Plinio Corrêa de Oliveira

 

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A catedral cismática

 

 

 

 

 

 

Legionário, 30 de maio de 1943, N. 564, pag. 2

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Os cismáticos russos de São Paulo pretendem construir a sua catedral. Para isso, já adquiriram um terreno, e já encomendaram os planos. A maquete do projetado templo foi divulgada em grandes clichês pela imprensa, e, por causa disso, pouca gente haverá que não tenha visto aquelas belas linhas arquitetônicas, em estilo bizantino. E, não se pode negar, a catedral dos cismáticos, se chegar a ser construída, será de notável beleza, apesar da evidente semelhança que apresenta com a sinagoga da rua Martinho Prado.

Ora, não há movimento religioso mais injustificável do que o que terminou pelo cisma das igrejas orientais. Durante alguns séculos, os bizantinos procuraram pretextos doutrinários para cindir a unidade do Cristianismo. Estes pretextos, que, de Leão o iconoclasta, até Miguel Cerulário, evoluíram vagamente desde o culto das imagens até a questão da Santíssima Trindade, jamais tiveram verdadeiro peso em toda a questão. Aliás, é preciso não esquecer que o primeiro dos expedientes, que malogrou, a saber, o combate ao culto das imagens, teve por epílogo a instituição da festa da ortodoxia, pela qual o culto das imagens foi reconhecido como pertencendo à verdadeira Fé. Daí, tomarem os orientais o apelido de “ortodoxos”, que até hoje usam indevidamente, pois, na realidade, eles são heterodoxos, ou mais claramente, hereges. De fato, quem nega o dogma da infalibilidade pontifícia, outra coisa não é senão herege.

A realidade é que o cisma do Oriente só teve duas causas. Uma, a soberba dos bizantinos, que não podia suportar que Roma, no Ocidente, orientasse a vida religiosa. A outra, os conchavos inomináveis com o maior inimigo do Cristianismo de então: o Islam.

Múltiplas foram as consequências funestas do cisma, porém duas são principais: a queda do Império Bizantino em poder dos turcos e a instauração do comunismo na Rússia. Seria demasiado longo analisar aqui como estas coisas aconteceram. De um modo geral, entretanto, é preciso que se saiba que não só os cismáticos não opuseram a estas duas catástrofes a devida resistência, como, o que é muito pior, é fato que se formaram, dentro das igrejas orientais separadas, verdadeiros partidos favoráveis, primeiro aos turcos, depois aos comunistas.

Diante disto para que insistirem os cismáticos num erro tão desastrado? Para que construir catedrais de um credo que já revelou praticamente ser errado? Por que não voltam os orientais cismáticos à unidade da verdadeira Igreja, a fim de que haja “um só rebanho e um só pastor?”


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