Plinio Corrêa de Oliveira

 

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A ofensiva contra a família

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 27 de junho de 1943, N. 568 pag. 2

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Há dois modos de combater a família. Um, consiste em investir contra ela abertamente, quer visando extingui-la por completo, como é o caso do comunismo, quer visando destruir-lhe a parte mais importante e fundamental, o vínculo indissolúvel.

O outro modo, porém, é inteiramente diverso, e se compõe de dois momentos. O primeiro se caracteriza pelo elogio e pela defesa do instituto familiar: “é preciso, dizem, sustentar a Família contra forças pagãs do comunismo, porque a Família é a base da organização social, a Família é o fulcro da civilização cristã ocidental, a Família é a fonte de vida da nacionalidade, a Família é isto; a Família é aquilo, a Família é uma beleza”. Este primeiro momento, pois, é ditirâmbico, estrondoso, publicitário, e põe a Família nos cornos da Lua. Ai do infeliz que ouse sequer um instante suspeitar das benemerências da Família! E os comunistas de água doce clandestinamente rangem os dentes de ódio, ante tamanha exaltação da Família. Mas, depois, do primeiro momento, vem o segundo.

Este segundo momento é o contrário do primeiro. Vem de mansinho, com pés de lã, e enquanto todas atenções e todos os ouvidos estão cheios da declamação ditirâmbica, vai corroendo tudo o que há de substancial em torno da Família, reduzindo-a à expressão mais simples, reduzindo-a mesmo, afinal de contas, a um simples rótulo sem conteúdo. Porque o instituto familiar vai sendo depenado tão impiedosamente e conscienciosamente de todas aquelas coisas que lhe dão a fisionomia própria, que acaba por ser um nome, um fantasma vago e flutuante, um sonho, uma miragem. A Família, é verdade, continua a existir, mas só poderá ser encontrada nos dicionários. Como os nossos leitores já devem ter percebido, este modo desleal de combater a Família é próprio aos regimes nazifascistas, que se caracterizam pela fraude e pela mentira despudorada, e contra os quais arremetem vitoriosamente as Democracias, a fim de pôr termo ao império do embuste.

Graças a Deus, a Família no Brasil está amplamente amparada não só por dispositivos constitucionais, mas também por uma série de medidas de alto alcance econômico-social que têm por objetivo fazer com que a Família não seja apenas um instituto jurídico, mas uma realidade concreta e palpitante. Isto, no entanto não impede que alguns indivíduos, pouco afinados com os sentimentos nacionais, procurem a cada momento destruí-la.

Não faz muito tempo, presenciamos os furores da onda divorcista, que parecia um mar encapelado, e acabou por ser uma tempestade num copo d’água. Porém, a malfadada corrente divorcista, vendo fracassarem seus ataques diretos, recorre aos indiretos, procurando envenenar sub-repticiamente quanta iniciativa louvável surge em prol das famílias. Nada mais digno de encômios, por exemplo, do que que a previdência social, em tão boa hora instituída a favor de nossas pobres famílias operárias; pondo-as a salvo da iminência da miséria. É visível, entretanto, que, pervertendo tão elevadas intenções, se está procurando criar, em concorrência com a mulher legítima, e em igualdade de condições com ela, a figura da “companheira”, equiparando-se assim o matrimônio cristão ao concubinato pagão.

Ainda agora o “Diário Popular”, jornal que lamentavelmente se encarreirou no esquadrão divorcista, louvou rasgadamente a decisão de certo magistrado, que autorizou um viúvo a reconhecer filho adulterino, havido na constância do casamento. Diz aquela folha que o referido Juiz outra coisa não fez a não ser aplicar logicamente os princípios da lei que autorizou o reconhecimento dos filhos adulterinos, por parte dos desquitados. Mas, a ser assim, que resta da Família?


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