Plinio Corrêa de Oliveira

 

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Racionamento 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 18 de julho de 1943, N. 571, pag. 2

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Certa personalidade, que esteve nos Estados Unidos, declarou à imprensa, ao voltar para o Brasil, que o racionamento deverá prosseguir, mesmo depois de terminada a guerra. Queremos acreditar ser esta uma opinião isolada, que não reflete nenhuma tendência mais importante, tão descabida ela se nos afigura.

É verdade que, durante a atual guerra, já se levantaram vozes de certos economistas em prol da mesma opinião. Dizem eles que se deveria aproveitar o hábito que adquiriram as populações de se curvarem ao jugo de rígidos esquemas econômicos, para inaugurar uma organização social revolucionária, em que as utilidades seriam distribuídas a todos segundo planos preestabelecidos. Ora, o que estes economistas pretendem é, simplesmente, realizar uma manobra.

De fato, querer aproveitar-se dos sacrifícios que os povos suportam patrioticamente para obter a vitória de seus ideais mais caros, para impingir-lhes a título permanente um duro regime de provações, é abusar do próprio patriotismo. Que pensar de quem se prevalecesse da enfermidade de um soldado, que perdeu as suas forças no campo de batalha, para o explorar em seu proveito? Coisa semelhante se daria abusando da cordura e do desprendimento dos povos que sabem cumprir o seu dever, durante a guerra.

Além do mais, se o racionamento se justifica como medida excepcional, na medida e na proporção das exigências reais da guerra, querer transformá-lo em medida definitiva, a vigorar mesmo na paz, é um absurdo. Então, para que estamos em guerra? Não é pela causa da liberdade, contra a escravidão nazista?

Ora, quem não vê que um regime de racionamento universal e permanente em épocas normais, outra coisa não é senão puro totalitarismo? Se é para isso, toda esta imensa soma de sacrifícios estaria sendo inútil, em pura perda.

Esta ideia, por conseguinte, deve ser combatida e repelida, porque ela constitui uma das piores e mais nefastas expressões do espírito totalitário que invade aos mais declarados inimigos do “eixo”.


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