Plinio Corrêa de Oliveira
Comentando...
Inglaterra
Legionário, 18 de abril de 1943, N. 558, pag. 2 |
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A grande crise, a grande contradição, o grande paradoxo que a guerra do nazismo lançou no mundo, consiste nisto: a guerra total, fruto do totalitarismo, traz em sua dialética um germe virulento do totalitarismo donde brotou. Para combater o nazismo as nações aliadas são obrigadas a empregar a guerra total; mas o emprego da guerra total as põe em perigo de cair no totalitarismo. Queiram ou não queiram, os extremos de mobilização a que se viram obrigadas as nações que combatem pela liberdade, para não perder a liberdade no abismo tremendo da escravidão hitlerista, colocaram-nas numa situação de fato quase totalitária. Ora, é absolutamente necessário que este inelutável totalitarismo prático não se converta em teórico. Neste sentido, foi extremamente significativo o brado de alerta do sr. Eric Johnston, presidente da Câmara de Comércio dos Estados Unidos. Ora, só há um meio de evitar esta dialética tenebrosa da guerra total: é a consciência clara de que os esforços de guerra são esforços de guerra; a vida de guerra é dia guerra; os hábitos de guerra são hábitos de guerra. E, como a guerra não deve ser permanente, mas deve passar, e quanto antes possível, tudo isto também deverá passar com a guerra, e os povos deverão renascer para a vida normal, e respirar novamente o ar puro da tranquilidade e da paz. Foi exatamente este ponto importantíssimo que a Rainha da Inglaterra, com intuição verdadeiramente feminina, soube por em foco, na mensagem que há pouco tempo dirigiu às mulheres inglesas. São palavras que devem ser transcritas: “Espero com ardor a grande reconstrução da vida familiar, tão cedo termine a guerra. Da força da nossa vida espiritual depende o direito de reconstruirmos a nossa vida nacional. Nestes últimos anos trágicos, muitos encontraram na religião a fonte de coragem e segurança de que necessitavam. De outra parte não podemos fechar os olhos para o fato de que a nossa preciosa herança cristã está ameaçada por influências adversas. “Parece-me assim que se nos próximos anos se deve constatar alguma real recuperação das mulheres de nosso país, muito está a depender da religião e dos nossos lares, verdadeiro lugar onde a mesma se processará. “É o poder criador e dinâmico da cristandade, que nos pode ajudar a arcar com as responsabilidades que a história está colocando sobre os nossos ombros. Se as nossas casas podem ser verdadeiramente cristãs, então a influência daquele espírito certamente se fará sentir em todos os aspectos da nossa vida comum, industrial, social e política.” Apenas queremos observar que a verdadeira recristianização da Inglaterra, na qual tão fundadamente a Rainha Elisabeth põe as esperanças de reconstrução da vida nacional, só se poderá operar pela volta à unidade da Igreja Católica. |