerra está exercendo uma influência benéfica na vida social inglesa. Assim é que, segundo afirmou S.S., “Velhos costumes que precisavam ser modificados, estão sendo postos de lado, pouco a pouco, de acordo com o feitio do povo da ilha. A aristocracia, assim, vai perdendo terreno em benefício de um maior nivelamento, determinado pelas contingências da guerra”.

É interessante como a igreja anglicana, que representava o tradicionalismo religioso da Inglaterra, cheia ainda de aparências de afinidade com o Catolicismo, vai resvalando rapidamente para o igualitarismo nivelador, engajando-se na caudal da Revolução.

O pensamento da Igreja de Deus, entretanto, é bem diverso. Leão XIII, em alocução ao patriciado e à nobreza de Roma, afirmou peremptoriamente que a distinção das classes é providencial condição da vida social. E não é este o único pronunciamento de Leão XIII sobre o assunto, mesmo porque outros Papas se manifestaram, repetidamente, no mesmo sentido. É tão grande o número de documentos pontifícios que, direta ou indiretamente, inculcam e defendem a constituição hierárquica da sociedade, contra o ideal nivelador da Revolução, que com eles se poderia fazer uma bela, utilíssima e atualíssima antologia, densa do mais autêntico e verdadeiro senso católico.

Acima, obra escrita e publicada pelo Prof. Plinio, em 1993, que é a concretização deste seu anhelo acima enunciado, porém muito mais desenvolvido 

Aliás, é preciso não perder de vista que os Papas outra coisa não fizeram senão explicar e esclarecer a doutrina cristã, tal como se contem nas Escrituras. Jesus Cristo, Senhor Nosso, jamais foi um nivelador revolucionário, e a doutrina, que Apóstolos e discípulos espalharam pelo mundo, não é nem nunca foi, uma doutrina de destruição social, mas uma doutrina de conservação e aperfeiçoamento dos valores naturais da sociedade. Seria blasfemar contra Jesus Cristo e seus augustos mandatários afirmar o contrário, mesmo porque isto seria inverter os Evangelhos e as Epístolas.

Em suma, o Cristianismo irmana as classes sociais, unindo-as num mesmo amor de caridade. Porém, para as irmanar e as unir, é condição indispensável não as destruir, mas aperfeiçoá-las segundo a perfeição que a Igreja traz a este mundo.

É triste verificar, assim, que o anglicanismo está se afastando cada vez mais de Roma. Desta forma, um dos elementos de reconciliação, que mais esperanças provocou, está provando ser inconsistente. Afinal, o nosso ideal social de católicos é muito diverso do que seduz o pastor Neele.

Uma sociedade nivelada será uma sociedade inorgânica, um conjunto de indivíduos impessoais, simples números no total coletivo; nesta sociedade não haverá Autoridade, mas todo o Poder estará reunido nas mãos de um só autocrata. Todos serão iguais: todos igualmente escravos.


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