Plinio Corrêa de Oliveira

 

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Pan-cristianismo

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 13 de junho de 1943, N. 566, pag. 2

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Hoje em dia, pouca gente haverá que não se diga cristã. Só mesmo certos imbecis, certas pessoas atrasadas, certas pessoas mal informadas, ainda se dizem não cristãs. Decididamente, a moda hoje é ser cristão. Todo o mundo é cristão: os fascistas são cristãos, os comunistas são cristãos, os grã-finos são cristãos, os judeus são cristãos, os adúlteros são cristãos, Ghandi é cristão, os ateus são cristãos, o plano Beveridge é cristão. Já entrevemos o dia em que também os ladrões, os apóstatas, os infiéis, os budistas, os xintoístas, os mórmons serão cristãos. Neste dia, só a Igreja Católica será acusada de não ser cristã, por toda essa nova espécie de cristãos; é, também, muito provável, que toda esta gente venha a usar o número 666, gravado na testa.

O fato é que se prepara por aí uma grande festa de pseudocristianismo, que vai ser uma grande sedução, uma grande tentação, um dos maiores golpes de todos os tempos contra a Igreja, golpe tão grande e tão bem planejado, que A faria soçobrar, se Ela não fosse indefectível. Os indícios são vários.

Ainda há pouco, a «Folha da Manhã», desta Capital, trazia a notícia de que o plano de formação de um exército judaico, para combater o eixo, estava encontrando oposição nos Estados Unidos. A razão seria que as Democracias estão empenhadas na presente guerra como «nações», e não como «religiões», ou «ideologias». Ora, a formação de um exército judaico iria dar à luta contra o “eixo” o caráter de uma guerra de religião.

À primeira vista, parece não haver relação entre esta notícia e o assunto de que vínhamos tratando. Não é assim, porém. Preste-se bem atenção ao fato de não se querer que o atual conflito tenha o caráter de guerra de religião. O que se quer, pois, é que as religiões não briguem; não se deseja que haja qualquer perturbação por motivos religiosos, pois o que se quer é uma grande, imensa, paz religiosa. Do contrário, como todo o mundo poderá ser cristão?

Além disso, será um erro pensar que a reorganização do mundo, após a guerra, será feita sobre bases agnósticas, que ignorem as aspirações espirituais da humanidade. Pelo contrário, a mística será amplamente levada em conta. A nova estrutura da humanidade deverá ser animada, por uma grande força espiritual, sob pena de ruir. Então, por que a oposição à ideia de um exército judaico? Simplesmente porque esta grande força espiritual deverá ser não confessional, independente e acima de todos os movimentos e organizações religiosas individuados. Será um cristianismo «puro», sem dogmas, despido das «particularidades acidentais», não confessional, que não será o monopólio da Igreja Católica, e que Nosso Senhor Jesus Cristo terá apenas a usurpação do nome.

A tentação virá, ela se aproxima cada dia e, mesmo, ela já veio. Acautelem-se os fiéis de Jesus Cristo.


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